Ontem, aceitando um apelo da meninice e dando ouvidos a um canto de sereia, fui a Alcobaça ver um concerto de José Cid, recuando cerca de 20 anos no tempo.
A coisa corria bem, com os carrosséis a iluminarem o recinto da feira e o dito Zé a tocar músicas que só o surdo desconhece...
Todavia, a caminhar para o final do espectáculo, José Cid decide prestar homenagem ao adágio popular "quem te manda a ti sapateiro tocar rabecão" e dedica-se a algo para que não tem a menor queda: humor.
Primeiro, na canção "A pouco e pouco" (a das "favas com chouriço"), a mais de simular a relação de um industrial do Norte (mal vestido, na descrição) com uma brasileira muito mais nova (resisto a falar em preconceito, bastando-me com o mau gosto), altera a letra na parte "Faz-me favas com chouriço/O meu prato favorito/Quando chego para jantar/Quase nem acredito!", para que a última parte seja, sucessivamente, "estás a lavar ou a coçar o pit..."...
Depois, usa o seu êxito "A Anita não é bonita" para parodiar dois casos amorosos com raparigas feias (as que sobravam, na sua ficção, depois de os demais membros da banda fazerem as suas escolhas) de nome Anita, que comparou a Odete Santos e Manuela Ferreira Leite... Deixando de lado a questão de saber se José Cid é a pessoa indicada para o fazer, devo dizer que sempre rejeitei humor (ou tentativa) feito à custa de defeitos ou características físicas e/ou íntimas de outrem.
Não sei se é senilidade, mas José Cid devia ater-se à cantoria, não fazendo piadas fáceis e brejeiras.
1 comentário:
Gonçalo,
sabes que subscrevo inteiramente o que aqui escreveste e que de igual forma repugno a maledicência baseada não em carácter mas em características físicas. Estranha-se até esta postura de José Cid porque a mais de levar muito ano de vida (suficiente para saber que há coisas que não se dizem, ainda que algum público goste de as ouvir), é senhor que pouco deve à estética...
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