segunda-feira, 24 de setembro de 2007

"Beauty is nothing without brains"*

Vídeo do Concurso Miss Teen USA, no qual uma candidata dá uma disparatada resposta a uma simples pergunta do júri, facto que veio relançar a eterna discussão da associação de beleza à falta de inteligência.

Uma das padronizações sociais mais comuns é a de que 'as mulheres bonitas não são inteligentes'. Esta generalização, como as demais generalizações, é injusta. Contudo - reconheça-se - tem algum fundamento.
É facto inegável que muitas mulheres usam a sua beleza como um trampolim para o sucesso. O problema, sob o meu ponto de vista, não está em usar a beleza como trunfo no caminho para o sucesso profissional e pessoal.
O problema está nas que, numa lógica de comodismo e superficialidade, se fazem sobressair somente pelos atributos físicos, subestimando as suas próprias qualidades morais e capacidades intelectuais.
Este tipo de conduta por parte de muitas mulheres é censurável, mas verdade seja dita: a própria sociedade tem quota-parte de responsabilidade.
Ora porque delas não exige mais - as que se encaixam no padrão de beleza são "levadas ao colo" por quem as rodeia, sem necessidade de lutar pelo que quer que seja.
Ora porque assim as estimula - refiro-me à obsessão pela estética e a cultura de vaidade que imperam na sociedade moderna.
Quando o físico e a beleza são ditos como sinónimos de sucesso e riqueza, mulheres (e homens...) acabam por descurar o essencial e tornam-se desprovidos de sentimentos, ideias, valores e projectos. Valem unicamente pelo seu aspecto físico.
A juntar a isto, programas em que a exploração da ignorância feminina é a palavra de ordem (como o recente reality show "A Bela e o Mestre") e ainda a publicidade e as capas de revista que as despem - e aqui, aponte-se justamente o dedo à conivência por parte delas... - de roupa, valores e afins... vêm dar sentido a estes estereótipos que teimam em denegrir o papel e a importância da Mulher na sociedade.
*slogan surripiado a uma antiga publicidade da Mercedes-Benz

3 comentários:

Fernanda Marques Lopes disse...

É por estas e por outras que ainda há quem pense que o sistema de quotas na política é bom. Ora não poderia eu discordar mais.

Mas as mulheres têm quota-parte de culpa nisto, sobretudo aquelas que gostam de funcionar como 'mulher-bibelot'. Eu cá como não sou dessas (nem me considero pretensamente bela para tal, loool), irrita-me solenemente estas belas parvas, outro nome não têm, que funcionam assim.

pardal ladrão disse...

Esperava mais deste comento, que não deixa de ser um cliché.
As pessoas bem formadas e rectas pensam assim.
Os sobredotados escrevem-no, se quizerem, de outra maneira.
Por isso esperava mais...

Gonçalo Capitão disse...

Esperar por momentos de brilhantismo pode ser sinónimo de apatia, citando de cor, deixo três frases e um episódio (eventualmente apócrifo):

1 - Flaubert: "por vezes a inspiração só chega no fim do trabalho".

2 - António Lobo Antunes: "a imaginação é a memória fermentada".

3 - Hegel: "por vezes, a coruja da sabedoria só levanta voo ao entardecer".

4 - Diz-se que Bach, imensamente elogiado no fim da apresentação de uma das suas obras, terá respondido a um circunstante: "se tivesse trabalhado tanto como eu, provavelmente chegaria ao mesmo resultado".

Ou seja, mais do que esperar brilhantismo nos textos, louvo a intervenção cívica.