quinta-feira, 19 de maio de 2005

Agri-Cultura

Na mesma edição do "Indy" mostrava-se o desolador definhar da aprendizagem do português, em Goa, não obstante o esforço da Fundação Oriente.
Constrangimentos do regime indiano à parte, também em Malaca e Myanmar temos vestígios que ameaçam esfumar-se se as autoridades culturais portuguesas não vencerem o terceiro-mundismo orçamental que nos tolhe, na cultura.
A verdade é que os políticos portugueses consideram a cultura um "despesismo", não percebendo que só ela pode defender a nossa identidade numa Europa alargada e num mundo globalizado.
O PSD, reconheça-se, também não deixou muitas saudades, apesar de ter empunhado o estandarte da democratização da cultura (por oposição ao abjecto elitismo própria de parte da esquerda), e o farisaísmo parece estar para durar. Em declarações à "Visão" (edição de hoje), Miguel Beleza propõe como medida de saneamento das finanças, entre outras coisas, "mais rigor nas despesas supérfluas, como, por exemplo, na atriubuição de alguns subsídios à Cultura". Dito só assim não me parece boa coisa...
Enquanto se não perceber (PSD, PS e CDS ainda não deram provas de o ter feito, na justa dimensão do problema) que a Cultura é estratégica e reprodutiva, seremos uma sombra do que fomos e do que poderiamos ser.

2 comentários:

Massano Cardoso disse...

Com aquilo que se gasta na cultura, se formos a cortar nas despesas supérfluas, ainda nos riscamos a treinar a leitura nos anúncios dos placards, a aprender a fazer contas nos relatórios das empresas, a tocar pífaro no metropolitano e a fazer teatro à porta de um qualquer bar rasca.

Filipe Tirapicos disse...

Ora aí está um problema que devia andar mais na cabeça dos Governos.
Já diversas vezes alertei para ele, mas parece que nos ficamos sempre pelas intenções e discursos proclamatórios, sendo pouco lestos na acção.