quarta-feira, 24 de março de 2010

A hora do Coelho

Na próxima sexta-feira, os militantes do PSD com quotas pagas (no meu caso, orgulhosamente, por mim próprio) poderão (deverão?) escolher o presidente do partido, levando em linha de conta não os rancores idiotas que introduziram um cisma do tipo claque (cá estou eu a sonhar acordado…), mas sim o perfil que consideram desejável para levar o PSD a uma vitória muito possível, se não mesmo provável.

Desta vez, mesmo engolindo sapos (com ele está o PSD da “folha de Excel” – ou seja, o aparelho puro e duro) os meus passos vão, de novo, para o Coelho que parece poder saltar da cartola social-democrata.

Desde logo, trata-se de um candidato que, sem alardear rupturas (resta saber com que passado rompe um neófito como Rangel, mas isso deve ser um preciosismo lógico da minha parte…), não espera que o PS perca eleições (coisa que o seu Líder não concede de barato, como pôde constatar Manuela Ferreira Leite), propondo-se ganhá-las de modo afirmativa e com um projecto que, corajosamente, publicou em livro, assim selando o seu compromisso político.

Depois, quando há opinião unânime dizendo que José Sócrates é um mestre da comunicação política, seria errado não acautelar esse aspecto. Todavia, o resultado, a curto e médio prazo não se alcança com uma saturante retórica ao estilo da I República, nem espetando o indicador a troco de tudo e de nada, antes se recomendando um discurso claro e uma postura imaculada, como tem Passos Coelho.

Em terceiro lugar, gosto da frontalidade de Pedro Passos Coelho. Não sei se concordo com ele na sua posição sobre a Lei das Finanças Regionais (creio que não), mas sublinho-lhe a coragem de contrariar um senador do PSD, como é Alberto João Jardim. Aliás, o “caminho das pedras” não lhe é estranho, pois já nos seus tempos de JSD dizia a Cavaco Silva o que outros não ousavam sequer pensar (lembro que a “sua” JSD teve um projecto de revisão constitucional autónomo).

Realço ainda que a maturidade das suas posições é notória; lembro o pedido de demissão do Procurador-Geral da República, que acho excessivo, mas ainda assim mais inócuo do que denegrir o País numa instância europeia (de novo, Paulo Rangel). Trago, por fim, à colação a categoria com que foi apoiar Manuela Ferreira Leite no comício de Vila Real, depois de esta o ter excluído da lista de candidatos do distrito.

Claro que, como disse, há um “mas”. Com excepções como a do concelho de Coimbra (onde conta com o apoio de gente prestigiada), a necessidade de angariar votos levou-o a incorporar muita gente de “listagem no bolso” e computador portátil nas reuniões e alguns jovens turcos ávidos de poder e parcos em tolerância; assim a sua mestria os venha a domar, depois de vencer…

Em todo o caso, é a escolha mais interessante.

4 comentários:

Luis Melo disse...

PSD 2010: O meu voto e o porquê pode ser visto aqui (não transcrevo pq é um bocado extenso).

Gonçalo Capitão disse...

Para quem não ler (recomendo-o) o interessante texto do Luís, resumo-o: ele vota em Aguiar Branco.

Anónimo disse...

Pois eu Paulo Rangel e podem ver

Luis Melo disse...

Obrigado pela referência caro Gonçalo... um Abraço.