terça-feira, 29 de março de 2005

Fé na Ciência

Lendo o recém editado “Anjos e Demónios” de Dan Brown (o mesmo autor do “Código Da Vinci”), reaparece um tema antigo e nunca resolvido: as relações entre ciência e religião.

O assunto motivou já uma Encíclica deste Papa e milhares de autores (a título de exemplo, o tema perpassa algumas páginas do volume II dos “Contos de Tchékhov”) e investigadores, e não terá solução.

Porém, uma reflexão é possível: concordo com os que dizem que a fé desmesurada na ciência, sem qualquer espécie de moderação espiritual, gera ansiedade e a mesma falta de explicação última, com a diferença de que construímos racionalmente até ao infinito, sem que possamos, algum dia, libertar-nos da angústia que é a falta de um dado na equação suprema.

A ciência é magnífica, mas também gera novas necessidades (até de consumo) e novas imunodeficiências, até agora desconhecidas, dada a mutação permanente do que nos vai atacando.

Não sou cientista (o meu limite científico é a ciência política), mas entendo que temos que lembrar o Príncipe de Gales, Carlos (sim, ele também acerta, de quando em vez!...), no 350º aniversário de Harvard, quando incentivava os presentes a recuperar o controlo moral sobre as coisas que se foram inventando.

1 comentário:

Joao Perdigão disse...

Caro Gonçalo Capitão,

Serão as Leis Físicas Naturais e Universais ou uma mera concepção do Homem?

Poderá a Fé ser um complemento da Ciência?

Será a religião uma fraqueza da Ciência?

Estará a Ciência para a Religião como o azeite para a água?

Estas e muitas outras questões são pertinentes e não têm resposta!

Sou apaixonado pela Astronomia e Astrofísica pelo que vou recorrer a um exemplo desta natureza que evidencia um potencial complemento entre ambas (do meu ponto de vista, é claro!) e ao mesmo tempo como se repelem!!

Imaginemos o início do Universo. De acordo com a teoria actual, o Universo teve origem numa grande explosão que se designou de Big Bang.

Os cosmólogos não consegue explicar o que aconteceu antes dessa explosão, como surgiu a matéria que constituía essa singularidade, o que a envolvia e por que razão acabou por originar “aquilo” a que chamamos de Universo! É neste ponto que a religião pode ter um papel principal.

Deus criou o Universo e dotou o Homem com a capacidade intelectual de explicar o que aconteceu desde o momento em que o criou (diga-se Big Bang) até aos nossos tempos! É um complemento indirecto, mas não o deixa de ser!! :)

É claro que também te posso dar uma resposta científica que reforça a dissociação entre ambas. Recorrendo ao exemplo de cima, o tempo só surgiu instantes após a explosão (Big Bang). Assim sendo, não faz qualquer sentido pensar no que existia antes do tempo existir! (Bastante interessante, não é?)

Atrever-me-ia a dizer (assumindo uma fé desmesurada na Ciência), que a Fé inicia-se quando se atingem os limites da Ciência.

Sou Católico e um homem de Ciência. Quando se estuda um determinado fenómeno, não se pensa na religião! Tem-se a “ fé” de o conseguir explicar! No passado e como sabes, já se colocou a religião no centro. Recorde-se a forma acérrima como a Igreja defendia a teoria Geocêntrica e o “atraso” que a mesma deu no ímpeto do desenvolvimento cientifico!!

Muitos são os cientistas que vão à missa aos fins de semana! Estará patente nestes cientistas que “a fé desmesurada na ciência, sem qualquer espécie de moderação espiritual, gera ansiedade e a mesma falta de explicação última”? Estará patente neste exemplo a indissociação entre ambas. Não sei!

Um abraço e parabéns pelo teu Blog.