Folheio um diário nacional, há dois ou três dias, e leio coisas que só vira em filmes de ficção (Mad Max e afins...), já com uns bons anos.
Desde logo que, em Itália e por alegada insegurança, atribuída prima facie aos imigrantes ilegais, o exército patrulha cidades como Roma, Milão, Turim e Palermo. Confesso que fui eu quem ficou palerma não só porque, a ser verdade o argumento do Governo, um dos países mais ricos do Mundo e membro do G8 confessa o descontrolo da criminalidade urbana e o assalto dos povos desesperados à fortaleza europeia, como pelo facto de ser de gravame não despiciendo encontrar um ramo das forças armadas a complementar o trabalho policial; é, no mínimo, uma interpelação aos direitos constitucionais dos cidadãos.
Podia ainda ler-se que há habitantes da Cisjordânia que alegam que, ao tentarem passar a fronteira com Israel para receberem tratamento médico, terão sido confrontados com uma “taxa moderadora” muito peculiar: tornarem-se informadores dos serviços de segurança israelitas. Ora, se resisto a tomar a parte pelo todo, também não é menos verdade que falamos de um povo que, não poucas vezes, envia ao país vizinho cidadãos envoltos em explosivos e mísseis que não escolhem alvos exclusivamente militares, pelo que sou um pouco céptico no que toca a crer que se trata de uma política instituída pelo Governo judaico, antes julgando que pode, a ser verdade, ser excesso de alguns militares. De todo o modo, convirão que é estranho.
Acelerando o passo, corramos para o anfitrião das olimpíadas, a China, onde a explosão de novo-riquismo convive com um seríssimo problema de sustentabilidade ambiental, um grosseiro agravamento das desigualdades sociais e um abandono perigoso do mundo rural. Se a isso somarmos restrições à liberdade de expressão, dos budas do Tibete aos jornalistas em Pequim, e violentas convulsões (não são novas) na China muçulmana, podemos perceber o quão preocupante para o Mundo é a evolução próxima do Império do Meio, cujo modelo, ao que sei, está a ser testado nos Jogos Olímpicos.
Como tapete de saída, um entrelaçado persa: no Irão, só um tolo é que acredita que Ahmadinejad não tem intenções de criar uma arma nuclear ou de, em alternativa, nos levar couro e cabelo para dela abdicar, estribado na esperança de não ver a antiga Pérsia atacada, dado o efeito perverso nos preços do petróleo. Diz-se que os ayatollahs, por um lado, e os estudantes, por outro, já se cansaram do populismo do presidente (e a sociedade civil iraniana existe e é forte, anoto), mas o povo anónimo, julga-se, tem hoje muito mais acesso aos mínimos existenciais do que jamais teve… Do que não duvido é que, também aqui, há pólvora.
Ainda bem que há água em Marte…
1 comentário:
Que belo post para começar o fim-de-semana.
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