domingo, 18 de fevereiro de 2007

Magreza, a quanto obrigas

A recente morte de uma manequim uruguaia cuja irmã também faleceu recentemente enquanto desfilava, veio acicatar esta questão dos tempos modernos que se prende com a obsessão pelo corpo e pela estética, relembrando os riscos que se correm nesta tentativa de encontrar a suposta perfeição fisíca.
Trata-se da oitava manequim vítima de anorexia nos últimos tempos, o que de alguma forma tem suscitado a atenção de todos para esta doença moderna que começa a atingir contornos preocupantes.
Não é para mais. Na sociedade actual o culto dos corpos 86-60-86 (ou mais recentemente “corpos Danone”) é promocionado pelos meios de comunicação, pela publicidade, internet ( é incrível o número de páginas que incitam à anorexia/bulimia e ainda mais nacreditável o seu conteúdo...) – e até por celebridades e ídolos contemporâneos.
O resultado previsivel é que muitos, sobretudo adolescentes, tentem aceder a estes desmedidos estereótipos de beleza, sem olhar a meios para atingir o seu objectivo. Uma vez que não é coisa fácil atingir este padrão de beleza imposto, os distúrbios alimentares são frequentes e quando doenças de foro psiquiátrico como o são a a anorexia e a bulimia começam a ser causa de morte, há que parar, observar atentamente o que se passa à nossa volta e... tomar medidas.
Deste modo, as manequins e modelos têm estado no centro das atenções nos últimos tempos porque a sua imagem de magreza encoraja claramente a estes distúrbios alimentares, principalmente junto da camada mais jovem. Aqui por Espanha uma das medidas que muito deu que falar foi a exclusão das modelos com um indice de massa corporal demasiado baixo, da famosa “Passerelle Cibeles”.
Outra medida que me parece igualmente louvável e que também ocorreu por terras de nuestros hermanos foi a adopção de tamanhos uniformes na confecção de roupa. Deste modo, marcas como Mango, Zara e El Corte Inglés comprometem-se a “homogeneizar” os tamanhos de roupa para que os consumidores não oscilem tanto de número, facto que os poderá levar a crer que estão mais gordos. Outra exigência é que se substitua os manequins das lojas por outros que tenham pelo menos o número 38.
A mim parece-me um excelente ponto de partida, mas há levar a cabo campanhas de sensibilização e de informação que criem nos jovens uma consciência social e uma perspectiva crítica quanto aos distúrbios alimentares e quanto aos padrões de beleza que a sociedade impõe. Os elementos que intervêm na educação desses mesmo jovens (pais, professores, etc) também têm o dever de estar atentos e alertar os mesmos dos perigos que correm, ajudando-os a combater o bombardeio social de que são vítimas.
Claro está que este é um processo complexo e gradual, mas não deixa de ser uma tentativa de combater estas doenças que podem ser facilmente evitáveis.
Ainda que, verdade seja dita, enquanto vivermos numa sociedade em que o físico, a beleza e a magreza são ditos como sinónimos de sucesso e riqueza, a missão parece impossível...

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