segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Transiberiano I

O Transiberiano visto da cama...

Depois de anos a puxar pela imaginação e de mais de 50 países “investigados” (entre os quais a própria “Mãe Rússia”), eis que se bateram os 9288 quilómetros do famoso comboio russo que liga a Europa ao Extremo Oriente e, ainda por cima, no seu trajecto “puro”, Moscovo – Vladivostok, cuja construção aconteceu entre 1891 a 1904 (ou 1916, se considerarmos o trajecto actual).

O impulso partiu do Czar Alexandre III, homem bem mais reaccionário que o seu reformista progenitor, que decidiu libertar as suas tendências imperialistas congeminando este meio de fixar mais vincadamente a presença russa na Sibéria e no Extremo Oriente, em possessões que já eram suas.



Czar Alexandre III - Irkutsk

A construção passou por fases de tal modo difíceis, que atravessa uma terra onde a própria rede de estradas acaba (apenas sendo retomada na fronteira com a última região: Amazar.


Comecemos, aliás, pela noção de Transiberiano: havendo um comboio (o n.º 1 ou 2, consoante a direcção) que liga Moscovo a Vladivostok, o que normalmente pode e deve fazer-se (a menos que queira fazer 7 dias consecutivos de comboio) é visitas no trajecto, o que levará a que, na realidade, acabe por tomar não um, mas sim diversos serviços ferroviários.


As primeiras indicações sobre o embarque nesta aventura sobre carris são as seguintes: por um lado, quanto mais baixo o número do comboio, maior a sua qualidade (o 41, entre Nizhny Novgorod e Kazan, fazia lembrar os antigos inter-regionais da CP). Por outro lado, dependendo do gosto, há primeira e segunda classe, sendo que aquela, custando muitíssimo mais, tem como diferença o facto de ter 2 e não 4 camas.


O comboio n.º 8 - Sibir ou Sibiriak (a dourina divide-se...)

Por fim, ler os bilhetes (hora de partida e de chegada, vagão, cama, etc…) tem que se lhe diga, desde logo porque as horas (mesmo no itinerário afixado em cada carruagem) são sempre as de Moscovo. De todo o modo, o único problema pode aparecer em Kaliningrado, já que, andando para Leste, o pior que pode acontecer é chegar adiantado para o seu compromisso com os surpreendentemente pontuais caminhos-de-ferro russos.


O início da aventura: Estação de Yaroslav, Moscovo


A escolha do tempo para agir foi outra questão magna, tendo a opção recaído pelo período compreendido entre 28 de Dezembro e 23 de Janeiro. Que diabo! A Rússia dos livros, dos filmes e dos grandes momentos da História é branca e não verde! E, depois, havia que provar que os portugueses “não são de capinar sentados”, sobrevivendo no Verão do Algarve ou no Inverno da Sibéria… Acresce que o charme é outro: os melhores casacos de peles saem à rua, os teatros, as óperas


Ópera de Ekaterinburgo


e os circos

Circo Estatal de Moscovo (vulgo, Circo Novo)


apresentam os seus melhores espectáculos e o clima de festa é generalizado, já que depois do Ano Novo,


"The midnight hour", na Praça Vermelha


segue-se o Natal Ortodoxo (7 de Janeiro),



"Palácio do Gelo", em Ekaterinburgo


permanecendo os enfeites citadinos e as exposições de esculturas de gelo até aos finais de Janeiro.



Voltaremos ao relato…

2 comentários:

Diogo N. Gaspar disse...

Estou rendido! Excelentes fotos, aliás como as da Dulce no agre-e-doce. Aguardamos as próximas cenas!

Dulce disse...

Obrigada, Diogo! O estilo de relato difere, mas tu vais seguindo os dois e não perdes pitada :)