Os jornais gratuitos “chegaram, viram e venceram”.
Se antes a oferta se resumia a dois diários, volvidos três anos, o cenário mudou quantitativamente e, sem sombra de dúvida, qualitativamente. Logo pela manhã sou bombardeada com pelo menos três deles - “Global”, “Metro” e “Destak”, este último que me cativa pelo painel de opinião com que conta (João César das Neves, Isabel Stilwell, etc.). No local de trabalho, deparo-me com o “Meia Hora”, talvez o mais interessante de todos eles por dispensar as temáticas cor-de-rosa. À hora de almoço é a vez da edição de fim-de-semana do “Destak” e ao fim do dia já sei que me calha na rifa o semanário “Mundo à Sexta”. E ao que consta a oferta não parará de crescer, estando previstas novas publicações e novos locais de distribuição (Grande Porto; Madeira, etc.).
Se antes a oferta se resumia a dois diários, volvidos três anos, o cenário mudou quantitativamente e, sem sombra de dúvida, qualitativamente. Logo pela manhã sou bombardeada com pelo menos três deles - “Global”, “Metro” e “Destak”, este último que me cativa pelo painel de opinião com que conta (João César das Neves, Isabel Stilwell, etc.). No local de trabalho, deparo-me com o “Meia Hora”, talvez o mais interessante de todos eles por dispensar as temáticas cor-de-rosa. À hora de almoço é a vez da edição de fim-de-semana do “Destak” e ao fim do dia já sei que me calha na rifa o semanário “Mundo à Sexta”. E ao que consta a oferta não parará de crescer, estando previstas novas publicações e novos locais de distribuição (Grande Porto; Madeira, etc.).
As vantagens destes jornais são inegáveis – os lisboetas têm agora maior facilidade em manterem-se informados do que se vai passando no Mundo, o que muitas vezes, por força do trabalho, compromissos familiares e afins, não se torna fácil.
Assim, de uma forma leve e clara os jornais gratuitos condensam informação, facilitando a vida a quem diariamente não tem tempo para se dedicar à leitura de um avolumado Público ou sequer de ver telejornais.
E depois, reconheça-se, fomentam a criação de hábitos de leitura. É inegável que a imprensa gratuita veio mudar o cenário nos transportes públicos da capital: afinal, os lisboetas sabem (e gostam de) ler...! Pelo menos, quando a isso são impelidos...
Mas o factor gratuitidade parece vir pôr em causa a imprensa convencional. Não foi por acaso que na vizinha Espanha os diários de referência hostilizaram os novatos, e que em França os sindicatos se manifestaram e tomaram medidas quando se viram ameaçados pela edição parisiense do “Metro”.
A pergunta que se impõe: Sobreviverá a imprensa tradicional?
Haverá, efectivamente, espaço para os dois tipos de imprensa num país em que os hábitos de leitura nunca nos mereceram elogios?
Na verdade, se a informação vem até nós sem que tenhamos que alterar um passo que seja do nosso percurso, e a isso acresce o facto de ser gratuita... torna-se inegável que a predisposição para nos mantermos fiéis aos periódicos pagos seja bem menor.
Assim, de uma forma leve e clara os jornais gratuitos condensam informação, facilitando a vida a quem diariamente não tem tempo para se dedicar à leitura de um avolumado Público ou sequer de ver telejornais.
E depois, reconheça-se, fomentam a criação de hábitos de leitura. É inegável que a imprensa gratuita veio mudar o cenário nos transportes públicos da capital: afinal, os lisboetas sabem (e gostam de) ler...! Pelo menos, quando a isso são impelidos...
Mas o factor gratuitidade parece vir pôr em causa a imprensa convencional. Não foi por acaso que na vizinha Espanha os diários de referência hostilizaram os novatos, e que em França os sindicatos se manifestaram e tomaram medidas quando se viram ameaçados pela edição parisiense do “Metro”.
A pergunta que se impõe: Sobreviverá a imprensa tradicional?
Haverá, efectivamente, espaço para os dois tipos de imprensa num país em que os hábitos de leitura nunca nos mereceram elogios?
Na verdade, se a informação vem até nós sem que tenhamos que alterar um passo que seja do nosso percurso, e a isso acresce o facto de ser gratuita... torna-se inegável que a predisposição para nos mantermos fiéis aos periódicos pagos seja bem menor.
6 comentários:
A imprensa tradicional tem vindo a declinar um pouco, e ha' quem veja nisso um declinio dos indices de civismo.
A verdade e' que, entre a sub e a sobre-informacao (ainda estou na Dinamarca...:), ha' um mundo a explorar.
As maiores apreensoes quanto aos jornais de que falas têm a ver com o criterio de seleccao da informacao, o seu rigor e a falta de contextualizacao.
Acresce que o intuito lucrativo nao foi embora, antes pelo contrario, pelo que nao vejo que ai venha algo de mais isencao...
Estimular a leitura?! Talvez seja uma vantajem destes jornais, acredito. Contudo, nao seria melhor estimular as pessoas a ler os jornais de referencia e os livros de qualidade?...
Gonçalo,
não percebo o porquê da qualidade e rigor dos jornais gratuitos ser motivo para apreensão... Parece-me que se limitam a seleccionar e condensar a informação que consideram mais relevante e apropriada ao target a que se destinam. Por sintetizar a notícia não creio que se corra o risco de a descontextualizar ou deturpar...
Quanto ao estimular a leitura, não duvides que essa é uma grande conquista dos jornais gratuitos. Para quem anda de transportes públicos, como eu :)
a diferença é abissal.
Há uns anos atrás, se 'ousava' abrir um livro no Metro era olhada de soslaio por todos os passageiros. Hoje, entro numa carruagem do Metro e contam-se pelos dedos as pessoas que não vão a ler o jornal.
(Quase me atrevo a dizer que os jornais gratuitos podiam bem ter sido subsidiados pelo Ministério da Educação!!! ;)
Se não seria melhor estimular as pessoas a ler qualidade? Claro que sim, Gonçalo. Mas se já nos damos por contentes porque a Margarida Rebelo Pinto pôs milhares de portugueses a ler de fio a pavio a sua literatura light... da mesma forma nos podemos dar por felizes ao constatar que, paulatinamente, os portugueses vão criando hábitos de leitura à custa da imprensa gratuita...
Acredito que a imprensa tradicional se mantenha por muitos e bons anos, apesar da crescente evolução da blogosfera e das edições on line dos jornais. Agora o que espero é que esta imprensa mude o seu figurino.
Isto é, está a passar-se aquilo que acontece nos telejornais. Muita Informação desnecessária. E pouca opinião.
Os jornais são um espaço muito importante para que alguém dê a sua opinião
E diz a nossa Dulce: "não percebo o porquê da qualidade e rigor dos jornais gratuitos ser motivo para apreensão... Parece-me que se limitam a seleccionar e condensar a informação que consideram mais relevante e apropriada ao target a que se destinam. Por sintetizar a notícia não creio que se corra o risco de a descontextualizar ou deturpar..."
Então, eu tento explicar, Dulce...
Condensar com que critério?
Tens a certeza de que as pessoas apanham a "big picture"?
Por exemplo, se falares de declarações do candidato presidencial Rudy Giuliani sem mencionares, entre outras coisas, o desempenho como Mayor de NY, achas que as pessoas percebem o enquadramanento?
Falando de Hugo Chavez avulso, explica às pessoas as suas origens, o que pretende fazer com a Constituição ou por que diz os disparates populistas que conhecemos?
O risco é de as pessoas terem peças que não sabem encaixar. Ler por ler não forma cidadãos, mas sim autómatos de gama alta.
Francisco,
Quanto à qualidade da imprensa tradicional, não sou tão optimista quanto tu: é que acontece que (infelizmente) o interesse público nem sempre anda de mãos dadas com o que é interessante para o público...
No tocante à Blogosfera, esta nunca substituirá a Imprensa.
Ambas vivem de informação, mas há uma diferença é substancial: uma faz opinião, enquanto que outra ao informar com exactidão leva o leitor a formar a sua própria opinião.
Apesar de haver muita opinião veiculada pela imprensa, o seu principal papel é, e espera-se que continue a ser, o de informar de forma isenta.
Quanto aos jornais on-line, por muito que estejam bem incrementados, não ditaram até ao momento a morte do jornal ‘físico’. Essencialmente, porque ainda há quem não tenha acesso facilitado à internet, mormente um público menos jovem e precisamente aquele que é mais fiel à “tradição” (leia-se: ao jornal impresso).
Gonçalo,
Compreendo o teu ponto de vista, mas quando leio o jornal não estou à espera que o jornalista me faça (passo a expressão) a “papinha toda”, i.e, que faça um enquadramento extensivo e pormenorizado da mesma. Um cidadão comum quando lê um jornal não pode esperar que os contextos, os conceitos e outros dados que possa, eventualmente, desconhecer lhe sejam explanados.
Por isso entendo que, mesmo quando não se possa perceber o que se lê, não é necessariamente em vão.
O facto de não entender determinada notícia pode, por ex., impelir o leitor a procurar por outros meios perceber de que trata aquela.
Dulce
Render-me-ia se todos os leitores tivessem a tua curiosidade e o teu empenho cívico.
Todavia, a maioria não milita em partidos, não escreve em blogs e não pesquisa para além da "papinha"...
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