segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Nada de novo

Depois da entrevistam à RTP1, animaram-se as hostes de esquerda (e, provavelmente, parte do CDS) com o alegado desprezo de Cavaco Silva pelas máquinas partidárias.
Com franqueza, só não percebo a novidade...
Muito antes do artigo sobre a "má moeda", o futuro Presidente da República exercera a presidência do PSD com autoridade e distânciamento. E embora "unipessoalização" de um partido seja sempre discutível, há também que reconhecer que foi a última era de dirigentes de marca intelectual forte, precedendo uma fase em que populismo tem sido albergue de discriminação negativa de quem prime pela excelência.
Nem de outra maneira pode entender-se a "execução sumária" de que têm sido alvo algumas das melhores individualidades da área do PSD. Sob o lema de "dirigentes iguais ao povo", por exemplo, o PSD de Coimbra alienou toda uma elite de professores universitários e profissionais liberais consagrados, que hoje fogem da sede de S. José como o diabo da cruz.
Ou, se preferirem, podemos lembrar-nos (mea culpa, com certeza) das listas de candidatos à Assembleia da República, em 2005, das quais foram excluídos nomes de gabarito intelectual e/ou mérito prático. Nem se julgue que falo de mim ou de algum dos meus ex-colegas mais novos (temos tempo ou, no mínimo, guardaremos uma experiência que nem tantos podem auferir), mas fica por perceber como foi possível o autismo de excluir, sem honra nem glória, nomes como os de David Justino, Pedro Lynce, Massano Cardoso, Pedro Roseta, Nazaré Pereira, Suzana Toscano, José Manuel Canavarro, Maria da Graça Carvalho e tantos outros (muitos dos quais nem haviam estado em S.Bento)...

Não aproveitará a ninguém a desculpa mal amanhada da falta de apoio da "estrutura", por dois motivos: por um lado, porque muitos dos que estão também dele não gozavam e, por outro lado, visto que, se é legítimo olhar aos interesses orgânicos, qualquer domínio exclusivo é nefasto em democracia, e essa era uma percepção que, apesar de tudo, era mantida no PSD de Cavaco Silva.
Dito tudo isto por outras palavras, o homem sempre foi assim, o que não lhe retira o facto de ser, a meu ver, o melhor candidato por características várias, das quais destacaria, designadamente, o rigor (que tanta falta faz em muitos espíritos) e o domínio do cerne da agenda nacional e internacional dos próximos tempos que é, evidentemente, de cariz económico.
Por que se apagam Marques Mendes e Ribeiro e Castro, isso já é outra louça; se calhar também foram sempre assim...

4 comentários:

Fernanda Marques Lopes disse...

Se bem que é bom que não subestimemos nenhum dos dois... sendo que, a meu ver, Ribeiro e Castro se tem vindo a destacar ultimamente e a marcar posição, correcta a meu ver.

Há algum tempo que fazia falta ao CDS um líder humanista, sem cair no exagero de ser um "Paulinho das feiras", com o devido respeito pelo Portas e pelas feiras e suas gentes. E Ribeiro e Castro, paulatimanente, tem vindo a conseguir destacar-se, colmatando o vazio de liderança deixado por Portas.
Para mim é também sinónimo de seriedade, pois lembro-me de ter abandonado os corpos dirigentes do meu Glorioso, quando se começou a questionar a seriedade de Vale e Azevedo, não se querendo envolver em assuntos menos sérios, por assim dizer.
Depois, também não seria justa se não evidenciasse que Ribeiro e Castro está a tentar liderar e unir um partido que nem sempre é leal para com ele... pois é, parece que a "facadinha nas costas" está bem na moda! E pensarmos nós que ele pegou na liderança do partido quando mais ninguém o quis fazer (pois é... "falam, falam, falam, mas depois não fazem nada, é claro que fico chateado!")

Um Abraço

Gonçalo Capitão disse...

Confesso que não sabia das novidades...

Também tu, José Manuel?!

el s (pc) disse...

O mesmo se passou no PS - Coimbra, por fim a Coimbra anti-universidade ganhou nas maquinas partidarias e o resultado: uma Coimbra partidaria intelectualmente pobre

Gonçalo Capitão disse...

Uma Coimbra partidariamente miserável, permita-me o upgrade...

A Universidade não é a panaceia universal, mas a rejeição das elites denota a sacralização da mediocridade.

Ouvi relatos de que na última assembleia concelhia do PSD houve defesas oficiosas do poder que lembraram o gesto daqueles a quem se solta a trela.

Haverá solução?