Não acho normal que tenhamos um Bastonário da Ordem dos Advogados a comentar casos de justiça em programas de televisão matinais assim como quem vai ao café da esquina e acaba a trocar bitaites sobre as gordas do Correio da Manhã. O estado da Justiça portuguesa merece reflexão (e actuação), é certo, mas de uma forma séria e nos palcos apropriados. Não é lá muito deontológico, nem parece ser da sua competência, que o Bastonário da OA vá até aos estúdios de Queluz lançar alarvidades como - "há juízes que se calhar ainda são virgens mas estão a decidir sobre casos de família" ou "se você fosse internado gostaria de ser operado por um cirurgião estagiário?". A querer falar sobre a falta de maturidade de alguns magistrados, a abordagem está longe de ser a mais adequada. Porém, Marinho Pinto não se ficou por aqui. Disse, de viva voz - e passo a citar - "que em Portugal há duas Justiças, uma clemente e obsequiosa que se aplica aos poderosos, outra impiedosa, cruel e rápidas que se aplica aos pobres". E logo a seguir comentou as recentes reviravoltas do caso Isaltino Morais, entretanto deu uma 'dentada' na suspeição que recai sobre Duarte Lima e terminou a debruçar-se sobre um homem que esteve preso cinco meses e que afinal está inocente - voilá, alguns casos que ajudam a corroborar aquela alegada dualidade de actuações da Justiça. Ela até pode existir, mas não é com este populismo, esta frontalidade que tantos lhe gabam, que o Sr. Bastonário ajuda a operar as mudanças necessárias. É fácil dizer, como disse no referido programa, que a culpa é da cobardia dos políticos. Mas apontar o dedo parece-me um fraco contributo para a melhoria do sistema judicial português. E é por estas e por outras que Marinho Pinto vai ficar na história da OA como um bastonário ávido de holofotes e microfones, que muito ladra... mas não morde.
3 comentários:
Concordo inteiramente. Não aprecio (e estou a ser simpática) o estilo do senhor. Populista, demagógico, exaltado, aflitivo. Não elucida, não sereniza, não contribui para a racionalidade serena de que tal área merece e precisa. Aefetivamente (gostaria que visitassem o meu modesto blogue:)
É um estilo soez, arruaceiro e repugnante. Marinho Pinto está, para mim, ao nível de valia social de José Castelo Branco.
Amadorismo nacional. Como sempre...
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