Já aqui comentei o infelicíssimo acontecimento na escola do Porto. No entanto, volto ao assunto porque lendo a página 6 da edição de ontem do Público, concluí que a Sra. Ministra ainda não percebeu qual é o debate que andamos a fazer.
A propósito do novo estatuto do aluno, vem a Ministra com o magnífico argumento que não impedirá situações como a que se viveu na escola Carolina Michaëlis porque, e passo a citar: “O Código da Estrada também não impede os acidentes”!
Importa explicar a esta Sra. Ministra que o que se pede é que a pedagogia assente num conjunto que normas e regras que responsabilize todos os envolvidos no processo de aprendizagem e não apenas os docentes.
Depois, por muito que lhe custe, ao Governo de que faz parte e ao PS, este caso, apesar de eminentemente disciplinar, também é político, porque vem dar luz à imagem de facilitismo atroz (e aqui o PSD esteve muito bem) que esta sra. tem ajudado a passar e que só não vê quem não quer, não é alheio a este tipo de casos.
É caso para dizer que assistimos a um faroeste sem Xerife.
Nota: no sentido de dar cor ao texto, recuperei um dos flyers que o Luís Correia, presidente CPC/JSD Coimbra me enviou por email, aquando da campanha da concelhia sobre o novo estatuto do aluno.
A propósito do novo estatuto do aluno, vem a Ministra com o magnífico argumento que não impedirá situações como a que se viveu na escola Carolina Michaëlis porque, e passo a citar: “O Código da Estrada também não impede os acidentes”!
Importa explicar a esta Sra. Ministra que o que se pede é que a pedagogia assente num conjunto que normas e regras que responsabilize todos os envolvidos no processo de aprendizagem e não apenas os docentes.
Depois, por muito que lhe custe, ao Governo de que faz parte e ao PS, este caso, apesar de eminentemente disciplinar, também é político, porque vem dar luz à imagem de facilitismo atroz (e aqui o PSD esteve muito bem) que esta sra. tem ajudado a passar e que só não vê quem não quer, não é alheio a este tipo de casos.
É caso para dizer que assistimos a um faroeste sem Xerife.
Nota: no sentido de dar cor ao texto, recuperei um dos flyers que o Luís Correia, presidente CPC/JSD Coimbra me enviou por email, aquando da campanha da concelhia sobre o novo estatuto do aluno.
4 comentários:
“O Código da Estrada não impede os acidentes”
Brilhante
vou só ali bater no professor de música, já venho *
Achei por bem não precipitar-me a opinar sobre estes recentes episódios e nos últimos dias fui ouvindo de tudo um pouco por parte dos portugueses, dos mais doutos aos mais descomedidos.
E eis que é em “casa” (leia-se: aqui no Lodo) que encontro uma das opiniões mais coerentes e também das que mais se assemelha à minha.
Também eu considero que o cerne da questão nem é tanto o telemóvel, o uso dele nas aulas e o direito (ou não) do docente “confiscar” o dito aparelho aos alunos. Este mal das novas tecnologias - que “ataca” os jovens inconsequentes mas, igualmente, muito adulto por aí... - parece-me um mal menor.
O relevante daquele episódio é o claro défice de educação e cidadania dos jovens portugueses, mercê de um ensino público que se preocupa em formatar alunos medíocres e cavalgar índices de literacia, ignorando o papel que tem ( a par da família, é certo...) em formar verdadeiros cidadãos.
Como bem apontas neste e naquele outro texto, na escola pública vive-se para os resultados. Mas só para aqueles que são favoráveis à imagem deste país ante a UE.
O resto é acessório: se os números de violência no meio escolar aumentam, se o nível civilizacional e cultural dos portugueses diminui drasticamente, se a Escola é um zero no que respeita à transmissão de valores... – a culpa é dos professores, pois claro.
Considero por isso que em boa hora o caso do Carolina Michaelis veio à tona. O infeliz comportamento da adolescente tem sido mediatizado até ao tutano – e no fundo aquela acabou por servir de bode expiatório - mas nem me parece mal que assim seja: pelo menos serviu para mostrar ao país a selvajaria que prolifera pelas escolas públicas, a realidade que muitos professores enfrentam, as falhas do sistema que não se sanam – bem pelo contrário – com flexibilizações e estatutos do aluno que acabam por ser coniventes com aqueles pequenos tiranos.
Mas nem perante um cenário cada vez mais negro e uma sociedade civil unânime em «declarar guerra» à timoneira da Educação, aquela se resolve a arregaçar mangas. Prefere abespinhar-se, refugiando-se no cliché do “oportunismo político da oposição” e proferindo disparates como o é o da história do Código da Estrada (!!)...
Nem seria de todo descabida acatar a tua sugestão em recrutar o exército... mas mesmo em última instância duvidaria que isso (ou qualquer outra medida drástica) consiga salvar a Educação deste lodo...
Subscrevo-te inteiramente Dolce. ;) Também considero que pouco importa se estamos a discutir um telemóvel ou um pião. Deve dar-se relevância isso sim, à falta de respeito da aluna e ponto.
Este caso do Carolina causa urticária, sobretudo porque connosco era impensável acontecer. Alguns de nós teriam parado de mexer no dito telemóvel à primeira repreensão, muitos teriam entregue o objecto imediatamente (Rezando que a professora o devolvesse no fim da aula, sem bilhete para casa! Porque em casa o castigo seria maior!) e nenhum ousaria tratar um professor por "tu" ou dar-lhe uma ordem. A aluna pisa todas as linhas do respeito e da boa educação.
Conheço as realidades das escolas secundárias onde estudei e também a do Carolina e do Rodrigues de Freitas (situados cada um numa ponta da Rua Augusto Luso, no Porto, onde vivi até há algum tempo atrás) e posso dizer com segurança que este caso não é singular (há uns anos atrás podia ser excepcional), hoje este tipo de comportamentos aproximam-se da regra.
Recebi dos meus pais uma formação rígida, muitas vezes severa, que nenhum professor poderia igualar. Também sei que actualmente os pais têm vindo a delegar essa tarefa de educadores nos professores e na escola e que portanto o maior facilitismo é o que se vive em casa.
Mas se estamos todos de acordo que a escola interpreta agora o papel principal na formação dos indivíduos, parece-me que só a Sr.ª Ministra é que não entende que os professores e os estabelecimentos de ensino carecem de competências para prosseguir as atribuições crescentes.
Tenho muita pena que o ensino publico, à semelhança do que acontece em outros países há muito tempo, venha a cair em decadência. Lembro-me de aos 15 anos visitar Inglaterra e da reacção das pessoas quando eu lhes dizia que estudava numa escola pública. Já há mais de 10anos que o ensino privado em Inglaterra é a única alternativa aceitável. Não gostaria de ver o mesmo a acontecer-nos por cá.
Obrigado Ricardo pela referência,não era de todo necessária...
Este agradecimento vem tarde mas mais vale tarde do que nunca...
Abraço
Ps: Apesar de não concordar com a posição aproveito para desejar boa sorte Gonçalo nessas andanças briosas...
Enviar um comentário