quinta-feira, 3 de julho de 2008

Comando na mão e... guerra à televisão!


Há bem pouco tempo denunciámos por aqui (e também aqui) a falta de ética e a irresponsabilidade social da nossa televisão, perita em aproveitar-se da miséria alheia para, sob a palavra de ordem 'informar', comover e deprimir os portugueses. À data, dávamos por finda essa decadente época de ouro dos reality-shows e pugnávamos por uma televisão mais comedida, mais rigorosa e de maior qualidade. Uma verdadeira utopia, é facto: a nossa televisão vai de mal a pior.

Um dia destes, num bem intencionado zapping entre os canais ditos domésticos, acabei por ficar pelo quarto canal. Aqui, já sei de antemão que não posso contar com qualidade, mas os tipos da TVI conseguem sempre superar-se, sendo que desta vez o que vi deixou-me algures entre o boquiaberta e o indignada:

"Factos em Directo" é uma espécie de programa semanal, que se arroga pertencer à categoria de "Informação" e que recorrendo ao uso do polígrafo (vulgo 'detector de mentiras') devassa e explora casos reais (se bem que aquilo mais me pareceu um teatrinho de actores de 2a categoria...), sujeitando o convidado (actor?) àquele teste, bem como à opinião dos presentes, contando com uma espécie de marcha fúnebre em fundo.

A condução do programa cabe à multifacetada Júlia Pinheiro que promete a infalibilidade da máquina e vai bombardeando o sujeito com perguntas, entremeando com frívolas considerações às quais se junta o douto manuseador da máquina, um espanhol que ajuda à fiesta...

E com tão indispensáveis ingredientes, vai-se fazendo uma espécie de justiça televisiva - descredibilizando o poder judicial - com o pormenor gravoso dos responsáveis pelo canal considerarem que se trata de um serviço de informação...

Pior é impossível. Quando achamos que em matéria de telelixo já vimos tudo, lá está a TVI a surpreender-nos com formatos destes em horário nobre. O que é que se seguirá?..

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