- Para um país onde professores com provas dadas não sejam suspensos por fazerem piadas sobre governantes.
- Para um país onde uma directora de centro de saúde não seja exonerada por não ter retirado da parede do centro que dirige um cartaz que critica o Ministro da Saúde.
- Para um país que não aprove leis que estimulam a denúncia em assuntos fiscais.
- Para um país que não despronuncie arguidos, que são figuras públicas, sem explicações bem dadas e investigações transparentes.
- Para um país verdadeiramente democrático.
Considero revoltante este estado de sítio a que Portugal chegou, um país de impunidades e vigarices, fossos sociais e económicos, onde escasseia a igualdade de oportunidades e onde se desperdiça todos os dias potencial humano e intelectual de milhares de pessoas que são sobrequalificados para aquilo que fazem.
Frusta-me que um ministro defenda que os utentes devem pagar 25 euro por uma consulta médica se ultrapassarem as três consultas por trimestre e ainda seja ministro. Baralha-me o facto de ser filiado num partido socialista!
Entristece-me profundamente que, num país que vê a sua taxa de natalidade baixar progressivamente, seja sugerido que as interrupções da gravidez não paguem taxas moderadoras nos hospitais.
Para terminar, causa-me indignação ver a apatia da maior parte das pessoas. Desde que as deixem ir à bola, à praia e aos petiscos está tudo bem. A história mostra que é em climas como este de algum descontentamento e muita apatia que nascem ditaduras, totalitarismos e outras manifestações sinistras do pior do ser humano.
4 comentários:
Ritinha
Demoraste, mas voltaste em grande forma! ;)
O teu texto é tão interessante que, por economia de tempo, pego, por hoje, apenas no caso da demissão da directora do centro de saúde de Vieira do Minho, na sequência de uma denúncia (como no caso Charrua, que aqui tratámos) que alegava que a senhora não havia sido expedita a remover uma fotocópia de uma entrevista de Correia de Campos, à qual um médico acrescentara um cpmentário satírico (o ministro dissera que, como paravam as modas não ía a um sap e o médico dizia aos utentes que, estando num sap, deviam imitar o ministro e ir à urgências).
Ora bem: em primeiro lugar, como contra Fernando Charrua, continua a premiar-se a imitação do pior do salazarismo, glorificando o trabalho dos bufos e chibos.
Em segundo lugar, um Ministro que é tolo ao ponto de mandar dar os medicamentos fora de prazo aos pobres ´eque devia ser posto na rua(por muito que os seus assessores se esforcem por desmentir, disse-o em resposta a um representante da Associação Nacional de Farmácias, num debate na Ordem dos Economistas, que exibira um saco com géneros daquela sorte).
Mas como se provou também com Mário Lino, Sócrates parece gostar de humor negro...
Depois, acresce que a desproporção das sanções é brutal aqui e no caso Charrua.
E, no meio disto, pergunta-se: ao menos a Saúde melhorou?
Gonçalo,
Como sabes eu não vivi no tempo do dr. Salazar :) mas segundo sei, a PIDE tinha "funcionários", pagava a pessoas para se infiltrarem, para procurarem motivos de denúncia. E numa grande parte dos casos sabia-se quem trabalhava para a PIDE.O que se passa hoje é que qualquer pessoa é um potencial bufo, o que honestamente é muito mais assustador..
Ao ler este « post » não pude evitar um sentimento doloroso ao constatar já o seu titulo :-“ Vou emigrar..”
Conhecendo o que emigrar significa, sobretudo quando se é jovem, com um potencial humano e intelectual, a tristeza resulta não só da constatação amarga que o meu pais, onde nasci, finalmente ainda conserva as taras de outros tempos afastados, mas, pior ainda, apesar das ajudas económicas recebidas da Europa (ou talvez por causa disso ?), não conseguiu elevar-se ao ponto de satisfazer às exigências duma nação democrática e moderna .
Eu sei que o facto de melhorar a sua situação económica não chega para transformar um consumidor num cidadão consciente e evoluído.
Mas o problema é que a Nação é a soma dos cidadãos e a reputação do Estado depende da qualidade destes mesmos cidadãos, os que fazem as leis e os que as cumprem ou devem cumprir.
E quando não se é orgulhoso do Estado a que se pertence é grave, porque o orgulho é a condição sine qua none da sobrevivência duma colectividade.
É realmente desalentador que alguém jovem como a Rita Oliveira tenha chegado a tamanho estado de desencanto com Portugal.
Mas sou tentado a dar-lhe alguma razão.
Sucedem-se uns atrás dos outros fenómenos que julgavamos completamente erradicados da sociedade portuguesa.
Dren,centro de saude Vieira do Minho,"deserto" da margem sul e todos os outros casos referidos pela Rita reportam-nos para um Portugal pré Abril em que um regime ditatoral usava todos os expedientes para se manter no poder.
E gente com valor,inconformada e insatisfeita (de que o amigo Freitas Pereira falará com profundo conhecimento de causa)via-se obriga da a procurar noutras paragens o que o seu país lhe negava.Nunca no pós 25 de Abril o Estado Social foi tão violentamente atacado e os direitos dos mais desfavorecidos postos em causa desta forma,como por este dregraçado governo dito "socialista".
Alias com este governo o "parece" em vez do "é" tornou-se uma regra.
Basta ver primeiro ministro que "parece" ser licenciado.
Se a directora da Dren mais os seus bufos de estimação leêm este blog vamos ter sarilho...
Por isso cara Rita concordando com muito do que escreve só não lhe dou razão total por uma coisa; apesar da ameaça totalitária (não tenhamos medo das palavras porque é disso mesmo que se trata)ainda depende de nós evitar que Portugal se torne num país a evitar a todo o preço.
Como ?
Criando a alternativa a este nefasto poder.
E mais não digo porque sou suspeito...
Mas não desanime.
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