Em França, a pasta da Justiça está entregue a Rachida Dati, uma jovem de origem magrebina que se tem revelado uma mulher de armas ao desempenhar com determinação o lugar (parece que votado à polémica) que Sarkozy lhe destinou.
Do outro lado do Atlântico, e na recta final da corrida à Casa Branca, o Partido Republicano chamou à primeira linha e para a vice-presidência, uma figura inesperada: a governadora Sarah Palin, evangélica e ultraconservadora .
O que têm estas duas mulheres em comum?
Nos últimos dias a vida privada de ambas tem sido alvo de ataque. Curiosamente, ambas pelo mesma contingência: gravidez. No caso da Ministra francesa, a polémica prende-se com o facto desta não ser casada, imagine-se!, e de estar em ‘estado de graça’ aos 42 anos. No caso da governadora, a polémica é em torno da gravidez de uma sua filha de 17 anos.
Como é consabido, às figuras públicas torna-se difícil conservar o seu lado privado imune ao exterior. Isso não incomoda muitas delas, particularmente aquelas que subsistem precisamente dessa sobrexposição. Contudo, e especialmente no campo da política, espera-se quer dos próprios, quer dos media, alguma contenção e prudência naquilo que respeita à esfera privada.
Considero que a identidade profissional dos políticos e outros profissionais reconhecidos deve ser a única passível de ser apreciada pelos demais, a menos que se tratem de comportamentos contrários ao ordenamento jurídico, particularmente, a prática de crimes. O que não é, claramente, o caso das duas figuras aludidas.
No caso de Rachida Dati, a polémica nestes contornos não é novidade, já que desde que ocupa o lugar de Ministra tem sido alvo de ataques, mais pela sua origem e pela sua vida privada que pelo complexo trabalho à frente do MJ. Hoje, vê-se a braços com uma imprensa que todos os dias sugere dois ou três nomes para a paternidade da criança. Do próprio Sarkozy a um multimilionário, do vizinho Aznar a um magnata de hotéis e casinos, pouco falta para dizer que meio mundo é suspeito de ter dormido com Rachida. Cruel, no mínimo.
Quanto a Palin, o ataque é por demais oportunista. Nem quinze dias depois de ser convocada por McCain, a governadora do Alasca é alvo de polémica por um acto de terceiro. Bem sei que se trata da sua filha e bem sei que Palin é ultraconservadora, mas porquê pôr em causa a capacidade e credibilidade de alguém por “dá cá aquela palha”? Não seria bem mais hipócrita e reprovável se tivesse encorajado a sua filha a ocultar ou mesmo a abortar a gravidez, prevendo os efeitos que a revelação veio a causar?
Do outro lado do Atlântico, e na recta final da corrida à Casa Branca, o Partido Republicano chamou à primeira linha e para a vice-presidência, uma figura inesperada: a governadora Sarah Palin, evangélica e ultraconservadora .
O que têm estas duas mulheres em comum?
Nos últimos dias a vida privada de ambas tem sido alvo de ataque. Curiosamente, ambas pelo mesma contingência: gravidez. No caso da Ministra francesa, a polémica prende-se com o facto desta não ser casada, imagine-se!, e de estar em ‘estado de graça’ aos 42 anos. No caso da governadora, a polémica é em torno da gravidez de uma sua filha de 17 anos.
Como é consabido, às figuras públicas torna-se difícil conservar o seu lado privado imune ao exterior. Isso não incomoda muitas delas, particularmente aquelas que subsistem precisamente dessa sobrexposição. Contudo, e especialmente no campo da política, espera-se quer dos próprios, quer dos media, alguma contenção e prudência naquilo que respeita à esfera privada.
Considero que a identidade profissional dos políticos e outros profissionais reconhecidos deve ser a única passível de ser apreciada pelos demais, a menos que se tratem de comportamentos contrários ao ordenamento jurídico, particularmente, a prática de crimes. O que não é, claramente, o caso das duas figuras aludidas.
No caso de Rachida Dati, a polémica nestes contornos não é novidade, já que desde que ocupa o lugar de Ministra tem sido alvo de ataques, mais pela sua origem e pela sua vida privada que pelo complexo trabalho à frente do MJ. Hoje, vê-se a braços com uma imprensa que todos os dias sugere dois ou três nomes para a paternidade da criança. Do próprio Sarkozy a um multimilionário, do vizinho Aznar a um magnata de hotéis e casinos, pouco falta para dizer que meio mundo é suspeito de ter dormido com Rachida. Cruel, no mínimo.
Quanto a Palin, o ataque é por demais oportunista. Nem quinze dias depois de ser convocada por McCain, a governadora do Alasca é alvo de polémica por um acto de terceiro. Bem sei que se trata da sua filha e bem sei que Palin é ultraconservadora, mas porquê pôr em causa a capacidade e credibilidade de alguém por “dá cá aquela palha”? Não seria bem mais hipócrita e reprovável se tivesse encorajado a sua filha a ocultar ou mesmo a abortar a gravidez, prevendo os efeitos que a revelação veio a causar?
Muito se fala na vida privada daqueles cuja vida pública é a única que nos diz respeito. O mal é geral: nesta aldeia global temos cada vez mais uma estranha necessidade de enfiar o nariz na vida dos outros, não nos bastando a nossa. Para quando um pouco de bom senso e respeito pela fronteira do que é a vida privada e a vida profissional pública?
5 comentários:
Dulce Alves!!!
Em primeiro lugar, por muito que estejas certa quanto a alguns aspectos da vida privada dos políticos, parece que pões as mãos no fogo por Rachida! Como sabes tu com quem dormiu ou deixou de dormir; i.é, parece estranho, é devasso da parte dos media, mas não sabes se ela teve ou não esses relacionamentos de que falas.
Depois, acresce o seguinte (usando a sabedoria popular): quem come a carne fica com os ossos. Ou seja, a Madame Dati não pode querer estar orgulhosa de ter sido a primeira mulher de origens islãmicas a ser Ministra da Justiça, de ostentar garbosamente o seu estado de divorciada (conseguiu anular um casamento forçado pelas regras islâmicas), de telefonar todas as manhãs a Sarkozy até Carla Bruni a pôr na linha(é ler o "Público" com atenção) e de causar, sem pestanejar, a demissão de 11 membros do seu gabinete(idem), não pode querer tudo isto, dizia, e, ao mesmo tempo, não receber escrutínio apertado dos media franceses e marroquinos.
Se é certo que os políticos merecem um espaço reservado, também não é menos verdade que sabem (e a jurisprudência reconhece-o)que a sua reserserva de vida privada é menor e a maior parte dos políticos "com imagem" (Rachida Dati é-o) tudo faz por uns minutinhos de exposição mediática.
Em suma, condeno as abusos, mas não faço de Rachida uma mártir.
Quanto a Sarah Pallin será um erro não enquadrar o juizo popular e mediático dos EUA à luz de uma concepção moral protestante, na qual o exemplo privado é penhor de crivo público e licença para desempenhar certos lugares (Clinton escapou por pouco ao caso Lewinsky).
A Governadora Pallin é contra o aborto?! A filha não abortará e ela própria teve um filho que sabia que nasceria com deficiência.
Ou seja, a adolescente errou e, à luz da ética dos pais (que não é a minha), compensará o erro. Pallin disse que tem uma familia como as outras...
Quanto aos media, também a liberdade de imprensa é mais lata nos EUA (Nixon percebeu-o na pele) e, vista a atenção dada à conduta dos servidores públicos, creio que, com espalhafato a mais, se tratou de um xeque à rainha (a mãe), que esmorecerá em face da resposta coerente que deu (o preço será, evidentemente, pago pela filha).
Sumariando, falas, e muito bem, em bom senso, mas não deixo de te alertar para o idealismo que está nessas palavras, já que, hoje em dia, informação é negócio...
O título do texto faz-me recomendar o dvd do filme homónimo, que já recomendámos e que fala de outra violação de privacidade (via serviços secretos) e de outros lugares (RDA).
Freitas Pereira
O caso Dati foi bem analisado, e aparte o gosto desmedido pela exposição permanente da alta custura de Dior e a pouca inteligência ao visitar prisões exibindo colares valiosos, tudo isso completa a imagem da Senhora Dati.
Quanto à Senhora Palin, creio que seria justo de acrescentar o seguinte:
Combate pela vida, até ao ponto de trazer para o mundo um ser que nunca poderá ser como os outros. Existe uma certa parte de egoísmo nesta sua decisão. E se for só para confirmar as suas ideias então ainda é mais de criticar.
Quanto à filha , espero bem que não sirva de exemplo para as outras moças de 17 anos, de fazerem meninos antes mesmo de acabarem os estudos. Como a Mãe combate pela vida, portanto contra o aborto, a decisão de não abortar estará conforme.
Mas a Senhora Palin é igualmente pela pena de morte . O que não é nada coerente com a defesa da vida.
Mas a Senhora Palin é adepta ferrenha do direito de possuir armas, que é a meu ver um dos flagelos da vida americana. E as armas correspondem à possibilidade de matar.
Ma a senhora Palin é adepta da pesquisa de petróleo nas reservas ecológicas do Alasca, verdadeiro santuário da natureza.
Mas a senhora Palin é adepta da morte dos animais e dos ursos em particular . A pela de urso grisly, presente do Pai, que adorna o escritório do governador que ela é, atesta-o perfeitamente. Ela e o marido são caçadores impenitentes.
Mas a Senhora Palin, é ultra conservadora e não hesita a prometer que se ela chegar ao lugar de Presidente, não hesitará a arrasar o Irão,.
Imagino o que pode acontecer se o homem usado de 72 anos lhe deixar o lugar por acidente de saúde antes do fim do mandato.
Uma coisa é certa : ela é mais inteligente que ele e isso salta aos olhos.
Dulce,
O que fizeram a Rachida é de facto cruel, mas no caso de Palin...
Porquê?... perguntas tu
Porque aquando da sua nomeação, em vez de relevarem as suas qualidades políticas, preferiram fazer passar a imagem de uma mulher evangélica e ultraconservadora.
Caso contrário, a questão da filha nem sequer era falada.
Gonçalo,
não ponho as mãos no fogo pela senhora, nem tampouco me importa se o que dizem sobre ela é ou não verdadeiro, porque a vida privada dela só a ela lhe diz respeito;
E independentemente do comportamento alegadamente incorrecto com Sarkozy/Bruni e dos demais relacionamentos que lhe atribuem, reitero a ideia de que nenhum cidadão tem o direito de chafurdar na vida privada de uma Ministra - por mais recta ou turva que seja - a menos que essa sua vida privada se reflicta negativamente na sua vida profissional/pública.
Caro Freitas Pereira,
Desconhecia esses episódios protagonizados por Rachida Dati, mas reitero: não creio que tais erros justifiquem o escancarar da porta da sua vida privada.
Quanto a Palin e a sua opção por trazer ao mundo uma criança com deficiência, creio que é decisão que apenas a ela lhe diz respeito, da mesma forma que considero que a opção IVG só respeita a quem a toma.
Quanto à sua coerência (ou à falta dela),creio bem que os eleitores terão isso em conta na hora de ir às urnas.
Caberia antes, como bem diz o Luís, olhar às suas capacidades - as que efectivamente relevam para o exercício político - ao invés de procurar os seus telhados de vidro... Afinal, quem os não tem?..
Freitas Pereira
Se a Dulce pensa que uma pessoa que dirigiu uma localidade de 7000 habitantes, na qual as sua funções foram de participar aos conselhos municipais, sem direito de voto, (salvo se há empate nume votação) et que representava a municipalidade nas cerimonias oficiais, e mais nada, e que como governadora do Estado do Alasca -.600.000 - habitantes (quantos tem o Porto ?), teve o primeiro passaporte no ano passado para viajar ao México, e que nunca pôs um pé no estrangeiro, que confessou humildemente que nao sabe exactamente quais são as prerrogativas do Vice Presidente, que nao tem absoulutamente nenhuma experiência de economia e politica estrangeira, que uma tal pessoa tem envergadura para eventualmente desempenhar o cargo de Chefe Supremo do maior exército do mundo ! então, eu diria que nunca o mundo estaria em maior perigo que nessa eventualidade.
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