sábado, 28 de janeiro de 2012

«Os exploradores são eles, os explorados somos nós»

Se o discurso de Arménio Carlos desse um livro, não sei bem o que seria. Se um romance histórico, se um tratado sobre conspiração.

5 comentários:

Defreitas disse...

A sociedade Portuguesa, e não só, (conheço outros exemplos na Europa e bem piores,) precisa de fazer uma “toilette” profunda , todos os partidos, claro está, para retirar a estes grupos ideológicos toda e qualquer razão para “slogans” deste teor.

Confesso, que vivendo longe, não conheço todos os actores da política Portuguesa, mas nunca compreenderei, que numa sociedade que sofre tanto, ainda ninguém tenha posto um termo a estes exageros. Ou então não é verdade e nesse caso peço desculpa pelo meu comentário.

Assunção Esteves (PSD), a actual Presidente da Assembleia da República,
reformou-se aos 42 anos, com a pensão mensal (14 vezes ano) de € 2.315,51 .
Fica o Diário da República de 30/07/1998 para vossa informação . Para que
saibam ainda, a Senhora Assunção Esteves recebe ainda de vencimento mensal
(14 vezes ano) € 5.799,05 e de ajudas de custas mensal (14 vezes ano) €
2.370,07. Aufere, portanto, a quantia anual de € 146.784,82. Ou seja,
recebe do erário público, a remuneração média mensal de € 12.232,07 (Doze
mil, duzentos e trinta e dois euros, sete cêntimos) .
Relembramos que também tem direito a uma viatura oficial BMW a tempo
inteiro !

Freitas Pereira

Diogo N. Gaspar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Diogo N. Gaspar disse...

Caro Freitas Pereira, o que julgo ser criticável no discurso da CGTP é que além de corporativista e bafiento, lança desconfiança e faz do sindicato em causa uma força de bloqueio, pois está preso a uma visão da economia mais própria do princípio do século passado do que do que dos tempos actuais. Fácil de entender sabendo que a CGTP não é outra coisa senão um satélite do PCP - o próprio processo de eleição dos actuais dirigentes (da 'ala hortodoxa' como se assumem) foi concertado com o partido. No fundo é uma manifestação da partidocracia. Com isto não quero dizer que os sindicatos abdiquem do seu papel de defesa de quem trabalha, mas acharia melhor que o fizessem com a honestidade necessária. Caso contrário ninguém leva esta gente a sério. Cumprimentos!

Defreitas disse...

Caro Diogo Gaspar

Obrigado pelo seu comentário. Tem razão, os sindicatos são frequentemente as correias de transmissão dos partidos políticos, segundo a tendência.
A perda de aderentes dos sindicatos parece dar razão àqueles que predizem o fim da luta de classes. Entretanto, dum ponto de vista mais largo, podemos constatar que por toda a , os trabalhadores desempenharam um papel significativo nas transformações políticas que marcaram o vigésimo século, exprimindo-se a través da criação ou o reforço de organizações sindicais.

Quem pode negar a influência dos militantes polacos que criaram o sindicato Solydarnosc , contribuindo ao enfraquecimento dos regimes capitalistas de Estado na Europa de leste ? Ou o impacto dos sindicatos negros na África do Sul sobre a estabilidade do poder ? Ou, como ainda recentemente na Coreia do Sul, que mostraram o exemplo aos trabalhadores da Ásia, em luta contra os governos autoritários e o patronato de choque.

Claro que todos sonhamos com sindicatos como os alemães, que sabem negociar com o patronato para o bem comum. Mesmo se ainda há lá choques violentos. Mas na Alemanha os sindicatos são fortes e é sempre mais fácil de negociar com alguém que é representativo.

Só que, para fazer sindicalismo é necessário um formação política mas também, e sobretudo, económica.
Mas também é preciso que o patronato esteja ao nível , sabendo até que ponto podem ir e quando é preciso conciliar os objectivos das duas partes. Chama-se a isto – sindicalismo responsável -, como o que permitiu à Volkswagen de sair dum conflito grave há anos.

Permita que lhe conte uma parte da minha vida. Depois duma carreira comercial no mundo inteiro, fui escolhido pelo accionista para dirigir a empresa de 300 pessoas, 70% engenheiros e técnicos de alto nível, porque se tratava duma empresa leader mundial na robótica industrial.

Na minha firma, existem quatro sindicatos: o mais influente, 65% de aderentes, é o CGT, nitidamente da esquerda e, durante muitos anos, a tal correia de transmissão do PC. ! Agora, o PC morreu e a CGT age sozinha.
O segundo, CFDT, mais acessível mas também muito reivindicativo, procurando não se afastar demais da CGT, porque a “clientela” era a mesma.
Os dois outros, dos quais o CGC, sindicato dos quadros superiores, mais “compreensivo”!

Numa firma desta envergadura existem dois organismos de “peso” : O Comité d’Entreprise, que aí também já existe, e CHCT, onde se discute da segurança e das condições de trabalho.

Eu presidia os dois organismos, que fazem parte da Constituição. Dizendo isto ,a filosofia inerente desta organização é simples : Protegidos pela Constituição, só me resta a possibilidade de procurar a colaboração de todos, em nome do interesse comum, trabalhadores e accionista. Não vale a pena procurar as situações de “força”, a lei exige de colaborar. Os orçamentos, os objectivos, os resultados comerciais e financeiros, os salários, as vantagens adquiridas, tudo tem de ser negociado.
Houve greves ,sim, mas aqui era preciso saber que as greves NACIONAIS, decretadas pelo sindicatos, não valia a pena protestar, mas sim organizar o melhor possível a segurança das instalações. As outras greves, referentes à empresa, eram uma etapa antes da negociação . O que sempre lamentei foi que não fosse possível negociar antes da greve. Mas cada um procura uma posição de força, para assim obter satisfação.
No fundo, sabia bem que mesmo se precedesse por magia à satisfação de reinvidicaçoes mesmo inexistentes, de qualquer maneira, os sindicatos iriam “inventar” outras reinvidicaçaos para justificar a sua própria existência. Reinvidicar é existir. Este é o ponto fraco da democracia.

Mas entre nos, preferi sempre esta situação que a dos países onde não existem sindicatos, como na Coreia do Norte ou Cuba !

Mas o caminho será ainda longo para os sindicatos Portugueses para chegarem ao debate produtivo. Mas muitos patrões também têm muito para aprender neste domínio.

Defreitas disse...

Peço desculpa do texto ser assim tão longo, mas gostaria de acrescentar, que o meu comentário sobre os excessos dos políticos será um problema a não descurar.
Existe uma situação que preocupa os povos onde os problemas financeiros e económicos têm um lugar enorme.
As desigualdades de rendas e de fortuna estão em jogo, mas também o desemprego, e saber se os nossos filhos terão uma vida mais difícil que nos. Uma questão de insegurança económica, de duvida quanto ao futuro
E a insegurança económica e financeira, associada ao aumento das desigualdades no interior dos países e entre eles, pode transformar-se numa causa importante de instabilidade social e política.

Cumprimentos

Freitas Pereira