O País arde e o que me espanta é que todos os anos ainda haja mais qualquer coisa para queimar. Nisto, todos os verões se prometem cadastros e limpezas coercivas de matas e quem se mata é a natureza… Acresce que adoro (sublinhe-se a ironia que a tinta não traduz) quando os responsáveis políticos dizem que “não foi o ano pior” e ainda mais quando o dito “ano pior” cai no consulado de outro partido… Soluções reais é que “tá quieto!”…
No meio de tanto ruído, endurecer as penas e acabar, em geral, com uma legislação penal e processual penal com complexos de esquerda e brandura digna de um retiro budista também parecem tarefas para alguém que ainda não nasceu.
Por outro lado e deixando de parte outras tragédias, a imagem que os portugueses que estão longe vão colhendo é a de um País que, a mais de arder, ocupa tempo incomensurável com um guarda-redes. Sim, mesmo a RTPi e a SIC-Internacional têm cumprido o serviço público (ria-se, pois é melhor do que chorar) de informar a diáspora sobre os “frangos” de Roberto e as alegadas intenções do Benfica de o despachar. O que ainda ninguém explicou à rapaziada é como se pagaram oito milhões de euros por um guarda-redes que não é da elite mundial ou sequer europeia… Depois e por muito que ache que o rapaz não há-de ser tão mau como o pintam, não querem que se pense que há coisas e fortunas estranhas no futebol…
Por fim, recupero um tema que me arrepia desde o início da silly season, pelo muito que tem de silly ou tolice: a polémica em torno da Constituição e da sua revisão. Sou amigo do Professor Calvão da Silva, com quem muito aprendi, mas parece-me que dizer que a proposta de revisão é aberta, depois do também meu amigo e líder parlamentar Miguel Macedo ter dado sinais do contrário, parece-me que só vem complicar os dados de uma equação que já me parecia inoportuna por oferecer ao PS, em momento de crise, a oportunidade de fazer a figura de defensor do serviço público.
Dir-me-ão os autores da proposta que o que escreveram e disseram foi distorcido. Até pode ser, mas há quantos anos andam na política? Um auto-golo não é golo do adversário?!
A meu ver mais valia preocuparem-se com estado de indigência cultural do país (o orçamento da Cultura, que já é ridículo, parece que não escapará às cativações das Finanças!...) ou com o pagode que rodeia os criminosos que não vêem incentivo legal para mudarem de vida… De todo o modo, como tenho dito, havia tiros mais certeiros para disparar nesta altura, estou certo.
1 comentário:
Excelente apanhado do que marcou esta silly season a que, ano após ano, não conseguimos escapar! Oxalá a reentré nos tenha reservado melhores dias - a julgar pelo benfica, creio que sim! :)
Quanto aos incêndios, tanto quanto apurei, o ano de 2003 - o tal ano em que o governo de Durão Barroso foi massacrado e que continua a servir de pretexto para dizer que "este ano não foi tão mau"-, foi «só» o verão que registou os mais altos valores de temperatura!! Confirme-se aqui:
http://www.meteo.pt/pt/oclima/extremos/
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