segunda-feira, 4 de julho de 2011

Passos seguros

Entrando no tema, tem o título não a ver com o próximo Secretário-Geral do PS (parece-me seguro que seja Seguro), mas sim com os primeiros passos de Passos (Coelho) no Governo e com as suas opções políticas.

Desde logo, louva-se o recato com que se construí a aliança com o CDS e com que foi elencado o novo executivo, sempre comunicado em primeira mão ao Presidente da República.

Louvo ainda a escolha de Assunção Esteves para Presidente da Assembleia da República, embora não pelo simples facto de se tratar de uma mulher; quando me opus ao sistema de quotas, de cujo mérito ainda duvido, foi por entender que a competência deve ser premiada sem olhar a raça, sexo ou credo. Elogio a sua eleição por se tratar de uma política séria e de uma jurista brilhante.

Em terceiro lugar, creio que Passos Coelho soube combinar a inclusão de membros partidários com independentes, numa mistura de sensibilidade política com mais-valia técnica. Designadamente, entendo que “posicionou bem no terreno” os elementos mais políticos, com destaque para o papel coordenador de Miguel Relvas, alma da máquina que levou Passos Coelho à presidência do PSD, primeiro, e do Governo, depois.

Dito isto, paro a marcha da prosa para uma ressalva: pode ser perigoso o elogio exacerbado dos independentes. Certo que é bom ter gente consciente da “vida real”, mas políticos foram, são e serão precisos para uma orientação estratégica e ideológica. Nefasto, como alertam vários estudiosos, seria o “governo dos técnicos”. Espero, por isso, que se não cavalgue a onda da demagogia tanto neste aspecto, como em atoardas menores como a de um alegado excesso de secretários de Estado. A dimensão das reivindicações a um Estado (ainda) Providência obrigam a cobrir vários pelouros, sendo que a diminuição do número de ministros teria sempre que ser compensada.

Verei com atenção particular o que ocorre em duas secretarias de estado: em primeiro lugar, a da Cultura, que deixando de ser ministério ficou, e bem, sobre orientação do Primeiro-Ministro, tal como sucedeu com Santana Lopes e Cavaco Silva. Como a Cultura (erradamente, a meu ver) é alvo fácil de cortes em tempos de crise, espero que a independência de Francisco José Viegas não se traduza em menor poder reivindicativo. Dada a sensibilidade de Passos Coelho creio que tal não acontecerá.

Depois, vejo com entusiasmo a nomeação de Paulo Júlio para Secretário de Estado da Administração Local. Como dirigente partidário e autarca sempre foi um político de mão cheia, pelo que tenho poucas dúvidas sobre o seu sucesso futuro. A ver vamos…

2 comentários:

luis cirilo disse...

Li com a atenção de sempre as tuas opiniões sobre o governo.
A que faria apenas um reparo:
A mim pouco me importa o número de ministros ou secretários de estado.
Importa-me é que governem bem.
Já me preocupa,contudo, que a maioria dos secretários de estado sejam independentes.
Porque vivemos num sistema de partidos não de independentes e as coisas tem de ter alguma lógica.
Além de que esse critério de maioria de independentes passa um atestado de incompetência aos militantes do PSD que é de todo injusto.
Nessa matéria creio que houve alguma imprudência.
Desnecessária.
Até porque a generalidade dos escolhidos(independentes) parece-me desconhecer completamente o país real o que nos tempos que correm não me parece nada aconselhável.
Nota final: Devo ser dos poucos militantes do PSD e votantes deste governo que discorda por completo da extinção dos governos civis no actual quadro constitucional.
E digo-te mais: Que jeito daria a muitos membros deste governo terem nos distrito alguém que lhe guiasse os passos...

Gonçalo Capitão disse...

Luís
Era mais ou menos aí que queria chegar no caso dos independentes. Mas também temeria que, como já aconteceu, a opção pelo partido acabasse em alguns lacaios ou associados de alguns caciques.

Quanto aos governadores civis, apoio a medida simbólica, se isso não for um passo para exponenciar poleiros via regionalização.