quarta-feira, 6 de abril de 2005

João Paulo II

Sentir-me-ia rídiculo se pretendesse acrescentar algo, que não pessoal, ao muito que já foi (bem) escrito sobre a vida e obra de João Paulo II. Porém, sublinho o alcance político das suas intervenções (o Leste comunista bem o sentiu), o seu ecumenismo (Assis foi palco de um precioso encontro de fés), a sua permanente evangelização (África espelha-o) e o combate à perda ética dos nossos dias (não concordei com o Papa, por exemplo, em matéria de contracepção, mas creio que não só é essa a única via da Igreja, como é bom contraponto aos excessos de actuais). Foi um grande pontificado, em todos os sentidos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Gonçalo,

Concordo contigo quando sublinhas essas quatro dimensões da vida e obra de João Paulo II: i) o alcance político, ii) o ecumenismo, iii) a evangelização e iv) o combate pela ética e valores (em perda nos nossos dias).

Mas deixa-me dizer-te que quanto a esta última dimensão, considero simplesmente admirável o alcance da lição de dignidade e estoicismo – perante a sua morte – que Karol Wojtyla como homem, na pele de Papa, quis transmitir a toda a humanidade.

O tema da morte tem estado absolutamente fora de moda. A relutância em discutir a mortalidade é evidente, e tem caracterizado a generalidade das sociedades ocidentais, onde a morte é ocultada, mantida como tabu, e, quando acontece, é frequente vermos quem cá fica, procurar os responsáveis pela morte do seu ente querido – quem foi o responsavel?...

Não deixa de ser extraordinário que a coisa mais certa e inexorável que temos na nossa vida, seja precisamente aquela que mais queremos ver, por todos os meios, longe de nós. Porém, o nascimento pode-se evitar, tudo o resto ao longo da vida pode acontecer, ou não, mas a morte, essa, é infalível.

A lição de grande alcance ético que o Papa quis transmitir, ao mostrar-se aos olhos de toda a humanidade sereno e tranquilo, numa situação de extrema fragilidade perante a doença irreversível, é de louvar e apenas está ao alcance de homens com uma fé inabalável no devir.

Uma palavra, igualmente, para o cardinalato e bispado... que serenidade!... Felizes aqueles que acreditam!

Um abraço – F. Correia