terça-feira, 15 de novembro de 2011

Madre Goa III

Continuando em Velha Goa – digna representante do barroco e do manuelino – e depois de termos falado da Igreja do Bom Jesus (onde descansa São Francisco Xavier), é de visitar a Sé Catedral. Acabada no século XVII, após oito décadas de construção, comanda o antigo Terreiro de Gales e teve no seu sino um dos sons mais temidos de Goa, já que marcava audivelmente o início dos autos de fé, ao tempo da Inquisição.


O seu interior é ricamente decorado e pontifica numa das capelas a Cruz dos Milagres – onde se diz ter aparecido o próprio Cristo, no século XVII, e à qual se atribuíram dotes milagrosos no domínio das curas (brincando com coisas sérias, apetece dizer: talvez sejam melhores que as prometidas pela Troika…) - e noutra o receptáculo que São Francisco Xavier usava para os baptismos.


No extremo oposto, pode visitar-se a Igreja de São Francisco de Assis (assim mesmo, nada de “Xavier”, desta vez). Retirada ao culto, é hoje um museu no qual vale a pena apreciar os frescos nas paredes e tecto e os elementos gravados na pedra alusivos à saga dos descobrimentos.


Entre ambos os templos, o Paço Arcebispal vale pelo edifício e pela arquitectura, tendo, aparentemente, sido recuperado – dado que não pude confirmar – pela Fundação Oriente (a ser assim, um forte aplauso).

Já ao lado da segunda igreja fica o Museu Arqueológico. Entre e regale-se com nacos da nossa História. Só para um breve destaque, lá “moram” a estátua de Camões (outrora em espaço aberto e público), esculturas variadas e os retratos dos vice-reis e governadores portugueses. Mais ainda: pode ver retratos dos Presidentes Carmona, Craveiro Lopes e Américo Tomás e, acredite ou não, um retrato do próprio Doutor Salazar.


Por fim, no que a este verdadeiro “complexo” histórico e religioso diz respeito, visite a Igreja de Santa Catarina da qual se diz ter sido o modelo para a Sé e, mais importante, ter sido erigida no local por onde Afonso de Albuquerque terá entrado na terra que fora de governo muçulmano.


A encerrar a visita a Velha Goa (partindo cedo, um dia é suficiente, desde que alugue carro ou contrate um táxi), suba ao Monte Santo e santifique-se visitando as ruínas do Mosteiro Agostiniano (no meio das ditas, verá azulejos e sepulturas em bom estado de conservação),


a Capela de Nossa Senhora do Rosário (manuelino em abundância e vistas maravilhosas),



a Capela de Santo António (que pudemos admirar graças a uma idosa senhora que, além de cuidar da Capela, a abre aos visitantes)


 e os Conventos de Santa Mónica e de São João de Deus (ambos fechados, à data).



Não desça do Monte, porém, sem uma visita ao excelente Museu de Arte Sacra, que apenas nos desgosta em dois pontos: não tem catálogo à venda e não permite fotografias…


Havendo fôlego e hidratação, um último “golpe de rins” levá-lo-á a maravilhosa Igreja de São Caetano



e ao Arco do Vice-Rei, parte da muralha original, onde pontifica uma estátua de Vasco da Gama.

Goa é, em suma, uma jornada de conhecimento e de emoção, que recomendo vivamente. A seu tempo, falaremos de Damão e Diu.

1 comentário:

Defreitas disse...

Magnifica reportagem . Confesso que tendo lá passado três vezes, não visitei tudo como o meu Amigo. Talvez tivesse passado tempo de mais no Hotel do Forte Aguada ! Mas é verdade que também estive lá doente!
Felicitaçoes

Freitas Pereira