quarta-feira, 7 de maio de 2008

Liderança não escolhe idades

Porque é que o factor "idade" é dos que mais pesa quando julgamos as pessoas?
Atente-se aos "Tem desculpa pela idade...", "Já não tem idade para aquilo!" ... ou "Não ligue, é da idade..." ...

A idade de uma pessoa parece-me um indicador traiçoeiro. Sobretudo, porque a idade mental nem sempre anda pari passu com a idade real. Ou vice-versa. Vem isto a propósito da corrida à liderança do PSD, na qual dois dos candidatos têm visto meio mundo a opinar sobre as respectivas idades. No jogo da política, tal como no da vida, a idade não me parece um argumento plausível seja para o que for. Considero hipócrita que se invoque a juventude ou a velhice de uma pessoa para tecer considerações sobre aquela. Pior, para medir a sua capacidade, a sua competência e o seu mérito.

Ter mais rugas não significa que se esteja mais ou menos apto para determinada tarefa. Da mesma forma que ser jovem não tem que ser sinónimo de inexperiência, imaturidade ou ingenuidade. Não tem qualquer lógica que se padronizem as coisas deste modo. Quero com isto dizer que a idade de Manuela Ferreira não tem que ser vista como obstáculo às legítimas ambições do partido. Ou, do prisma inverso, é reprovável que a sua idade sirva de argumento para dizer que está mais preparada para o desafio a que se propõe que os demais. Por outro lado, é de uma enorme leviandade afirmar que a juventude de Passos Coelho é o calcanhar de Aquiles da sua candidatura. Para além de que apontar-lhe o dedo pelos seus bem estimados 44 anos, reconheça-se, soa a inveja.

A variável idade não é um factor determinante para que uma pessoa seja líder. A liderança é uma influência que um indivíduo exerce sobre os outros independente da sua faixa etária. Neste Mundo há lideranças para todas as idades: para velhos (Berlusconi e Yasuo Fukuda, 72) e para novos ( Zapatero, 47) e até para os de meia-idade ( Gordon Brown, 58). O PSD espera que deste combate saia uma liderança firme, credível e auspiciosa. Que o líder tenha 30, 50 ou 70 é-nos (se não é, deveria ser...) indiferente.

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