domingo, 27 de setembro de 2009

Mais do mesmo

José Sócrates não aguentou a máscara de meiguinho nem mais um bocadinho. Contados os votos e apurado o resultado, o Sr. Engenheiro profere o discurso de vitória com a arrogância a que nos habituou nos últimos quatro anos e que, ao que parece, é característica que 2 milhões de portugueses muito apreciam.

O menino de coro que vimos nos últimos dias desapareceu de rompante e o político que assomou ao Largo do Rato foi o austero e sobranceiro Sócrates que conhecemos quando derrotou o menino-guerreiro.

De sorriso sacana em riste, denunciou a falta de chá de Louçã - que disse não o ter felicitado -, assanhou-se com os jornalistas e debitou palavras com a altivez que lhe corre nas veias. Ou muito me engano, ou isto é uma pequena amostra daquilo que aí vem. Mais do mesmo.

3 comentários:

Luis Melo disse...

O resultado está feito. Grande parte do povo português preferiu lembrar-se do caso das escutas e esquecer o caso da TVI e do Jornal de 6ª. Preferiu lembrar-se do caso António Preto e esquecer-se do caso Freeport. Preferiu lembrar-se do Sócrates dócil e suave dos ultimos 2 meses e esquecer-se do Sócrates animal feroz dos últimos 4 anos.

Os números dizem que o PS perdeu 500.000 votos. O PSD ganhou 10.000 votos, o CDS ganhou 180.000 votos, o BE ganhou 110.000 votos e a CDU ganhou 15.000 votos. Todos ganharam, o PS perdeu.

Também é um sinal forte o facto de ter havido 160.000 pessoas que se deslocaram à urna e que votaram branco ou nulos. Além disso, os pequenos partidos foram uma desilusão em relação às Europeias, principalmente o MEP.

Nestas eleições, ao nível das votações, apenas uma coisa se confirmou. Ou melhor, se reconfirmou e voltou a confirmar. Perante o cenário nacional desfavorável, Alberto João Jardim deu um banho aos Socialistas: 66.000 vs 26.000 votos.

Conclusão disto tudo... o PS ganhou, Sócrates vai formar Governo. Por preconceito (e esquecendo o bem de Portugal) parece não querer coligar-se com o CDS. Um governo minoritário haverá de acabar daqui a 2 anos, tal como o de Guterres.

Francisco Castelo Branco disse...

Pois é Dulce, tivessem deixado Marques Mendes na liderança e a cantiga seria outra.

Mas quiseram o grande, popular e adepto de causas sociais, Luis Filipe Menezes e foi o que se viu...

Até ontem foi o primeiro e unico dirigente do PSD a aparecer e a criticar....

A derrota começou a construir-se em setembro de 2007.....

mas agora nao ha volta a dar, pois nao???

Dulce disse...

Francisco,
se me permites, parece-me intelectualmente desonesto personalizar esta derrota na pessoa do Dr. Luís Filipe Menezes.

Não façamos bode expiatório de alguém que se predispôs a comandar o partido e a levá-lo a bom porto, embora, por circunstancialismos vários, tenha deixado a viagem a meio. Isto foi há um ano atrás e um ano parece-me tempo bastante para «pôr a casa em ordem» e preparar um combate eleitoral.

Acontece que o PSD (líder e demais dirigentes) julgou que a contestada governação de Sócrates por si só lhes garantia a vitória. Acomodou-se e deu nisto.
Confundiu-se "política de verdade" com "política enfadonha". Optaram por um estilo de campanha que não galvaniza as bases, um estilo de campanha cinzentão que não cativou nem os próprios militantes, quanto mais a população portuguesa...

A isto sim, pode-se atribuir a derrota do PSD.