Vamos, pese embora, à exclusão de partes: Neto da Silva e Patinha Antão exercem um direito estatutário, embora ouse dizer, sem ofensa, que, pelo menos num dos casos, se trata mais de uma tentativa de reserva de lugar eleitoral do que um intento real. Passando a presunção, creio que também eu, na bancada, tenho ideias sobre a maneira como gostava de ver a Briosa a jogar, mas, a mais de ser bom o trabalho de Domingos Paciência, não me passa pela cabeça fazer algo para que não tenho sequer propensão e apoio…
Quanto a Pedro Santana Lopes, fundamentalmente, creio que a oportunidade que teve foi, com larguíssima culpa própria, desbaratada. Escusa o próprio e os seus fervorosos seguidores de falar de “pontapés na incubadora”, já que poucos, com ou sem reserva mental alheia, tiveram 90% do partido a sufragar a sucessão, como aconteceu com a passagem de testemunho de Durão Barroso. Devia ter pedido sufrágio interno? Seria melhor ter solicitado ao Presidente da República a realização de eleições legislativas? Talvez, mas é neste tipo de ponderação estratégica que não nos podemos basear exclusivamente na intuição (por muito apurada que seja, como é o caso do dr. Santana Lopes) e é ainda nestas situações que estar rodeado de pessoas que somem ao afecto o estudo e o raciocínio apurado é recomendável. Aqui, santa paciência, o único “pontapé” que houve foi do próprio e para auto-golo.
Todavia, Santana Lopes é um furacão político e creio que, na nossa política, poucos seriam os que, como ele, sobreviveriam à clamorosa derrota eleitoral de 2005. Por isso, manda a cautela que se não subestimem as suas possibilidades e ordena o pudor (apoiei-o de 1999 a 2005, mesmo quando sabia que o apreço já não era recíproco) que me baste com estes leves considerandos, dos quais podem deduzir-se alguns motivos pelos quais não apoio o ex-Premier.
Por fim, chega a situação de mais difícil escolha, já que poderia apoiar Manuela Ferreira Leite sem sacrifício algum. É uma pessoa credível, séria, inteligente, competente e que, sem dúvida, gosta e sabe gostar do PSD.
Resisto a insinuações deselegantes e infundadas sobre idade, pois não creio que seja óbice, sendo que Silvio Berlusconi – a quem outros gostam de se comparar – está longe de ser um cachopo e Itália a léguas de ser uma aldeia. E muitos exemplos brilhantes de estadistas com mais de 60 anos encontraríamos, como facilmente se apontariam casos de jovens lideres com insucesso notório, a começar pela actual contenda. No fundo, o que penso é que perde quem opte por referências pessoais.
Assim, além de noções de solidariedade política (que me escuso de detalhar, mas que se prendem com o xadrez laranja do distrito de Lisboa, onde trabalho), pesa o facto de, acreditando que não será necessário atender ao conceito de “voto útil” (algo que poderia pedir-se na iminência de vitória dos exércitos santanistas), ser altura de lançar linhas políticas a médio e longo prazo e de, se possível, começar a implantá-las desde já.
Como detalharei em próximo texto, penso que as soluções já testadas (e por onde se nota a marca de água de todos os contendores, excepto Passos Coelho) não mostraram a exequibilidade de um ideal social e não provaram a viabilidade do nosso País. Ouvimos falar em orçamento, défice, mais anos de trabalho e outras expressões tecnocráticas, mas vemos tudo quanto é membro da União Europeia a passar-nos à frente.
Acredito ainda que, sem gritos geracionais (seria a chamada ideia de jerico…), cumpre envolver na solução os portugueses mais jovens, já que sentirão em maior medida o problema. Dito de outro modo, é tempo de envolver no projecto da casa quem vai ter que a habitar…
Ditas as razões “negativas”, explicarei em breve as razões “positivas” pelas quais entendo que os paços do PSD devem ser entregues a Pedro Passos Coelho.
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