Trata-se de um indivíduo que não aparece e, quando diz alguma coisa, exige a retirada total e imediata das forças americanas do Iraque. Concordando ou não com a tomada de posição do Bush Jr. no Iraque, a verdade é que a retirada apenas iria dar início à guerra civil... e afirmar o contrário disto é pura demagogia.
Mas mais importante que a ausência de ideias e de activismo da parte do senador Kerry é o facto do Partido Democrata ter pelo menos dois candidatos muito melhor qualificados e que têm demonstrado uma oposição séria e responsável à administração Bush: refiro-me ao Al Gore e à Hillary Rodham Clinton.
O John Kerry teve a sua oportunidade e perdeu. Se tivesse feito uma boa campanha, se tivesse feito uma oposição credível e com visibilidade, se tivesse demonstrado que afinal é um político dinâmico, capaz de inspirar milhões com as suas palavras, então eu seria o primeiro a defender que, à boa maneira americana, lhe dessem uma segunda oportunidade. Mas não foi o caso e, apesar de não ser americano, julgo que os cidadãos do mundo têm direito a ambicionar alguém melhor para liderar a maior potência global. Nem todos nasceram para ser Presidente e o Kerry, caso concorra, irá perceber isso logo nas primárias.
9 comentários:
Dr. Milk,
Interessantes ideias, como sempre. Vamos a elas:
1 - Também creio que os dois candidatos alternativos à indigitação pelo Partido Democrata são melhores, mas entendo que o Al Gore é francamente superior, desde logo, na mundividência.
2 - Quanto à proposta do Kerry de retirar inopinadamente do Iraque é, sem mais, um bom enxovalho às famílias que deram os seus filhos à pátria e aos que ainda combatem uma guerra muito mal planeada.
O problema na antiga quintarola do Saddam não é o esforço para impor um regime político incontestavelmente superior, mas sim a idiotice de um presidente, George W., que cede a lóbis (agora é assim que se escreve, não é?) e que não teve sequer a esperteza de se tornar curioso em relação ao pós-guerra, num cenário complexo de etnias e crenças religiosas.
3 - O único argumento que contesto é a tua reticência em relação a dar novas oportunidades a quem perde eleições (embora que o fizesses no decurso dos demais pontos). Perder eleições é normal, em democracia. Quiçá um dia passarás por isso e, se fores o mesmo, serei o primeiro a apoiar-te.
Richard Nixon, Durão Barroso, a História está cheia de exemplos de sucessos tardios (e nota que é para o mesmo que se prepara o actual presidente do PSD, caso a coisa corra mal, em 2009).
4- Em suma, também concordo que o Kerry já deu, embora não pelo argumento anterior.
Obrigado Gonçalo pelo teu comentário.
Apenas uma nota em relação ao teu 3º ponto - eu sou um dos maiores defensores que as pessoas merecem uma segunda oportunidade. Contudo, entendo que, depois de se falhar à primeira (como foi o caso), as pessoas devem continuar a trabalhar, a motivar e a "vender" os seus sonhos através das suas acções e das suas palavras. O Al Gore é um excelente exemplo do que se pode fazer depois de perder as eleições... Levantar a cabeça depois de uma derrota, agarrar-se a uma causa importante e tentar tornar o mundo um pouco melhor!
As segundas oportunidades devem ser dadas, mas apenas quando merecidas! O Kerry nada fez para merecer uma segunda oportunidade e foi isso que quis transmitir no post.
Amen.
Gonçalo,
o Ricardo com a humildade e altruismo que lhe são caracteristicos "esqueceu-se" de referir um pormenor ... ele é daqueles que já perdeu eleições, várias até!
E vendo bem, algumas foi como o Gore, só não ganharam nos resultados proclamados ;)
Mas depois foi sendo feita justiça e eis o Dr. Milk vitorioso!
Rodrigo
Sim, sim... Mas o passe do Doctor Milk é do "lodo" e não vendemos, nem na reabertura do mercado. :)
O Kerry é um flop. Nem com Heinz Ketchup!!! E o pior é não aprendeu nada com as eleições de 2004.
Quanto à 2ª oportunidade, que a tente; os eleitores logo lhe dirão se a merece. Cá para mim nem sequer chega à Super Tuesday.
De qualquer modo, para mim, o melhor é que os candidatos fossem muitos e se trucidassem uns aos outros, incluindo os mencionados no post.
Só quero agradecer as exageradas, mas simpáticas, palavras do Rodrigo... Quanto à parte do vitorioso, apenas me sentirei vitorioso quando verificar na prática que todo o nosso esforço e empenho têm consequência prática no desenvolvimento e progresso sustentável do nosso País e da recolocação da Europa como potência mundial, não apenas como “museu” mas também como vanguardista na ciência, tecnologia, economia, assim como nas ciências sociais e humanas e como pilar da estabilidade democrática global.
Quanto à resposta do Gonçalo, apenas posso dizer aos mais jovens para olharem para o meu exemplo para não cometerem o mesmo erro que eu: Nunca vendam o vosso passe sem conhecer bem as pessoas... estes “agentes de jogadores” da blogosfera são uns sanguessugas que se aproveitam de pobre gente como e eu e nunca mais poderei deixar o lodo!!! Ahhh!!! :)
Desculpe Dr. Ricardo Leite, mas de que Europa é que está falar? A que está no lodo (não neste)? Se for, vai ter de esperar mais tempo para se sentir vitorioso do que os franceses para ganharem uma guerra!!!
Sim, realmente a Europa desiludiu muita gente. A globalizaçao da economia mundial e os efeitos nefastos das deslocalisaçoes industriais desesperaram muitos europeus. O NAO des Franceses e dos Holandeses teve consequências graves. E por isso, Durao Barroso teve talvez razao de suspender os referendos, porque senao o resultado teria sido ainda pior.
O debate entre alargamento e aprofundamento continua portanto.
Para muitos, alargar a Europa até à fronteira da Siria e do Iraque, se considerarmos a adesao da Turquia, pais muçulmano,seria um passo perigoso em tempos tempestuosos como os de hoje.
Para outros, limitar o alargamento so até à fronteira Oder/Neiss teria sido o ideal.
Do lado da Europa politica, que nao existe realmente, também hà quem considère que o problema é a G.Bretanha, que nao aceitou o Euro, e nao é um membro fiàvel, tanto a sua politica estrangeira se alinha com a dos EUA (caso do Iraque, entre outros,) e constitui assim um grande porta-avioes US ao largo do canal da Mancha.
E a fuga recente da BEA inglêsa do capital da Airbus, que vendeu as suas acçoes desde que se verificou o atraso previsivel na entrega dos A380 aos seus clientes, devido a problemas na fabrica de Hamburgo, ainda provocou mais desconfiança neste parceiro.
Durao Barroso terà muitas dificuldades a convencer os que podem pagar, para aumentar o orçamento da Europa, como seria necessàrio, para acolher os novos futuros membros e ajudà-los a subir rapidamente ao nivel superior.
Para mim, o alargamento economico, o volume da Europa, correspondeu a menos de poder politico e a uma perda de soberania que nao foi compensada pela eficacia que se desejava e esperava.
Mas no fundo, talvez este "lodo" no qual a Europa se encontra hoje, nao desagrade àqueles que esperam conservar a hegemonia politica, economica e militar sobre o mundo.
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