Do PSD (e não só) vêm acusações ao Governo, por alegado abuso de propaganda. O caso mais recente foi o do “Simplex”, no qual os deputados social-democratas encontraram várias repetições da dispensa de certidões e da disponibilização de serviços em linha (leia-se, on-line).
Do Governo, por seu lado, e como sempre sucede neste País de pouco pão, vêm as normais perturbações entre ministros e ministros, entre ministros e secretários de estado, e entre qualquer uma destas categorias e os media. Não é novo e, estejamos bem seguros disso, não acabará com este elenco.
Acresce, como terceira premissa analítica, que é aceite (e motivo de queixa de quem passa pelos lugares de mando) o facto de os media actuarem como contra-poder, quando não mesmo como poder em si mesmo, buscando legitimidade de sentença não outorgada pela Constituição, nem cruzada pela legitimidade eleitoral.
No caso do Governo de José Sócrates as razões para enfrentar uma comunicação social com animosidade são acrescidas, já que o enquadramento da nova autoridade reguladora levantou um coro infindável de protestos.
Por fim, há ainda que levar em linha de conta as derrotas eleitorais, sem apelo nem agravo, nos embates autárquico e presidência.
Dito isto, abrem-se os jornais, e as sondagens continuam a mostrar o PS à frente do PSD e o engº Sócrates a passear a sua popularidade, sendo que apenas Francisco Louçã (aqui pelo populismo fácil de apontar a doença sem pensar curas viáveis) consegue ombrear com o nosso Premier.
Normalmente, o dilema resolvia-se por uma de duas vias: ou se demonstrava uma imensa cabala mediática (algo que, mesmo que os proprietários dos media aceitassem, jamais contaria, espero eu, com o assentimento dos profissionais da informação), ou se buscava a origem do problema na oposição.
Porém, admitindo que esta pudesse ser uma explicação, olharíamos para o maior partido da oposição e veríamos que ninguém com uma armada suficientemente forte vai disputar o lugar ao dr. Marques Mendes.
E aqui, continuando o ping-pong lógico, pode dizer-se que ainda não é chegado o momento apetecido, o que favorece, de um ponto de vista ético, a posição do actual líder, já que remete a questão para a pura táctica. Mas pode também acusar-se a liderança, como fizeram alguns, de bloquear a corrida pelo lado dos regulamentos de quotas e afins. Neste caso, cumpre demonstrar e reunir poder de revolução.
Nada disso tendo resultado, anuncia-se que o Presidente procurará fazer do seu politburo uma equipa abrangente, federando tendências várias, por via dos seus nomes mais consagrados.
Estes movimentos são circulares, e os próprios protagonistas são os mesmos, mais ou menos, desde a Primeira República.
Não sou dos que busca no PSD todas as causas dos números que as sondagens vão oferecendo, mas penso que há algo de muito estranho em tudo isto.
Não será que a actual nomenklatura portuguesa perdeu a capacidade de se regenerar, trocando as novas adesões críticas pelo agregar de novos seguidores que se querem dóceis e pouco ruidosos?
Tomara eu conhecê-la, mas de certo que há explicação para a apatia actual…
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