quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Três momentos

Não sei se o ano (20)13 é de azar, mas será, com certeza, de mal-estar.

Depois de, na minha mais recente deambulação lusa, ter aproveitado para beber sabedoria das palavras de alguns dos mais ilustres e habilitados dos meus amigos, creio que posso sintetizar em três momentos o pensamento daí construído relativamente às apreensões que tenho para 2013.

Assim, o primeiro momento poderá ser denominado como social e situa-se entre o final de Janeiro e o final de Fevereiro, prendendo-se, claro está, com a real percepção que vamos ter do que significa em dinheiro a mudança de escalões do IRS e a sobretaxa a pagar. Curiosa foi a opinião de um dos citados interlocutores que me dizia que a diferença do valor recebido seria, em muitos casos, de poucas dezenas de euros, se tanto. Não fora o lado trágico e até teria achado alguma piada à observação; todavia, o facto é que vinte euros podem significar algumas refeições para pessoas que, em não raros lares, esticam o que não é elástico para pagar dívidas elementares, como são as que dizem respeito a água, luz e gás.

Num segundo momento, não muito mais adiante, este de cariz político e económico, saberemos o que tem a dizer o Tribunal Constitucional sobre a conformidade do Orçamento do Estado ao nosso texto fundamental. E o problema nem será uma eventual discordância jurídica dos Juízes – algo que, a acontecer, tem bastos apoios na comunidade académica, pelo que se lê e ouve – mas sim o que significará um possível “chumbo” em termos políticos – a oposição não deixará passar o ensejo de capitalizar o momento – e, ainda mais, em matéria económica. Quero com isto dizer que se aquele ditar a inconstitucionalidade de alguma ou algumas das questões sub júdice, será mais do que certo que será a já exaurida bolsa dos portugueses a coutada de caça dos milhões que ficarem a faltar.

Aos protestos usuais haverá a somar o facto de o futuro líder da UGT, Carlos Silva, ter já defendido o fim dos acordos com o Governo e patrões, prometendo poucas possibilidades de concertação social, ao invés do que, apesar dos dissensos, tem sucedido com João Proença, o actual Secretário-Geral. Seja ou não desta vez que se juntam CGTP e UGT, o termómetro social vai subir no registo da contestação.

Por fim, aguarda-se com incerteza o momento partidário que se situará, como está bem de ver, nas eleições autárquicas de 2013. Será um eventual desejo de castigar os partidos da maioria (a que não escaparão muitos, apesar das sucessivas demonstrações de que não há, de momento, alternativa à austeridade) mais forte do que o valor dos candidatos? Cá para mim tenho como quase certo uma abstenção enorme, independentemente dos desfechos dos vários sufrágios.

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