Nos últimos dias, e depois de o Teatro Nacional de São Carlos ter perdido o director que lhe devolveu o prestígio (Paolo Pinamonti), o naipe de servidores públicos distintos ficou mais pobre: Paulo Macedo deixou a Direcção-Geral dos Impostos e Dalila Rodrigues o Museu Nacional de Arte Antiga.
Vejamos o que nos murmuram as situações em causa... Em primeiro lugar, embora não haja insubstituíveis, Paulo Macedo deveria ter sido reconduzido. Em equipa que ganha não se mexe e a calmaria em relação aos nossos elevadíssimos e castradores impostos pode dever-se ao fim da sensação de impunidade que, ainda na década de 90, era tema de debate. Porém, a memória é curta...
Mas, Macedo toca num ponto crucial: não era ele que ganhava muito, mas o Presidente da República e o Primeiro-Ministro que ganham pouco (o salário dos servidores públicos não pode, de algum tempo a esta parte, suplantar esses mealheiros). Verdade! E nem me chocaria que os nossos "empregados" mais ilustres fossem aumentados se, atrás disso, não viesse uma chusma de incompetentes a esfregar as mãos, por via da indexação de salários.
Por exemplo, se há deputados que valem o seu peso em ouro, outros há que deviam pagar pelos tapetes e cadeiras que gastam.
De igual modo, em casos de comissão de serviço (como o de Paulo Macedo), bem podia fazer-se o que se fez (pagar o que ganhava no seu local de trabalho), com a norma cautelar de reportar o vencimento a um ano antes da requisição (para evitar aumentos de última hora, na iniciativa privada). O problema do PR e do PM seria suplantado pela enorme vontade que quaiquer titulares desses cargos sempre terão em trocar dinheiro eventual por real e reconhecido serviço à Pátria.
Já no caso da ex-Directora do MNAA tudo muda. Tirando a cegueira política da Ministra da Cultura - a maior aselha do Governo, se querem a minha opinião - que podia ter deixado o mandato expirar (Novembro), creio que quem manifestamente discorda das orientações políticas da tutela deve pôr-se a andar...
O seu trabalho foi bom? Excelente! Porém, isto não legitima um governo de técnicos.
Deveria a Ministra ter procurado o diálogo, mantendo Dalila Rodrigues? Sim! Todavia, a asneira e a irrelevância políticas são imagens de marca de Isabel Pires de Lima que até para segurar a "Colecção Berardo" precisou de José Sócrates, ainda assim optando por uma solução cobarde para o próximo ciclo de governação: deixando uma monstruosa cláusula de opção de compra para daqui a dez anos, a Ministra cala-se com o seu orçamento de miséria e passa a batata quente.
Em suma: pobres na carteira e pobres de espírito. So the story goes...
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