domingo, 4 de março de 2007

O sonho do oriente

A “Just Leader” deste mês dá um destaque de duas páginas, lá para meio da revista, ao gigantesco crescimento da China.

Os indicadores macroeconómicos desta nova China são tão impressionantes que se torna impossível não reparar neles, com uma performance de fazer inveja a qualquer país desenvolvido, com a sua economia a crescer a dois dígitos, valorização da moeda e forte liquidez.

Obviamente que para tudo isto muito contribuíram as inúmeras privatizações em vários sectores onde o Estado era o único player e as reestruturações ao nível do tecido empresarial, empurrando o país para a integração no mercado global.
Uma qualquer primeira análise aos indicadores apresentados, diria que ali moram as melhores oportunidades de investimento estrangeiro, não estivéssemos a falar da China.

Ora, o facto é que falando da China, falamos de enormíssimas barreiras à entrada de players estrangeiros em muitos negócios, aliados a consumidores cada vez mais exigentes (fruto do seu desenvolvimento), concorrentes fortes e divergências culturais acentuadas.
Ao ler o artigo, dei comigo a pensar num conceito introduzido por um dos expoentes máximos no estudo da internacionalização das empresas na vertente comportamentalista, que é a escola de Uppsala, na Suécia.

Colocando de parte os indicadores macroeconómicos, os investigadores de Uppsala introduziram o conceito de distância psíquica/psicológica na decisão de internacionalização das empresas, em que a incerteza quanto aos mercados estrangeiros está relacionada com a distância psíquica, ou seja, quanto maior for a diferença entre o país de origem e o país estrangeiro em termos de desenvolvimento, nível e conteúdo educacional, idioma, cultura, sistema político, entre outros, maior será o grau de incerteza, e que a falta de conhecimento do mercado é um factor que pesa no processo decisório de investir no exterior. No entanto, uma das críticas à referida escola é a de há uma crescente homogeneização das culturas, gostos, instituições e padrões de vida, inerentes ao processo de globalização.

Digo isto porque, se na vertente macroeconómica a China está numa situação de pôr os olhos em bico a qualquer investidor estrangeiro, na vertente comportamentalista ainda há um longo caminho a percorrer.

1 comentário:

Marta Rocha disse...

Por falar em Oriente.. A Índia é neste momento o maior importador mundial de carvão, aposta em energias alternativas e já ouvi dizer que num futuro não muito longínquo será uma grande potência económica. Só precisa de distribuir mais contraceptivos!