quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Me(r)dia
Descubra as diferenças * (II)
Luciana Abreu, aka Floribella, despiu-se literalmente do papel que a tornou num ídolo das criancinhas e resolveu dedicar-se ao mundo dos adultos.
Não se fala de outra coisa neste país, pelo que é tema a que não fiquei imune, até porque muito me surpreende. É que soou-me a uma certa incoerência.
É certo que é livre de se desvincular de uma imagem que, além de desgastada, já não representa. Mas não sei até que ponto será com esta imagem camaleão, silicone qb e capas ousadas que o conseguirá.
Já agora, vale a pena constatar que a moça não se cultiva lá muito: ao minuto 18 daquele programa revelou desconhecer Manoel de Oliveira. E ainda tem o desplante de andar por aí a anunciar que nesta nova fase da sua vida quer arriscar o cinema... Já diz a sabedoria popular que "dá Deus nozes a quem não tem dentes".
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Nós avisámos...
O mesmo serve para Correia de Campos. Se lesse o Lodo e seguisse os nossos modestos conselhos, talvez tivesse sido poupado à dança das cadeiras. Denunciámos a burocracia que impõe uma reestruturação do SNS e o - imagine-se - desemprego na classe médica; lembrámo-lo frequentemente da urgência de tais reformas e de novos modelos de gestão hospitalar. E houve quem chegasse a ameaçar emigrar tal é o desalento com a saúde deste país! Não é para mais... E não venham dizer que nós não avisámos.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Low Cost
Um desses exemplos é o multimilionário indiano Ratan Tata, dono do Grupo Tata, considerado por muitos como o principal símbolo destes novos magnatas que estão a conquistar o mundo, sendo responsável pela empregabilidade de largas dezenas de milhares de pessoas.
Numa Índia em crescendo onde o meio de transporte mais comum de uma considerável franja da sociedade é a moto, o lançamento do Nano, um carro tipo Low Cost, apresentado este mês no salão automóvel de Délhi pelo Grupo de Tata, promete vir a alterar a face das ruas indianas, onde relatam as histórias que é perfeitamente normal ver-se o pai a guiar a mota, o filho a segurar no volante e a mulher com um bebé ao colo.
Com um mercado alvo bem definido e com um conceito de “ carro para as massas”, este Low Cost automobilístico tem um custo de aquisição na ordem dos 1660€, não tem rádio, airbags, direcção assistida, ABS nem ar condicionado e o motor é de apenas dois cilindros. Outros pormenores que, parece-me, a maioria de “nós por cá” não dispensaria, também foram eliminados.
Caso o Nano pegue entre "as massas" indianas, um país a que quase sempre associámos a sinónimo de miséria extrema com elevadas assimetrias económicas, poderá ter, pelo menos, um meio de transporte mais seguro e familiar para as classes mais desfavorecidas. Numa economia concorrencial onde existe variedade de escolha, o foco no consumidor é cada vez mais uma necessidade.
Estou surpreendido
Como seria de esperar, o Pentágono veio colocar em causa a veracidade dos números do NYT.
Telejustiça à mão de semear
Embora mediatizado até ao tutano, há ainda quem se aproveite deste enredo verídico para lucrar.
Reporto-me à TVI, que exibiu ontem em horário nobre – agora que parecem ter-se esgotado (aleluia!) os formatos de reality show - “O caso Mariana”. Sob a epígrafe, “Casos da vida ”, a TVI ficcionou a história da menina adoptada, que de ficção pouco teve, já que a similitude com o caso Esmeralda foi até aos pequenos pormenores.
Já não bastava os portugueses estarem (mal) habituados a debater a Justiça na praça pública como quem negoceia um saco de batatas, vem a TVI dar uma “ajudinha” ao espectáculo...
sábado, 26 de janeiro de 2008
Sabedoria eterna
Anton Tchékhov, in "O Descuido", "Contos de Tchékhov", vol. VII, Lisboa, Relógio D'Água, Maio de 2007
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Ainda sobre o PSD
Não obstante, não deixo de voltar a preocupação que de há muito me assola: entendo que os partidos, em Portugal, fazem política para a próxima eleição e de uma forma disruptiva. Já lá vai o tempo de um ideal social, em que às pessoas era explicado o modelo de sociedade que se buscava, com a preocupação de fazer com as diversas propostas “encaixassem” umas nas outras.
Pego no caso do PSD porque é aquele que, no espectro político, vivo com mais emoção e na liderança do dr. Menezes pois nele votei, com a esperança de que refrescasse a liderança com coerência.
Confesso (à atenção da maioria do Conselho de Jurisdição), porém, que está a faltar ousadia aprumada e alegria “no trabalho”. Este não é o dr. Luís Filipe Menezes que sempre conseguiu despertar-me uma nota de simpatia e, na última contenda, de apoio, pese embora acalente a esperança de, qual Lisandro na outra margem do Douro, consiga adaptar-se e começar a proporcionar-nos “jornadas de glória”.
Vamos por capítulos; a meu ver pareceu excessivamente provocatório o facto de passar vários dias a incitar os adversários a avançar para clarificar o partido. Este partido, desde que me lembro, sempre foi assim, conspirativo, irrequieto, excepto quando há “comida na mesa” (leia-se, poder), altura em que as tribos repartem e acalmam (embora não com a eficiência socialista…). Sá Carneiro soube-o... Marcelo pagou-o... Durão suportou-o...
Acresce que me parece que o dr. Menezes fez mais ou menos o mesmo a lideres precedentes e cá chegou a sua vez de liderar, sem que tivesse perdido legitimidade por ter criticado.
Depois vem a desastrada ironia (espero que tenha sido essa a ideia, pois, caso contrário, seria apocalíptico) de, para equilibrar as coisas, pedir Ribau Esteves e Manuel Alegre na RTP (um para responder ao partidarismo de António Vitorino e outro para colmatar a alegada imparcialidade de Marcelo Rebelo de Sousa) e, pior ainda, sugerir um comentador partidário do PSD (por causa da distância de Pacheco Pereira) e uma figura do PS crítica da liderança, António José Seguro (anulando Jorge Coelho), na “Quadratura do Circulo” da SIC-Notícias.
Mesmo que tenha resolvido fazer humor (não correu bem…), a coisa tem os seus problemas… Desde logo, mesmo satiricamente, propor-se intervir na comunicação social pública é entrar numa linguagem que censura (e bem) ao PS. Quem não esteja atento (e nem toda a gente vê os noticiários com a atenção de um militante partidário) pode pensar que se deixarem o PSD interferir também, não fará mal que Sócrates e Santos Silva intervenham na comunicação social, como alegadamente têm intervindo. Já no que diz respeito à estação privada a tirada atinge o zénite da inconveniência, já que nem a brincar há lugar a sugerir alinhamentos para uma cadeia televisiva privada. Não estamos em Minsk, nem em Caracas…
Em terceiro lugar, relembro o episódio mais recente: pedir o aumento dos poderes constitucionais do Presidente da República, sem desvirtuar o sistema semi-presidencial.
A mais de ser muito difícil mexer no sui generis equilíbrio de poderes do sistema de governo misto plasmado em 1976, não se livrará o Presidente do PSD de estar a pedir uma alteração da nossa lei fundamental por ter um Chefe de Estado que tem sido contrapeso inteligente ao Governo. Aqui, sob o meu prisma, o erro é duplo: parece confissão de incapacidade e embaraça o inquilino do Palácio de Belém que, não é preciso ser visita de casa para o saber, aprecia recato para pautar o seu papel moderador.
Em suma, registo o que disse no início: nada disto tem um fio condutor e, sobretudo, pouco diz aos eleitores sobre a alternativa que o PSD quer ser. Aliás, voltarei a este registo para falar de assessoria de imprensa...
Resta-me a esperança de serem desacertos pontuais (o dr. Menezes já provou saber fazer muito melhor), com o que, todavia, não se livra de perguntas sobre a forma como se rodeou.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Lei do Tabaco: expliquem-me como se eu fosse uma criança de 4 anos
Já nem me refiro às excepções nos casinos, nas discotecas, nos estádios, nas praças de touros e sei lá que mais.
Um dia destes entrei num café que ostentava à porta o tal dístico vermelho e, uma vez lá dentro, deparo-me com um amontoado de gente nas últimas três mesinhas, a fumarem quais chaminés. Para gáudio daqueles e espanto dos demais, naquelas mesas encontrava-se uma singela plaquinha azul, a permitir tal excepção.
Alguém que faça o obséquio de me explicar isto?
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Aula de Geografia
Quanto à maravilhosa Charlize Theron, saiu-se com esta pérola numa entrevista : "Adorei a Turquia. E a sua capital, Budapeste". E prosseguiu a entrevista a falar de Ankara, mas referindo-se à capital da Hungria.
Uma vez que a gaffe de ambas incidiu sobre a mesma cidade - Budapeste - e numa de serviço público prestado pela Lodo, SAD cabe clarificar que Budapeste é a capital da Hungria. E é somente a sexta maior cidade da União Europeia. Bem como o décimo quinto destino turístico mais popular do Mundo. Considerada património mundial desde 1988, a cidade do Danúbio azul é frequentemente denominada de "Paris do Leste", o que não lhe confere a qualidade de capital de França, como acreditava a moça do concurso.
Coze Ovo e Serve-a
Bem sei que já bati nesta tecla (estou "repetitivo", como diria Dulce Alves...), mas entendo que não é excessivo, nesta altura, voltar à carga, embora com notas prévias: não tenho nada contra a Albânia, em si, não recebo avença da Sérvia e muito menos sofro de islamofobia (abomino os fundamentalistas islâmicos, como abomino todos os fanáticos de qualquer religião ou ideologia política; abro uma excepção benigna: a Briosa!).
Como bem perceberam, estou a falar na provável declaração de independência pelo Kosovo, com base no (desastroso) plano do enviado especial da ONU, Martti Ahtisaari, que alguns países europeus e os EUA se preparam para aplaudir…
Assim à primeira vista, surgem-me apenas alguns “problemazinhos” que convido os apoiantes da causa kosovar a esclarecer e os leitores, em geral, a pensar.
Em primeiro lugar, saberão os artistas que desenharam o próximo mapa da Europa que, sem que seja um mal em si, estão a plantar mais um estandarte muçulmano na explosiva região balcânica… Como disse, esse facto, em si mesmo, não representa mal algum, a não ser que a miséria, a ignorância, a desordem interna e o jugo de máfias estimulem a emergência de fundamentalismo, como em tantas regiões pobres do globo. Mesmo a velha e orgulhosa Albânia é um “pagode” que só visto…
Com o que passo ao segundo dilema: tudo indica que, a não ser com tráficos sortidos, o território será economicamente inviável. Paga quem? Para sempre?!
Em terceiro lugar, penso que pode confirmar-se que existem informações muito precisas (conhecidas pelos governos ocidentais) sobre o curriculum vitae dos putativos dirigentes políticos da eventual república. A ser verdade, o que se vai sabendo (até) em Portugal dava cadeia… Por lá, parece que dá lugares de Estado…
Depois, a provocação clássica: gostava de perder Guimarães, se uma comunidade estrangeira se tornasse maioritária por lá?! Pois relembro que os sérvios olham para o Kosovo como um marco inegociável da sua nacionalidade.
Como quinto óbice, o desafio é pensarmos no precedente aberto e na quantidade de boa gente que vai querer o mesmo, com maior ou menor probabilidade de êxito e com mais ou menos razoabilidade, a começar pelo próprio Kosovo, onde me pergunto qual a legitimidade para não conceder a independência aos territórios maioritariamente sérvios, a norte do rio Ibar. Acresce que os países vizinhos, de seu nome Macedónia e Bósnia e Herzegovina, têm minorias albanesas que podem sentir a inspiração dos vizinhos.
Mas há mais: já que alguns o farão também para desafiar a geopolítica da Rússia, creio que pouca surpresa haverá se, um dia destes, a rapaziada de Moscovo apoiar a secessão da Abecásia (da Geórgia) e da Transnístria (da Moldávia) que, em bom rigor, já se governam a si mesmas, com predominância dos russos e ucranianos (ao menos no segundo caso, é a meias). E como resolver a vocação independentista do enclave arménio de Nagorno-Karabakh (no Azerbeijão)? E, fora de portas, como pensarão os génios da ONU o problema da Somalilândia, na sempre “animada” Somália? Pois, é… Não está fácil… Mas, enquanto isso, vamos asneando por perto.
Por fim, neste capítulo do efeito de carambola vêm-me ao pensamento Espanha (País Basco, para não falar, por exemplo, da Catalunha), Grécia, Chipre (e que interessante será ver a reacção da parte turca), Turquia (o Curdistão deve adorar o Kosovo), Estados Bálticos (atenção às minorias russas), Bélgica (cada vez mais flamengos e valões se distanciam), França (não vá Pristina animar a boa gente da Córsega), Tchetchéchia, e por aí fora, numa sequência de peças (como afirmei, umas com mais objectividade do que outras) de um dominó que pode acabar por cair para fora da mesa da política europeia.
Confesso que acho bonito o apoio filosófico à autodeterminação, mas tenho para mim que outro seria o empenho “ético” do Ocidente, se a aviação da NATO não tivesse escaqueirado Belgrado…
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Sentimento de “filósofo”
domingo, 20 de janeiro de 2008
sábado, 19 de janeiro de 2008
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Aula de Química
Ora bem, vejamos se nos entendemos... E digo que nem especularei sobre a eventualidade da "química" ter sido deflagrada pelo reagente de seu nome "legalização"... Admitamos que o nosso agente descobriu artes de sedução...
A minha questão, que se aplica às relações professor-aluno, médico-paciente, político-auxiliar, chefe-subordinado e por aí fora, é, isso sim, a de saber se não haverá situações em que a ética aconselhará uma auto-inibição não apenas para que se não misturem planos, mas também para que o consentimento seja verdadeiramente livre e a autoridade dada por normativo público (mesmo no caso de ensino e medicina privados) seja impoluta.
Claro está que não podemos ser fundamentalistas; falo de relações directas e imediatas de supra-infra ordenação e do tempo em que estas duram. E mesmo nestes casos, há que admitir que o "factor Ser Humano" conta e pode excepcionar...
Tão pouco alego que não foi esse o caso, antes defendendo que o agente deveria ter guardado o compêndio de Química para o pós-legalização.
Seja como for, abusar de situações de inferioridade é triste. Neste caso envergonha-nos como Nação, se houver prova...
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Doutrina II
Doutrina I
Falando em comentadores...
Abertas as candidaturas
"O presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, sugeriu na terça-feira que António José Seguro integre a Quadratura do Círculo da SIC-Notícias e que Manuel Alegre e o secretário-geral do PSD tenham um espaço na RTP para equilibrar o comentário político.
No encerramento das jornadas parlamentares do PSD, em Vilamoura, no Algarve, Luís Filipe Menezes considerou que o tratamento dado ao PS e ao PSD pela comunicação social é desigual e sugeriu a entrada de novos comentadores, sublinhando não estar a pedir a saída de ninguém.
O social-democrata Pacheco Pereira considerou «anti-democrática» e «ridícula» a sugestão feita pelo presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, de entrada de dois comentadores para a SIC Notícias e RTP para equilibrar o comentário político.
«Se temos um partido político que entende organizar os comentadores em função de regras que não têm a ver com partidos políticos (¿) é a coisa mais anti-democrática que se pode imaginar. Para além do mais é ridículo» disse Pacheco Pereira aos jornalistas, na Figueira da Foz. "
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Descubra as diferenças... *
cineasta português, que embora incompreendido por muitos dos portugueses, não mostra qualquer sentimento de repulsa pelo seu país.
“Portugal deveria tornar-se numa província de Espanha. Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla La Mancha e tínhamos Portugal. (...) Era uma questão a negociar”
escritor português que depois de ter ganho o Nobel da Literatura (em português!), passou a viver em Espanha e a defender a alienação do país e da cultura que o gerou...
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Ah, e tal, a Juventude...
Com efeito, o fim do ano transacto significou também o fim do portal LX Jovem e dos demais organismos àquele associados – as lojas LX Jovem, os gabinetes de planeamento familiar e de aconselhamento e orientação profissional, bem como a plataforma de cooperação e dinamização de um sem fim de eventos por essa Lisboa fora.
A juventude era o móbil de uma pequena equipa que foi gigante no esforço e na dedicação aos jovens alfacinhas e a todos aqueles que por cá (sobre)vivem.
Acresce que ademais de se tratar de um equipa constituída por seis (!!) pessoas, houve um contínuo empenho daqueles em obter apoios financeiros que sustentassem o projecto.
Ainda assim, foi-lhes decretado o fim.
Dá vontade de perguntar ao Sr. Costa e demais vereadores, quantos são os assessores e administrativos inertes que passeiam pelos paços do concelho..?!
Dá vontade de perguntar aos mesmos senhores, se já lhes ocorreu a importância da juventude nesta cidade cada vez mais envelhecida.
Os tais senhores que declamam sem a menor pontinha de remorso:
“Ah, e tal, a juventude... sim, sim, é muito bonita..! Mas é quando está bem quietinha...”
Dá vontade de ripostar:
“Perdoai-os Senhor, que eles não sabem o que fazem, nem tampouco o que dizem!”
(E a mim, perdoem-me a insolência... , mas não resisti.)
Falamos já
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
«Jamais»
“Fazer um aeroporto na margem Sul seria um projecto megalómano e faraónico porque, além das questões ambientais, não há gente, não há hospitais, não há escolas, não há hotéis, não há comércio, pelo que seria preciso levar para lá milhões de pessoas”.
Sou diferente, logo existo... e recebo
Todavia, se há coisa que nunca faço é guiar-me pelas muito letradas prosas dos críticos de cinema que justificam a sua existência e os seus vencimentos, por vezes, fazendo interpretações que nem os realizadores sonharam, apontarem falhas na colocação de uma câmara, que ninguém nota e por compararem os mais intragáveis filmes a obras primas do cinema checo, búlgaro, sueco ou do, salvo honrosas excepções, maçador cinema francês de autor da década de 60 ou 70…
Vamos ver se nos entendemos: quando colaborei na elaboração da chamada Lei do Cinema (que creio prever, em grande medida, o que esta maioria aprovou, embora confesse que não conheço o texto da nova Lei) parti de alguns pressupostos basilares, no actual cenário nacional: desde logo, há que democratizar a fruição dos bens culturais, levando o maior número possível a ver nem que seja um bocadinho de produção intelectual – dito de outro modo, no fraquinho “O Crime do Padre Amaro”, além do manifesto aerodinamismo de Soraia Chaves, sempre fica a ideia da tentação de todo e qualquer ser humano.
Depois, entendo que, dada a miserável parcela do Orçamento de Estado que sempre se reserva para a Cultura (uma vergonha e a clara prova da falta de visão da maioria da nossa classe política), entendo que, não sufocando as chamadas primeiras obras e o cinema experimental e/ou de autor, é imperioso ligar os apoios à receita de bilheteira; ou seja, deve apoia-se quem, por muito “pop” que seja, consiga comunicar com os nossos concidadãos, levando-os a sair de casa ou, pelo menos, a ligar o leitor de dvd – e, dito isto, sublinho que sei bem o que digo, escusando os anónimos parasitas que gostam de receber sem prestar contas (como se tivéssemos que apoiar coisas para serem fruídas pelos autores e pelos amigos, em sessões de contestação ao mesmo poder a quem estendem a mão, regularmente) de se dar ao trabalho de redigir impropérios; tive até o privilégio de ter pública divergência sobre o assunto, entre outros, com Eduardo Prado Coelho, que sabia o que dizia, por muito que não me lembre de, alguma vez, ter concordado com ele.
É com este estado de alma que vos reafirmo que me parece que muitos críticos de cinema – exceptuo, por exemplo, os comentários que vejo na televisão (audiências, a quanto obrigam os nosso “intelectuais” de profissão…) – têm de afirmar a sua diferença, desdenhando o que pode cativar muitos dos seus pares e aclamando o que só uma licenciatura na área das artes, uma personalidade muito alternativa ou uma valente inalação de substâncias plantáveis pode fazer apreciar.
Pego em dois exemplos que – que inculto me confesso, pelo menos, a julgar pelos padrões dos nosso “cultos” de serviço – podem ilustrar o que penso: “Call Girl” e “O Assassínio de Jess James pelo Cobarde Robert Ford”.
O primeiro filme, realizado por António Pedro Vasconcelos, tem, entre outras, a vantagem de retratar com alguma qualidade muito do submundo da nossa política, como costumamos ouvir falar dele (e, já agora, dos meandros futebolísticos). A mais disso, boas interpretações (Soraia incluída, desta vez) e a superação do trauma causado pelo paupérrimo “Corrupção”.
Já o segundo propõe uma lentíssima e quase psicanalítica abordagem da forma como um bandido (Jess James, interpretado – e bem – por Brad Pitt) ganha uma aura lendária ao ponto de ser odiado quem o assassinou pelas costas, naquilo que pode ser uma das primeiras “fabricações” de imagem pública da história recente.
O primeiro filme vê-se com agrado (nem que seja apenas numa abordagem “leve”, pelos episódios satíricos), o segundo exige reflexão, contemplação e nem por isso assegura, a meu ver, uma reflexão cívica mais importante do que aquela que a podridão realista de “Call Girl” nos convida a fazer. O primeiro têm a classificação de “medíocre”, num diário de referência; o segundo oscila entre “bom” e “muito bom”…
Sendo que a opinião é livre, o que me aborrece é que podiam ser os agentes culturais a ajudar a trazer os nosso políticos de volta para o “mundo real”. Porém, ao falarem de coisas que as pessoas não entenderão ou não estão disponíveis para fruir, optam por manter uma elite que se auto-sustenta e auto-contenta, em tertúlias em que “povo não entra”. Morreram e ninguém lhes disse...
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Pelo ralo abaixo
Não é de todo inesperado, este desfecho do folhetim “referendo ao Tratado de Lisboa”. Se ainda havia quem acreditasse que o nosso PM não estava disposto a engolir sapos, eu já tinha previsto este happy end. (Aqui e também aqui).
Não me deixa preocupada a forma de ratificação que nos resta. Até porque - apesar de considerar que a via referendária se coaduna com uma Europa democrática - confesso que mais me atemoriza a forma leviana como grande parte dos portugueses encaram as urnas.
Mas o que realmente por ora me preocupa é o descaramento de Sócrates ao não cumprir com a sua palavra. Pior, que os portugueses se estejam – mais uma vez – a borrifar para isso.
É inegável que numa democracia representativa como a nossa a forma de ratificação que nos resta é legítima e justa. O que está em causa - e isso sim, não é justo... - é que se apregoe representatividade quando dá jeito e se esqueça que é conceito que também vale quando cabe cumprir o que se prometeu. Afinal, estão no Poder porque nós (salvo-seja) os elegemos para que representassem a nossa vontade e para que pussesem em prática as suas vontades, na altura apregoadas de cabeça erguida e plasmadas em programa eleitoral.
Seja como for, o referendo já lá vai. Mas isso é o menos.
Agora quanto às demais promessas de Sócrates & Cia... resta esperar que se cumpram e salvem o país.
Caso contrário, perdoem-me o fatalismo, mas creio que pouco faltará até este ser sugado e ir pelo cano abaixo.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
domingo, 6 de janeiro de 2008
Quem ganhou o Lisboa-Dakar?
Razões de índole política, de segurança, de patrocínios e afins ditaram o cancelamento da prova.
Uma vitória, inequívoca, do terrorismo.
E um precedente que poderá ter as piores consequências, mormente, em vésperas do Mundial de Futebol, pela primeira vez, a ter lugar no continente africano.
A mim, confesso, o cancelamento do evento (perdoem-me o tom popularucho) não me aquece, nem me arrefece.
Contudo, soa-me a qualquer coisa estilo “se não os podes vencer, junta-te a eles”.
E se há coisa que me perturba, isso sim, é ver o Ocidente a ser conivente com o terrorismo, como que a agraciá-los com o primeiríssimo lugar no pódio.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Muito mais do que a Soraia...
De resto, temos de tudo:
- A deliciosa ilustração da carência de meios de que, regular e justamente, se queixa a Polícia Judiciária (quando os dois inspectores estão a reparar algo no motor do carro).
- A mala com a gratificação ao autarca corrompido, em numerário. O mesmo autarca, aliás, que fora fotografado com a Call Girl contratada para o efeito (dos árbitros aos políticos, cada um tem os seus vícios...).
- As regras de vida da dita meretriz, que incluem não levar identificação e não permitir paixão nas prestações de serviço.
- A distinção feita pelo intermediário (Joaquim de Almeida) entre chantagem e suborno, indicando que prefere a última modalidade de "negociação" pelo facto de gerar cumplicidade.
- O telefonema do nosso "Jaquim" - supõe-se que para a cúpula política - para que a insvestigação seja parada por alegadas irregularidades processuais.
- E tantos detalhes magníficos como, designadamente, o facto de o realizador (António Pedro Vasconcelos) fazer uma aparição fugaz (a lembrar a engraçada "mania" de Alfred Hitchcock) e a tirada de Soraia, prostituta de luxo, explicando ao modesto e ainda inocente autarca (Nicolau Breyner) que (cito de cor) "respiro luxo e transpiro Perrier"...
Desde "Camarate" que não via, em Portugal, um filme de tese tão realista. Recomendo, pois verão que "ainda há lodo" na nossa política. Esperemos não ter que, um dia destes, concluir que "só há lodo" na nossa vida pública, agora que os senadores se aposentam e que as novas gerações podem aceitar beijar o anel...
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
C'um Cartago, Anibal !!! *
Dúvidas (Im)Pertinentes III
E julgam que a malta lhes tem de pagar as férias?
Será mesmo assim??