sábado, 15 de outubro de 2011

Uni-vos,

ainda a manif não começou e já as peças estão prontas nas redacções.

4 comentários:

Defreitas disse...

Refere-se a esta manifestação ?

http://www.theatlantic.com/infocus/2011/10/occupy-wall-street-spreads-beyond-nyc/100165/?source=patrick.net


Os « indignados » manifestaram ontem através do planeta para denunciar o peso da finança e as políticas de austeridade, que, dizem-eles, levam o mundo à ruína.
Do nunca visto!

Se o movimento dura e se desenvolve, pode muito bem ser que assistamos a algo como a adição do derrubamento do bloco soviético e Maio 1968, em França.

Se ele cria um ramo radical que expedia “ad patres” um ou outro “trader” sem moral ou leva à apoplexia certos rendeiros ventripotentes, isso seria compreensível .
Porque é certo que as coisas não podem continuar coma elas são hoje. A injustiça lavra por toda a parte e o mundo do capitalismo financeiro sem lei está a aproximar-nos do abismo. Os jovens não aceitarão esta sociedade . E eles têm razão.

Tania Morais disse...

Companheiro Freitas,

É visível o meu cepticismo face aos recentes movimentos de indignação. Não sei qual a fibra de italianos ou americanos, mas em Portugal aborrecem-me duas situações:

A utilização da manifestação deixou de ser a rampa para transformações sociais, de tão banal se tornou;
A presença nestes movimentos de quem nunca se esforçou o mínimo para conquistar a sua posição na sociedade, ou integra activamente círculos de intervenção social - seja em partidos políticos, associações culturais, fóruns de opinião ou associações de moradores, por exemplo.

Posso dizer-lhe que a maior parte dos meus amigos lá esteve. Deles, apenas um trabalha. Não que os outros não tenham tido oportunidades, mas continuam refugiados na casa dos pais, sem terem procurado emprego uma única vez, e entre mestrados e cursos profissionais se continuam a esconder do mundo. Posso dizer-lhe que a média de idades se situa nos 23 anos. Como é que podem falar de injustiça ou falta de oportunidades?

Defreitas disse...

Cara companheira Tania Morais

Duas leituras são possíveis :

1° - Considerar esses “indignados” como parasitas ou pelos menos como incapazes de agarrarem o destino deles com as duas mãos, e lutarem até conseguirem um lugar ao sol, e esta leitura, à primeira vista, pode ser justa.
2° Ou considerar que este movimento corresponde a algo de mais vasto, no qual há os primeiros mas também todos aqueles que perderam o emprego e não conseguem recupera-lo por causa da crise, e os outros que acabaram uma formação que não chega para lhes abrir a porta da sociedade, porque esta é incapaz de lhes proporcionar um emprego, por falta de crescimento económico.
Seremos então obrigados de procurar saber porque é que não há crescimento económico e quem são os culpados dessa situação.
O comentário seria longo demais. Mas a minha experiência da vida leva-me a crer que a primeira leitura é justa. Quando se quer realmente mudar de vida, é possível. Mas para isso é preciso ousar e... partir mais longe, provavelmente.
Tenho um sobrinho, que foi completar a formação universitária na universidade de Uppsala, na Suécia, seguindo o meu conselho, porque por cá as coisas são mais difíceis. Arranjou um emprego na sua especialidade no fim do curso.

Mas se me permite, também tenho uma outra leitura para estes movimentos sociais. Creio que eles correspondem sempre a uma reacção contra uma situação que acaba por ser insuportável. No fundo, existe sempre uma certa justificação. A minha vida profissional levou-me na década de 60 até à China, onde fui responsável do stand industrial da minha firma. Constatei uma pressão particular no comportamento dos dois jovens estudantes-intérpretes e consegui compreender o problema. Eles participavam à redacção dos “dazibao” colados nas paredes de Pequim. Era o inicio da revolução cultural, criticada hoje, mas que sacudiu a China, isto é a burocracia, o mandarinato e a burguesia nascente.
Os excessos desta juventude vai nos anos seguintes provocar a intervenção do exército e o fim da revolução cultural. Os jovens serão enviados para os campos para educar os paisanos! Na realidade foram afastados. Hoje , a versão oficial chama-lhe “os dez. anos perdidos”.
Deng Xiaoping fez desta época o exemple negativo sobre o qual ele se apoiou para trazer a China para a economia de mercado !

Maio de 1968 em França, foi também a linha de separação entre a França do pós guerra, adormecida e a nova mentalidade nas relações entre os indivíduos na sociedade e entre esta e o Estado. Um espirito de abertura e contestação que criou novas maneiras de dirigir nas empresas e não só! Eu senti-o profundamente nos anos seguintes.

Sem duvida, o movimento actual, com maneiras de agir diferentes segundo os países, ( nos USA faz-me lembrar a contestação contra a guerra no Vietname), há um leitmotiv que é repetido em todos os países : a injustiça social, o tal 1% ou sejam algumas centenas de indivíduos que absorvem o essencial dos benefícios do trabalho dos 99%, os salários indecentes dos empresários , bancos,” traders” os prémios de resultado, , stock options etc. Nos USA, 25 dos 200 presidentes de sociedades mais importantes recebem mais que os impostos que as sociedades deles pagam em impostos federais ! Imagine que 400 multimilionarios têm mais riqueza que 150 milhões de Americanos.
A reacção demonstra que há algo que merece estudo e acção.

Freitas Pereira

Defreitas disse...

Desculpe, tinha esquecido: Creio que todos no Lodo são poliglotas !

“No New York Times de ontem:

OP-ED COLUMNIST
America’s ‘Primal Scream’
By NICHOLAS D. KRISTOF
Published: October 15, 2011


The frustration in America isn’t so much with inequality in the political and legal worlds, as it was in Arab countries, although those are concerns too. Here the critical issue is economic inequity. According to the C.I.A.’s own ranking of countries by income inequality, the United States is more unequal a society than either Tunisia or Egypt.
Three factoids underscore that inequality:
The 400 wealthiest Americans have a greater combined net worth than the bottom 150 million Americans.
The top 1 percent of Americans possess more wealth than the entire bottom 90 percent.
In the Bush expansion from 2002 to 2007, 65 percent of economic gains went to the richest 1 percent.

Terrível ! Os USA abaixo daTunisia e do Egipto, não em liberdades fundamentais mas em desigualdade de rendas !
De 2002 a 2007, sob Bush, os lucros do crescimento económico foram mal divididos: 65% para os ricos , isto é os do tal 1% .