Visto que o não pude fazer na semana passada, gostaria partilhar algumas ideias sobre os resultados eleitorais para a Assembleia da República.
Assim, dadas a crise mundial que ocorreu (e ainda vai pairando), a contestação gigantesca que lhe moveram alguns sectores (professores e magistrados à mistura) e as polémicas em que procuraram envolver o seu nome (justa ou injustamente, decidirá quem é competente para o efeito), o resultado de dia 27 de Setembro é uma vitória para José Sócrates. Embora seja votante e tradicional eleitor do PSD, sempre achei, aliás, que a coisa não estava bem encaminhada... Eu e 40% dos 42 votantes na nossa sondagem eleitoral, apesar de se tratar, reconheça-se, de um blogue editado e lido por uma maioria de povo laranja...
O problema é que, pelos mesmíssimos factos que fui coligindo, esta era uma eleição que o PSD não podia perder, sendo fraco contento dizer que o PS ficou sem a maioria absoluta. Mesmo assim, restaria ainda saber se o feito de lha retirar pertence ao PSD...
A opção pela “não campanha” (nada prometer para nada incumprir) sempre me pareceu pouco perceptível e o tradicional clima fratricida do PSD fez o resto. O mais grave é que cresce o número de caciques internos que prefere ser rei de coisa nenhuma do que príncipe num reino de opulência, o que gera a dinâmica do “quanto pior, melhor”.
Essa propensão para a desgraça, acumulada com o descrédito mais genérico nos dois partidos crónicos de governo, tem, a meu ver, outra consequência: os resultados do CDS, PCP e BE mostram que a tendência para a bipolarização foi sustida, se não mesmo invertida. Temos, neste momento, cerca de 30% dos votos atribuídos a 3 partidos que podem vir a ganhar crescente potencial coligativo (algo que só o CDS tem, de forma isolada); dito de outro modo e estando ainda longe desse cenário, podemos caminhar para um fraccionamento crescente do sistema de partidos e para a erosão do espaço das duas maiores agremiações políticas.
Penso mesmo que, sendo o CDS liderado com a forma astuta que tem imperado (moderando o conservadorismo com medidas liberais e aproximação ao eleitorado urbano), o PSD pode vir, mais cedo do que tarde, a perceber que os partidos não são (longe disso) eternos. Basta que o grémio laranja continue a espremer líderes e a dividir ainda mais os gomos de uma laranja algo mirrada pela pouca exposição ao poder.
Como terceiro apontamento, sublinho que o eleitorado provou, embora não em medida larga, a sua sapiência ao moderar as expectativas do Bloco de Esquerda, que não só ficou em quarto lugar, como não elegeu deputados suficientes para chantagear politicamente o PS, como deixara perceber durante a campanha. Creio que teve vencimento a ideia de que o insulto, a maledicência e a inveja (algo que é estimulado em cada simulacro de trotskismo dos discursos do BE) não formam uma ideologia de governo.
Estaríamos, em conclusão, perante um cenário que reforçaria o papel do Presidente da República, não fora a forma infeliz como, em minha opinião, conduziu o dossier das alegadas escutas em Belém. E, neste caso, creio que, mais uma vez (eu fiz as campanhas de Fernando Nogueira e de Santana Lopes), o PSD que o projectou sai dorido das suas mãos.
Nota final para as autárquicas para saudar antecipadamente a natural vitória de Carlos Encarnação, que me renovou a esperança de bons ventos, se for verdade que a Professora Maria José Azevedo Santos será a responsável pela Cultura. Finalmente!...
Assim, dadas a crise mundial que ocorreu (e ainda vai pairando), a contestação gigantesca que lhe moveram alguns sectores (professores e magistrados à mistura) e as polémicas em que procuraram envolver o seu nome (justa ou injustamente, decidirá quem é competente para o efeito), o resultado de dia 27 de Setembro é uma vitória para José Sócrates. Embora seja votante e tradicional eleitor do PSD, sempre achei, aliás, que a coisa não estava bem encaminhada... Eu e 40% dos 42 votantes na nossa sondagem eleitoral, apesar de se tratar, reconheça-se, de um blogue editado e lido por uma maioria de povo laranja...
O problema é que, pelos mesmíssimos factos que fui coligindo, esta era uma eleição que o PSD não podia perder, sendo fraco contento dizer que o PS ficou sem a maioria absoluta. Mesmo assim, restaria ainda saber se o feito de lha retirar pertence ao PSD...
A opção pela “não campanha” (nada prometer para nada incumprir) sempre me pareceu pouco perceptível e o tradicional clima fratricida do PSD fez o resto. O mais grave é que cresce o número de caciques internos que prefere ser rei de coisa nenhuma do que príncipe num reino de opulência, o que gera a dinâmica do “quanto pior, melhor”.
Essa propensão para a desgraça, acumulada com o descrédito mais genérico nos dois partidos crónicos de governo, tem, a meu ver, outra consequência: os resultados do CDS, PCP e BE mostram que a tendência para a bipolarização foi sustida, se não mesmo invertida. Temos, neste momento, cerca de 30% dos votos atribuídos a 3 partidos que podem vir a ganhar crescente potencial coligativo (algo que só o CDS tem, de forma isolada); dito de outro modo e estando ainda longe desse cenário, podemos caminhar para um fraccionamento crescente do sistema de partidos e para a erosão do espaço das duas maiores agremiações políticas.
Penso mesmo que, sendo o CDS liderado com a forma astuta que tem imperado (moderando o conservadorismo com medidas liberais e aproximação ao eleitorado urbano), o PSD pode vir, mais cedo do que tarde, a perceber que os partidos não são (longe disso) eternos. Basta que o grémio laranja continue a espremer líderes e a dividir ainda mais os gomos de uma laranja algo mirrada pela pouca exposição ao poder.
Como terceiro apontamento, sublinho que o eleitorado provou, embora não em medida larga, a sua sapiência ao moderar as expectativas do Bloco de Esquerda, que não só ficou em quarto lugar, como não elegeu deputados suficientes para chantagear politicamente o PS, como deixara perceber durante a campanha. Creio que teve vencimento a ideia de que o insulto, a maledicência e a inveja (algo que é estimulado em cada simulacro de trotskismo dos discursos do BE) não formam uma ideologia de governo.
Estaríamos, em conclusão, perante um cenário que reforçaria o papel do Presidente da República, não fora a forma infeliz como, em minha opinião, conduziu o dossier das alegadas escutas em Belém. E, neste caso, creio que, mais uma vez (eu fiz as campanhas de Fernando Nogueira e de Santana Lopes), o PSD que o projectou sai dorido das suas mãos.
Nota final para as autárquicas para saudar antecipadamente a natural vitória de Carlos Encarnação, que me renovou a esperança de bons ventos, se for verdade que a Professora Maria José Azevedo Santos será a responsável pela Cultura. Finalmente!...
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