sexta-feira, 3 de junho de 2011

Vaticínio

Se tivesse que apostar, diria que o PSD vai mesmo ganhar as eleições no próximo domingo. As razões são, a meu ver, as mais diversas:


1. Pedro Passos Coelho fez uma campanha serena, recusando estilos que não eram o seu e para os quais, aposto também, tentaram empurrá-lo. Conhecendo-o há mais de vinte anos, posso crer que a sua “teimosia” terá vindo em seu auxílio. Passos Coelho trouxe uma brisa de boas ideias e de sinceridade, num furacão de crises, acusações recíprocas entre os partidos maiores e de insanas candidaturas de partidos marginais, cujos candidatos melhor fariam em ir trabalhar.


2. José Sócrates não fez tudo errado, como alguns querem dizer. Porém, seis anos de governação num Estado de viabilidade dúbia e numa crise global só não destroem completamente pessoas com uma auto-estima férrea como o nosso Premier. O PS que se convença que só mesmo Sócrates daria tanta luta, num contexto tão difícil… Guterres, por exemplo, teria fugido há muito, e Seguro nem sequer teria sido reeleito.


3. A alternância (em certos casos parece mais alterne…) tem ciclos cada vez mais curtos. Não só a voragem mediática faz com que tudo (mesmo governos) “passe de moda” mais depressa, como os problemas criados pelo excesso de poder do aspecto financeiro empurram para a rendição políticos (todos) incapazes de tornarem uma pequena economia num grande maná financeiro (ou vice-versa), visto que as regras do jogo estão feitas à medida dos grandes.


4. Como escreveu Marcelo Rebelo de Sousa em 1991, “o CDS é um partido pequeno porque não tem votos e não tem votos porque é um partido pequeno” (cito de cor). Por muito que, merecidamente, Portas (é mesmo ele, não se iludam os militantes do PP) eleve o partido para patamares perdidos na história, só a implosão do PSD os elevaria à condição de challangers. A mim já me basta o facto de, final e aparentemente, o eleitorado ter percebido o que (não vale) o Bloco de Esquerda… Tudo isto, mais uma vez, aponta para uma vitória social-democrata.


5. Mais perigoso é o facto de essa mesma vitória ser marginalmente ditada por eleitorado que vota “apenas” porque está cansado do actual inquilino de São Bento… Há os militantes que votam com entusiasmo, mas creio que a nossa política se rege em fatia demasiadamente larga pela ideia de que há que mudar só para ir rodando os protagonistas da desgraça anunciada. Tirando Passos Coelho e mais meia-dúzia de nomes (re)conhecidos (a era dos barões morre a 5 de Junho, note-se), ficam jovens turcos; “doutores” que sabem recitar normativo europeu e interpretar as bolsas de valores e “engenheiros” que conhecem as “Conferências TED” e que sabem aplicar a inovação às campanhas, mas a quem “ideal social” diz tanto como farinha “Pensal” e a quem o livre pensamento causa urticária e dá direito ao ostracismo.

3 comentários:

Defreitas disse...

"" 5. Mais perigoso é o facto de essa mesma vitória ser marginalmente ditada por eleitorado que vota “apenas” porque está cansado do actual inquilino de São Bento…""


Excelente análise. A injustiça social é uma evidência tão conhecida, ela tem uma constituição tão robusta, que ela parece facilmente natural àqueles mesmos que são as suas vitimas.

E depois, a esperança é o único bem de todos aqueles que já não a têm.

Freitas Pereira

Para a Posteridade e mais Além disse...

péssima ana lise

Para a Posteridade e mais Além disse...

Pot ser que el Ana Lise trigui una miqueta a aparèixer al dente....

é ir tentando