segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A esquerda que não se oriente

que não é preciso.

A primeira vez que reflecti sobre uma das maiores fraquezas da esquerda portuguesa foi há pouco mais de um ano, ao longo da campanha para as presidenciais. Há uma qualquer esquizofrenia e um sentido de exclusividade que impediram os partidos de cativar o seu eleitorado para uma candidatura que conseguisse fazer frente ao recandidato Cavaco Silva. Do processo em que foram apresentados 6 candidatos, três deles - os da esquerda - reuniram os votos de 41% dos portugueses. Incluem-se aqui Fernando Nobre, o centrista com maior simpatia no PS, Francisco Lopes, o incorruptível da kassete comunista e Manuel Alegre, que alegremente conseguiu esvaziar os apoios críticos do Bloco de Esquerda ao alinhar conjuntamente o partido do poder e a amálgama de trotskistas, maoístas outros istas e os rapazes do LGBT. Claro que há a tradição da reeleição do presidente em funções e o desempenho de Cavaco Silva se apresentou razoável em função do governo socialista já altamente desgastado. Mas a desagregação de forças na esquerda portuguesa (a dita fraqueza) resulta num qualquer impedimento moral para se apresente uma alternativa de fundo ao eleitorado na ocupação do mais alto cargo da Nação.

Aprofundando a retrospectiva, e de acordo com os naturais equilíbrios entre os candidatos vencedores nas últimas décadas a tendência deveria manter-se com a aparição de um forte candidato para 2016, o que não estou a ver bem como é que vai acontecer. E para mal dos nossos pecados. Feitas as especulações, deverá sair da ala socialista António Costa, que até ao momento se tem mantido bem escudado na Câmara de Lisboa, e desalinhado desde cedo com os governos de Sócrates. Do PCP, e foi esta a "outra" especulação que me fez repensar este assunto, deve sair Carvalho da Silva que trará a bagagem de luta na contra o actual governo enquanto dirigente da CGTP. Do Bloco, se ainda existir (tenho as minhas dúvidas), pode vir o tio Louçã no final da sua carreira política. E é precisamente esta equação que, verificando-se, arruína novamente as pretensões socialistas para Belém e me deixa intranquila face ao necessário debate democrático. Aquele que deve ser estimulante. Onde se confrontam as origens da organização da sociedade. A concepção do papel do Estado em função do indivíduo ou em função da comunidade.

A não ser que volte Guterres e consiga iluminar o caminho de alguns sebastianistas.


1 comentário:

Diogo N. Gaspar disse...

Faça nevoeiro ou não, aposto no regresso de Guterres... e nesse caso terá a Direita que se orientar. Não sei é bem para onde!