quinta-feira, 17 de julho de 2008

Sonhos...


Actualmente o povo português já se habituou a este tipo de notícias. No entanto é sempre de lamentar que num país onde se fala, quase diariamente, de TGV, novo aeroporto, auto-estradas em todas as esquinas e na organização do mundial de futebol, não exista uma base sólida económica para estes “sonhos”!

Na minha opinião (humilde, mas minha) concordo com a afirmação de que o problema de Portugal reside na dimensão do país. Não no que na realidade é, mas aquilo que os nosso governantes nos últimos anos acham que somos.

Somos um país pequeno… pequeno mesmo e não temos grandes possibilidades de competir com os grandes mesmo aqui ao lado…

Temos de ter o nosso ritmo e sem dúvida aproveitar da melhor forma as “ajudas” que a Europa nos vai concedendo.

Note-se que somos um país, que embora com muitos sonhos e projectos ambiciosos (alguns apresentados no segundo parágrafo deste post), onde em muitos concelhos não existe saneamento básico ou até mesmo o humilde abastecimento de água potável. Onde crianças precisam de acordar às 6 da madrugada para ter aulas às 8:30horas após uma viagem longa de autocarro por entre montes e quelhas. Onde se fecham hospitais e maternidades em vez de criar dispersão dos serviços e cuidados de saúde… etc.

Os governantes têm de decidir com razoabilidade quais os investimentos e as grandes obras que pensam implementar a curto prazo. A meu ver, pensar grande a longo prazo pode ser a solução do problema maior que podemos estar a criar actualmente.

3 comentários:

freitas pereira disse...

Passo por aqui de vez em quando. Creio que este "post" é um dos mais sensatos que aqui li até hoje. Por vezes, também escrevi aqui no mesmo sentido, isto é, que a falta de visão dos governos, desde sempre, em Portugal, foi de confundir grandeza da Nação em termos de obras monumentais, tais como estádios de futebol, e nível da Nação a través dos cidadãos e da qualidade da vida destes.

Esta foi a razão da "exportação" maciça da matéria mais valiosa de Portugal : os seus filhos, que tiveram e têm que exilar-se para poderem viver com dignidade.

Isto acontece quando os governos não existem para defender os interesses do Povo, mas sim os interesses de grupos influentes em todos os sectores da vida nacional.

Dulce disse...

Megalomania. É este o nosso maior mal, João. Ainda não percebemos que se não sanarmos problemas estruturais não podemos andar pari passu com os grandes da Europa. Cobiçamo-los e queremos os mesmos mega investimentos, esquecendo que a nossa capacidade de projecção e execução é sempre tardia e que quando, por fim, estão concluídos, já caducaram... ...

O caso do TGV é um claro exemplo. Quando estiver pronto estará completamente 'ultrapassado', dados os avanços tecnológicos. Não seria mais profícuo revitalizar as linhas ferroviárias portuguesas já existentes e em tão mau estado?! Para quê projectos desajustados às nossas reais necessidades que não nos salvam da cauda da Europa, bem pelo contrário?!...

Gonçalo Capitão disse...

O facto é, Dulce & João Pedro, que o PSD também defendeu o TGV e o aeroporto, no passado, embora o momento seja mais difícil, hoje.

Porém, deixo para ponderação o facto de os herdeiros de Keynes entenderem que este tipo de investimentos revitaliza a economia. Não sei o que pensar...

Onde concordo totalmente é na parte em que afloras a ideia de um Estado em recuo e sem possibilidade de resolver problemas básicos, ao mesmo passo que também não consegue o pulo definitivo para a modernidade.