terça-feira, 3 de junho de 2008

Por um Mundo melhor?!

"Por um mundo melhor" é o mote daquele que se auto-intitula o maior festival de música do Mundo - Rock in Rio. EU FUI e, música à parte, não gostei. Demasiada confusão, demasiado ruído entre concertos - oriundo dos mil e um stands que se dedicavam a tudo menos à música-, comportamentos excessivos e falta de civismo até mais não. Se aquilo é local para concentrar esforços por um mundo melhor... garanto que jamais voltarei a dizer mal do mundo em que vivemos.

O evento diz-se preocupado com questões sociais e nesta terceira edição portuguesa focou a sua responsabilidade social no Ambiente. Pura estratégia, quer-me parecer. Num evento tão ambicioso e vanguardista, nada vi de inovador quanto à preservação do meio ambiente. Absolutamente nada. Lá estavam os habituais contentores de lixo estilo eco-ponto e ponto final. Também houve promoção da utilização de transportes públicos para acesso ao recinto mas cabe sublinhar que a rede dísponivel era deveras diminuta: no caso do Metro, com apenas 4 estações abertas...

Ao que sei, o mais significativo que levaram a cabo com o intuito de preservar o meio ambiente foi a instalação de painéis fotovoltaicos que forneceram electricidade ao palco principal. É já um primeiro passo significativo, mas... e o resto?!

Ficaram-se por aí e perdeu-se a excelente oportunidade de alertar o cidadão comum para a necessidade de mudança de atitudes face ao descalabro do Planeta Terra... A única mensagem alusiva ao tema passava no ecrã gigante entre os concertos e resumia-se a uma fraquinha sugestão de Gisele Bündchen (não havia alguém mais credível?!) no que toca a preservar o ambiente. Curioso, é que nessas alturas o som baixava alguns décibeis e o público acabava por fixar-se noutras mensagens subliminares que a super modelo, inevitavelmente, transmite.

De resto, de Mundo Melhor não vi qualquer indício. Bem pelo contrário: aos poucos destruía-se o coberto verde da Bela Vista e a cidade do rock transformava-se numa selva que não lembra a ninguém, mergulhada em lixo. Bem sei que eram milhares de pessoas, mas os contentores mantinham-se vazios... A ajudar "à festa", o desperdício que é todo aquele merchandising distribuído e que no fundo não serve para absolutamente nada senão para poluir: plumas, cabeleiras, sacos e saquinhos, insufláveis, chapéuzinhos, papelinhos, etc.

Para terminar, a cereja no topo do bolo: o evento promete que determinada percentagem das receitas reverte a favor de organismos que estejam ligados à causa que dá mote a cada uma das edições, no presente caso relativos à preservação do meio ambiente. Este gesto parecer-me-ia louvável - e compensaria tudo o que poderia ter sido feito, e não foi, durante o evento- não fosse uma fonte segura garantir-me que a parcela a atribuir-lhes é uma ninharia que deveria envergonhar a própria organização...

1 comentário:

Gonçalo Capitão disse...

Concordo, Dulce.

Mais valia assumirem que visam o lucro, porque o evento é uma boa ocasião para ver várias bandas e cantores de enfiada.

Eu gostei da Ivete, decepcione-me com a Amy, recordei com os Skank e amei Bon Jovi, que deram um dos mais trepidantes concertos que já vi.

O resto foi, de facto, incipiente e a cheirar a marketing.

A Gisele, essa parece-m muito reciclável. Quem me dera ser aterro... ;)