quarta-feira, 14 de março de 2007

Café da manhã

Sou dos que vê as notícias pela manhã, com a certeza de que, não raras vezes, estou com mais atenção do que nos serviços noticiosos da hora de jantar.
Não estando em causa o meritório trabalho da nossa excelente Polícia Judiciária, no caso do rapto da menina de Penafiel coube a um Director Nacional Adjunto falar aos portugueses.
Não entrando no tema da conferência de imprensa, será que alguém poderia ter a gentileza de pedir ao alto quadro da nossa polícia de investigação que, numa próxima ocasião para iluminar os portugueses, substitua o seu garboso "checar/checkar" (não percebi se o sotaque era do Brasil ou dos EUA) por conferir, verificar, cruzar informação ou até por "chiça", mas sempre por algo que seja cá da malta?!
Temos uma lingua tão rica e uma cultura que é o maior garante da nossa independência...
Checkar, mail, sms, outsourcing, post-it, post, link e linkar, fax, governance, downsizing, copy/paste, download... Escolha e esqueça...

4 comentários:

Ricardo Jesus Cândido disse...

Se bem que muitos não considerem a questão levantada por ti problemática, e até te possam (e a mim também, que concordo contigo) apelidar de “bairrista” e “provinciano”, terminologia muito em voga ultimamente, esta é uma questão que resulta de um mundo cada vez mais global e onde a localização geográfica já não é impedimento para o acesso a informação que, regra geral, está em inglês.
Por exemplo, posso estar a cometer uma grande injustiça, mas não estou a ver nenhuma base de dados com artigos científicos de elevada qualidade em português. No entanto, que não hajam dúvidas que eles existem.

Portugal, como não podia deixar de ser, está na linha da frente na importação de terminologia que para muitos é “elegantérrima” de se pronunciar e que até demonstra um certo domínio do assunto por parte do emissor.

Este é um panorama que não será fácil de alterar, parece-me, a tendência será para a progressiva perca das idiossincrasias idiomáticas, com a incorporação, também nesta matéria, dos imperativos de globalização

Importa não esquecer que, muitos desses termos, e bem, são debitados nas universidades. Convém é que depois não se caía no ridículo, como o tal Director Nacional Adjunto da P.J.
Fica muito melhor dizer “outsourcing” do que externalizar, a título de exemplo.

Abraço

Marta Rocha disse...

Recordo a minha prestação na simulação da AR na última Universidade de Verão, em que fiz questão de utilizar as terminologias "gay" e "straight" propositadamente. Isto porque um estrangeirismo pelo meio do discurso, segundo o Rodrigo Moita de Deus, tem um impacto maior. E concordo com ele. É uma técnica valorizada no "Falar Claro". Mas isto não passa de estratégia de marketing.

Gonçalo Capitão disse...

Eu colaborei na elaboração do livrinho do falar claro, mas acho que as pessoas usam o estrageirismo por novo-riquismo. Raros são os que o fazem por técnica de comunicação.
Dito de outra forma, nem todos vão à UV do PSD.

Marta Rocha disse...

Tens toda a razão! Nem todos sabem/têm estratégia de marketing. Podem eventualmente tropeçar na sorte e projectar o discurso um pouco mais longe, mas sem iludir os críticos. ;) E ainda menos são os que vão à UV da JSD. ;)