Sabem o que diz o tubarão à "tubaroa"?
- Tubaralhas-me!
É melhor começar com uma piadola para desanuviar. De facto, já não sei o que pensar. Sinto-me cada vez mais desiludida e indignada com o Ensino em Portugal, mas não sei se posso atribuir a culpa deste sentimento a alguém que não seja eu mesma...ou então atribuo a culpa a todos nós, como repetiu várias vezes o professor Arsélio Martins (distinguido com o Prémio Nacional de Professores) no debate de ontem na RTP. É que de facto, todos têm culpa e ninguém tem culpa, mas na verdade o que ninguém quer é assumir a culpa e chegar a um entendimento de uma vez por todas. Confesso que, na minha condição de professora, ou melhor, formadora externa de CEF (Cursos de Educação e Formação), a minha tendência é concordar com o "luto" dos professores por vários motivos. A minha experiência nestes cursos leva-me a entender a posição daqueles que defendem que os CEF mais não são que uma forma de melhorar as estatísticas, sem que na verdade tenhamos alunos minimamente preparados. Na minha boa fé quero acreditar que a criação destes cursos teve mesmo como finalidade dar uma oportunidade a alunos que têm imensas dificuldades de aprendizagem e que se sentem desmotivados no ensino regular. Mas depois deparamo-nos com estas turmas e percebemos que, quer haja um mínimo esforço por parte dos alunos, quer não haja esforço nenhum e apenas falta de respeito por colegas e professores, no final todos passam. Esta é a realidade que temos, porque os cursos estão orientados nesse sentido. Claro que há alunos que se esforçam e, de facto, merecem esta oportunidade, mas muitos há que simplesmente não querem saber. Concordo, por isso, com o que se dizia no debate de ontem sobre os programas e a estrutura dos cursos: estão completamente desadequados.
Quanto à avaliação dos professores e à gestão escolar (isto para não falar dos concursos para colocação de professores), já nem sei o que dizer. Estou cansada e ainda agora cheguei à realidade do ensino. Mas posso dizer que gostei de ouvir o professor Arsélio Martins, principalmente quando afirmou que os professores têm de ser tratados com dignidade. É que as políticas do Ministério da Educação (ou melhor, quem as criou) parecem ter escolhido os professores como bode expiatório para todos os males do sistema educativo. Eu sei que tenho pouca experiência, sei também que a minha desmotivação e desilusão se deve, em parte, ao facto de trabalhar com os CEF, mas os professores não podem ser responsabilizados por tudo. A meu ver, todos têm responsabilidade, começando nas famílias (que em muitos casos se descartam da obrigação de dar educação aos filhos), passando pelos professores e acabando no Ministério da Educação, não esquecendo ainda a sociedade civil e claro, os alunos. Será assim tão difícil de perceber que, se não se chegar a um entendimento entre todas as partes intervenientes, as coisas só vão piorar? Admito que criei expectativas elevadas quanto ao debate de ontem, que inocente que eu sou… Claro está que os professores iam demonstrar a sua revolta com criticas directas e questões pertinentes, e que a Ministra ia ser evasiva nas respostas, como pude esperar outra coisa? Atenção, houve pontos de vista com os quais concordo plenamente, mas não vou defender os professores ao ponto de negar responsabilidade dos mesmos em todo o processo. Como já disse, é preciso ceder de parte a parte de modo a encontrar as soluções mais adequadas à realidade escolar que enfrentamos hoje. Não posso deixar de referir que, apesar de não querer desvalorizar o trabalho ou a competência dos responsáveis pelas políticas de educação, é fundamental que estas políticas sejam feitas por quem está no terreno a lidar com as verdadeiras dificuldades todos os dias. Enquanto isto não acontecer, vai haver um fosso enorme entre leis e realidade, entre professores e Ministério.
Volto ao início, estou baralhada. Se por um lado o meu desagrado é evidente, por outro lado não poso deixar de acreditar que tem de ser uma boa Educação a levar este país para a frente.
Sinceramente, em conversa com colegas de profissão manifesto muitas vezes a minha profunda indignação com tudo e, consequentemente, a minha vontade de abandonar o barco e mudar de profissão. Mas, na verdade, seria uma grande cobardia da minha parte não lutar por um ensino melhor. Sempre quis ser professora e agora que sou… estou baralhada!!!! Alguém me ajuda a “desbaralhar”?
- Tubaralhas-me!
É melhor começar com uma piadola para desanuviar. De facto, já não sei o que pensar. Sinto-me cada vez mais desiludida e indignada com o Ensino em Portugal, mas não sei se posso atribuir a culpa deste sentimento a alguém que não seja eu mesma...ou então atribuo a culpa a todos nós, como repetiu várias vezes o professor Arsélio Martins (distinguido com o Prémio Nacional de Professores) no debate de ontem na RTP. É que de facto, todos têm culpa e ninguém tem culpa, mas na verdade o que ninguém quer é assumir a culpa e chegar a um entendimento de uma vez por todas. Confesso que, na minha condição de professora, ou melhor, formadora externa de CEF (Cursos de Educação e Formação), a minha tendência é concordar com o "luto" dos professores por vários motivos. A minha experiência nestes cursos leva-me a entender a posição daqueles que defendem que os CEF mais não são que uma forma de melhorar as estatísticas, sem que na verdade tenhamos alunos minimamente preparados. Na minha boa fé quero acreditar que a criação destes cursos teve mesmo como finalidade dar uma oportunidade a alunos que têm imensas dificuldades de aprendizagem e que se sentem desmotivados no ensino regular. Mas depois deparamo-nos com estas turmas e percebemos que, quer haja um mínimo esforço por parte dos alunos, quer não haja esforço nenhum e apenas falta de respeito por colegas e professores, no final todos passam. Esta é a realidade que temos, porque os cursos estão orientados nesse sentido. Claro que há alunos que se esforçam e, de facto, merecem esta oportunidade, mas muitos há que simplesmente não querem saber. Concordo, por isso, com o que se dizia no debate de ontem sobre os programas e a estrutura dos cursos: estão completamente desadequados.
Quanto à avaliação dos professores e à gestão escolar (isto para não falar dos concursos para colocação de professores), já nem sei o que dizer. Estou cansada e ainda agora cheguei à realidade do ensino. Mas posso dizer que gostei de ouvir o professor Arsélio Martins, principalmente quando afirmou que os professores têm de ser tratados com dignidade. É que as políticas do Ministério da Educação (ou melhor, quem as criou) parecem ter escolhido os professores como bode expiatório para todos os males do sistema educativo. Eu sei que tenho pouca experiência, sei também que a minha desmotivação e desilusão se deve, em parte, ao facto de trabalhar com os CEF, mas os professores não podem ser responsabilizados por tudo. A meu ver, todos têm responsabilidade, começando nas famílias (que em muitos casos se descartam da obrigação de dar educação aos filhos), passando pelos professores e acabando no Ministério da Educação, não esquecendo ainda a sociedade civil e claro, os alunos. Será assim tão difícil de perceber que, se não se chegar a um entendimento entre todas as partes intervenientes, as coisas só vão piorar? Admito que criei expectativas elevadas quanto ao debate de ontem, que inocente que eu sou… Claro está que os professores iam demonstrar a sua revolta com criticas directas e questões pertinentes, e que a Ministra ia ser evasiva nas respostas, como pude esperar outra coisa? Atenção, houve pontos de vista com os quais concordo plenamente, mas não vou defender os professores ao ponto de negar responsabilidade dos mesmos em todo o processo. Como já disse, é preciso ceder de parte a parte de modo a encontrar as soluções mais adequadas à realidade escolar que enfrentamos hoje. Não posso deixar de referir que, apesar de não querer desvalorizar o trabalho ou a competência dos responsáveis pelas políticas de educação, é fundamental que estas políticas sejam feitas por quem está no terreno a lidar com as verdadeiras dificuldades todos os dias. Enquanto isto não acontecer, vai haver um fosso enorme entre leis e realidade, entre professores e Ministério.
Volto ao início, estou baralhada. Se por um lado o meu desagrado é evidente, por outro lado não poso deixar de acreditar que tem de ser uma boa Educação a levar este país para a frente.
Sinceramente, em conversa com colegas de profissão manifesto muitas vezes a minha profunda indignação com tudo e, consequentemente, a minha vontade de abandonar o barco e mudar de profissão. Mas, na verdade, seria uma grande cobardia da minha parte não lutar por um ensino melhor. Sempre quis ser professora e agora que sou… estou baralhada!!!! Alguém me ajuda a “desbaralhar”?
1 comentário:
Eu sei que me fartei de escrever, nem parece meu, mas na verdade tinha muito mais a dizer sobre este tema. Fica só uma ideia, o resto digo ao psicólogo...lol :P
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