terça-feira, 29 de abril de 2008

Como isto vai...


Não era a RTP que tinha um programa denominado "Bom português" ou coisa do género?! Talvez não fosse nada má ideia recomendar aos trabalhadores da estação pública que o vissem com regularidade, que isto não é uma simples gaffe... é mesmo um erro ortográfico inadmissível a um trabalhador de um órgão de comunicação. Já para não dizer... a qualquer português que tenha mais que a 4ª classe...

A rainha das tecnologias

Tão inteligente quanto bonita, a rainha Rania da Jordânia resolveu dar um outro uso às novas tecnologias e recorreu-se do Youtube para mostrar a realidade do mundo árabe "sem emendas, sem rasuras, sem filtros" e eliminar os estereótipos e preconceitos relacionados com essa cultura.

Com efeito, a carismática palestina de reconhecido trabalho enquanto activista social, lançou aqui um desafio tão interessante quanto inovador. Pretendendo desmistificar a realidade do Médio Oriente - tarefa que se prevê árdua, especialmente quando todos os dias nos são dadas a conhecer tiranias como esta - mostra-se ali receptiva às questões que os cibernautas de todo o Mundo queiram deixar e até meados de Novembro responderá àquelas pela mesma via.

O desafio foi bem aceite, sendo que os acessos ao vídeo aumentam de dia para dia e as perguntas são mais que muitas. E Rania já lançou o primeiro vídeo de resposta.

Eis a prova de que a Internet – e o Youtube em particular – não serve só para a difusão de violência. Pode, e deve ser cada vez mais, uma excelente plataforma para fomentar o diálogo, para desmantelar preconceitos e para o consequente entendimento global.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Lê-se

"O PSD, que bateu no fundo (Rui Rio dixit), exige uma intervenção de emergência. É preciso salvá-lo, dizem. Pois bem: Luís Filipe Menezes facilitou a tarefa aos putativos salvadores, demitindo-se. (...) Para já, é consolador ver como tantos “salvadores” potenciais, na hora da verdade, assobiam para o lado e esperam que seja o vizinho ou a vizinha a avançar. Isto diz tudo sobre tais “notáveis”: quando a luta aquece, ei-los ausentes em parte incerta. É isto um partido. E nunca a expressão “partido” teve aqui tanto cabimento como agora."

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"O P"SD" demonstra ser um albergue espanhol onde os ódios pessoais se sobrepõem às rivalidades políticas, internas ou mesmo externas. Santana, como "líder", não teve um momento de sossego: desde o primeiro instante a oposição interna mobilizou-se para lhe fazer a cama. O mesmo sucedeu com Mendes e Menezes. Alguém imagina que o próximo " líder", seja quem for, deixará por milagre de sofrer a contestação dos "companheiros" e passará a ser encarado com a veneração que os cardeais dispensam ao Papa recém-eleito em conclave? É óbvio que não."


Pedro Correia, jornalista, aqui

domingo, 27 de abril de 2008

PSD profundo (2)

Já vão 12 anos que sou militante do PSD e durante este tempo de militância, exceptuando o período em que Durão Barroso foi Primeiro-Ministro que não me lembro de um único líder que não tenha sido alvo de críticas internas.

A história diz-nos que o PSD é um partido que resiste constantemente à mudança, que não há líder que estando na oposição não seja alvo de críticas internas, seja por razões de índole pessoal, ideológica, estratégica ou mesmo aspirações pessoais e lógicas de grupo (leia-se facções) que anseiam o poder.

Mais acredito nesta análise quando fazendo um rewind até aos tempos de Fernando Nogueira verifico que todos os líderes posteriores, antes de eleitos foram críticos internos: Santana e Durão a Marcelo; Santana e Marques Mendes a Durão; Marques Mendes a Santana; Meneses a Marques a Mendes e last but no the least, uns tais de notáveis que, não querendo ir a jogo há 6 meses resolveram agora criar sinergias em torno da candidatura de Manuela Ferreira Leite.

Não sei o que os outros militantes pensam, até porque não tenho tempo nem paciência para andar a fazer estudos de mercado, mas estou em crer que o tal PSD profundo de que Alberto João Jardim fala está farto daqueles felinos cujo historial se pauta por intentos estratégicos cujo primordial objectivo é o da marcação de território, apostando no desgaste e ficando expectantes para o assalto à iguaria...

PSD profundo (1)

Há 6 meses atrás eu não acreditava em Menezes e muito menos em Marques Mendes, tendo por isso votado em branco. No entanto após o conclave, como muitos outros militantes, dei o benefício da dúvida na esperança de poder posteriormente vir a dizer que estava enganado, como em tantas outras ocasiões. Aliás, a política é fértil em enganos... Mas não, infelizmente não me enganei. Luís Filipe Menezes ainda não foi o líder por quem o PSD tanto anseia.

Meneses não foi um bom líder nem o poderia ser. O triângulo Menezes – Santana - Ribau não motivava, colocava as expectativas baixas. Santana Lopes era um fardo demasiado pesado para ser carregado, Ribau um personagem...

A estratégia de vitimização não resulta em quem de vítima nada tem. Para combater ataques internos é preciso ter arcaboiço, capacidade de liderança e de comunicação, é preciso por vezes ceder, falar para todos e não enveredar por discursos que tenham o intuito de segmentar o partido entre notáveis e não notáveis...

O Expresso passou-se

O Expresso deste fim-de-semana passou das marcas.
Colocar um fundo preto com a imagem de Santana e escrever com letras garrafais “Voltou” não é jornalismo de informação, é manipulação.
Nas minhas notas pessoais a palavra “Socorro” precede esse “Voltou””. Mas eu sou militante com as quotas pagas, o Expresso não.

sábado, 26 de abril de 2008

Resistência à mudança

A história a seguir foi-me contada por um colega de faculdade aquando da preparação para a apresentação de um trabalho de grupo. Infelizmente não sei a fonte e já aqui a relatei, mas dado o momento parece-me boa altura para a partilhar novamente.

O nome rábula é “os cinco macacos” e refere-se a um estudo científico em que um grupo investigadores resolveu colocar cinco macacos numa jaula, e no meio, uma escada, e sobre ela, um cacho de bananas.

Quando um macaco subia a escada com o intuito de chegar às bananas, os cientistas jogavam um jacto de água fria aos que estavam no chão. Passado algum tempo, quando um macaco tentava subir a escada, os outros pegavam-no e enchiam-no de pancada.

O que se veio a assistir posteriormente é que nenhum macaco tentava subir mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas resolveram introduzir variáveis no estudo substituindo um dos macacos da jaula por outro novo. Chegado à jaula, a primeira coisa que ele fez foi subir a escada, sendo no entanto dela retirado pelos outros, que o surraram.

Passadas algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada. Um segundo foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato. Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto, e por fim, o último dos veteranos foi substituído.

Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo experimentado o banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar nas bananas.

Moral da história: se fosse possível perguntar a algum deles porque é que eles batiam em quem tentasse subir a escada, quase de certeza que a resposta seria: "não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui".

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Lê-se

"Portugal é um país tendencialmente de direita e preferencialmente do Benfica. Daí que me pareça legítimo dizer que o PSD é o Benfica da política, ou se quiserem, o Benfica é o PSD do futebol. Isto é, têm tudo para ganhar e depois não ganham. Isto é, têm toda a gente do lados deles como se estivessem sempre a jogar em casa e comportam-se como se estivessem a jogar no estádio do Panathinaikos. E não estão. E as pessoas fartam-se. E deixam de ir ver os jogos. E de votar. E às vezes – só por perrice – votam nos outros como protesto, da mesma forma que às vezes queremos que o Benfica perca, só para o treinador ir embora de vez. "
Fernando Alvim, comunicador, aqui

quarta-feira, 23 de abril de 2008

um dó li tá

Não é difícil deduzir, pelo que por aqui tenho escrito, que gostaria de ver Menezes de novo na corrida à liderança do PSD. Não tenho dúvidas de que LFM levaria a melhor nesta concorrida maratona laranja e alcançaria a desejada relegitimação.
Não obstante, de nada vale cogitar sobre isto porque Menezes já garantiu que não se recandidata. Despediu-se esta noite da direcção do PSD e voltou à condição de mero militante. A prova de que, ao contrário do que por aí se disse, a sua atitude foi genuína, longe de ser taticista ou mesmo ardilosa.
Agora, e apesar do já vasto leque de candidatos e prováveis candidatos à liderança do PSD, a decisão de voto afigura-se tarefa árdua. Pedro Passos Coelho parece-me o mais consistente e congruente. Ainda assim, creio que esta sua candidatura é precoce, pese embora não duvide das suas capacidades – cabendo aqui destacar-lhe a sobriedade, característica que escasseia na classe política.
A avançar, a candidatura de Manuela Ferreira Leite será histórica. É a primeira mulher a concorrer ao cargo na história do PSD. Mas não é pela lógica cor-de-rosa (que é como quem diz, solidariedade feminina) que Ferreira Leite contará com o meu voto.
De Patinha Antão e Neto Silva cabe dizer que é louvável a disponibilidade de ambos quando outros militantes da mesma liga encolhem os ombros, mormente, aquele que ‘ajudou à festa’ mas que chegada a hora de encetar um novo capítulo, resolveu recuar.
Quanto à hipótese Alberto João Jardim, só a visão de tal cenário enche-me de medo. É inegável que é homem de valor e de obra feita - recentemente reconhecida pelas mais eminentes personalidades deste país - mas é também figura carnavalesca. E o partido não se pode dar ao luxo de andar a brincar às máscaras nesta época pouco festiva.
Já o possível regresso do menino guerreiro é-me incompreensível. Dizia Churchill que em política morre-se muitas e repetidas vezes; mas ou Santana tem problemas de memória ou ainda não se apercebeu que a sua ressurreição não é – por ora - desejável ao partido, por muitos discípulos que tenha por aí fora...
Até 23 de Maio, quantos mais se irão perfilar? Seja quem for, não há dúvida: para mim, isto só vai lá com a táctica do “um dó li tá”...

É por estas e por outras...

No Irão, recolher assinaturas para pedir igualdade de direitos no casamento, divórcio, herança e custódia de filhos configura perturbação da ordem pública, pelo que nos últimos meses várias dezenas de feministas foram presas. Três delas já conhecem a sua pena - um determinado número de chicotadas e o inevitável encarceramento.
É por estas e por outras que - pese embora um facto não tenha estritamente a ver com outro - não são de todo descabidas, nem me soam a insensatas estas declarações da Sra. Clinton.
«Obliterar o Irão» - perante tamanha tirania, por que não?...

Diz que é uma espécie de jornalismo


Li há pouco o artigo do Correio da Manhã sobre a vida familiar de Luís Filipe Menezes. Podia até ser prescindível levar o número para o último Prós e Contras mas, mesmo assim, não me espanta o alarido de Zita Seabra. Capa da revista Vidas, suplemento cor-de-rosa daquele diário, o tema resume-se a uma ‘notícia’ pretensiosa, incita e incómoda. Em suma, tudo tabloidês, e do bom.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Responsabilidade Social: ética empresarial ou... fogo de vista?


Não restam dúvidas de que a Responsabilidade Social está na moda e que cada vez são mais as empresas e organismos que revelam preocupar-se com as questões sociais e ambientais. Hoje, Dia Mundial da Terra, foi clarividente a aposta de alguns sectores na sensibilização da sociedade civil para as problemáticas ambientais. Dos jornais e televisões - que fizeram pertinentes referências à data - às empresas - que anunciaram como têm vindo a fomentar as boas práticas ambientais - até as autarquias, empenhadas em melhorar qualidade de vida local e em contribuir para um mundo mais verde.

Em Lisboa, a cadeia de gelados Ben&Jerry’s associou-se à CML e à Quercus e promoveu uma campanha ambiental intitulada “Assine o compromisso por uma Lisboa mais limpa e sustentável”, a qual incentiva a população a contribuir para a produção de energias renováveis, o aumento de eficiência energética e a redução de emissão de gases com efeito de estufa. Mas este não foi um caso isolado, porque pelo país não faltaram iniciativas idênticas, ainda que mais ou menos mediatizadas.

Se ainda tinha algumas reservas quanto às boas intenções das empresas em assumir este tipo de compromissos - duvidando desta súbita vaga de sensibilidade e ética- hoje pelo menos verifiquei que há efectivamente positivos sinais de mudança de mentalidade dos portugueses. Espera-se é que esta moda não seja efémera. Que seja para ficar e que não se resuma somente a uma atitude puramente estratégica.

Eu ia por aqui...

Toca a reunir... Vamos a ver se é desta



Já calculávamos que a direcção de LFM não seria legitimada por muitos dos quadros do PSD.
E não vale a pena o discurso da vitimização "ah e tal, não trabalhava porque ninguém deixava" ou atribuir culpas a qualquer caso Câncio mal divulgado.
Um líder legitima o seu programa (qual programa?) quando se mostra competente, capaz de mobilizar, recto e credível o que parece não ter acontecido nos últimos meses.

Melhor assim, arrumar a casa ainda em tempo útil antes de 2009. Ideias concertadas preisam-se. Um líder capaz de pegar no que de melhor existe dentro dos sociais democratas também seria, sei lá, essencial.

(muito honestamente, já estava com algum receio do possível regresso das práticas de voto rápido - Valentins, política à esquerda demagógica do PS...)

É altura de agradecer também à estimada comunicação social o papel preponderante que teve para antecipar o inevitável.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Reprovada


Confesso que por vezes chego a sentir pena de Maria de Lurdes Rodrigues, que é uma espécie de bode expiatório dos males que corroem a Educação neste país. Hoje tenho pena da Sra. Ministra por um outro motivo que, inevitavelmente, se prende com as suas últimas declarações - particularmente infelizes - afirmando que os alunos (esses seres incompreendidos!) «não devem chumbar, porque com isso desaprendem».

Engraçado, eu ia jurar que reprovar um aluno tem precisamente o efeito contrário, penalizando-o devidamente pelo desempenho abaixo do mínimo exigível e obrigando-o a esforçar-se em adquirir um conjunto (mínimo, vá lá...) de conhecimentos indispensáveis à sua progressão pessoal, intelectual e, concomitantemente, escolar.

Convém dizer à Sra. Ministra que o que é contraproducente é levar os alunos ao colo como se fossem eternas crianças, facilitar-lhes a vidinha logo de pequenos para mais tarde se tornarem cidadãos mal preparados, displicentes e indefesos. O acto de reprovar não tem que ser visto pelo prisma único de castigo ou penalização do aluno por não estar apto para progredir; podendo e devendo antes ser visto como uma oportunidade concedida ao aluno de reaprender e adquirir aquilo que é essencial à sua progressão. Daí que, “perder o ano” possa, em muitos casos, significar um ganho e não uma perda.

Ao longo do meu percurso escolar vi muito professor penalizar os bons alunos ao mesmo tempo que se enterneciam pelos maus alunos. Se dar um 18 era uma verdadeira dor de cabeça, esticar um 8 e qualquer coisa até um 9 e qualquer coisa para, por fim, se brindar um aluno com um 10... era o pão nosso de cada dia.

Injustiças à parte, o que é que resta daqueles alunos que, de ano para ano, passavam à conta da benevolência dos professores? Muitos deles avançaram no percurso escolar até um ponto em que já não conseguiam acompanhar os demais, acabando por desistir...
Outros podem até ser hoje licenciados, mas as falhas primitivas de educação não deixam de aflorar – um breve exemplo para concretizar: conheço um recém licenciado que desde os tempos do liceu persiste em escrever “talvez” com ‘s’... ... entre um sem fim de erros ortográficos que envergonham até a sua mãe, senhora que se cingiu à “4ª classe” de outrora.

Não há dúvida de que um sistema facilitista tornará as próximas gerações ainda mais medíocres que as actuais. Bem, mas talvez seja isso que convenha à Sra. Ministra e ao seu governo: cidadãos que desconheçam os seus deveres/poderes na sociedade, cidadãos que não saibam reconhecer a importância de boas bases educacionais, cidadãos inábeis, estéreis e sem qualquer réstia de consciência.
* cartoon retirado daqui.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Fruta a mais

Quando se noticiou que um empresário decidira investir cerca de 38 milhões de euros no Boavista e olhada a "pinta" do dito, fiquei a pensar na verdade que havia em tamanha cornucópia...

A marca "Boavista" tem mercado curto e, por isso, não se entendia que lucro previra o empresário, assumindo que jamais se apresentou como filantropo.

Não foi preciso esperar muito: a edição on-line do jornal "Sol" adianta que Sérgio Silva (o empresário) foi detido pela Polícia Judiciária, no Estádio do Bessa.
Lamentando a situação pessoal do plantel boavisteiro, confirma-se que os tempos estão pouco para milagres.

Vou, mas volto já

Volto à prosa extra-futebolística a propósito de mais um foguete do imenso foguetório em que se tornou o PSD.

Sobre a demissão de Luís Filipe Menezes, apetece-me falar de duas evidências: em primeiro lugar, entendo que talvez fosse o único caminho, dada a contestação permanente que lhe vem sendo movida.


Em segundo lugar, esta antecipação de eleições parece-me coisa dos velhos tempos de liceu ou das listas da JSD; até pode ser que nem dê nisso, mas esta de pedir a demissão, marcar eleições no prazo de 30 dias (não dá para quase nada), não negar a recandidatura e continuar on tour pelo partido lembra um truque para tirar coelhos da cartola (leia-se, adversários da penumbra).

As perguntas que deviam ser feitas têm a ver, creio eu, com outros pontos, já que o argumento de que há contravapor soa voz de falsete. Desde que me lembro que há turbulência interna no PSD e isso sempre pôde ser visto como um estímulo a liderar mais e melhor. Mesmo nos tempos do Professor Cavaco Silva (em que o unanimismo era visto, mesmo sem encomenda, como regra), Pedro Pinto fazia uma lista alternativa ao Conselho Nacional. Por seu turno, Durão Barroso sempre viveu com contestação, Santana Lopes sofreu "pontapés na incubadora" e Marques Mendes foi espalmado...

Acresce que me parece ilustrativo do estado da arte o facto de o grémio laranja ter passado dias incontáveis a debater o programa de Fernanda Câncio na RTP, em razão de uma eventual relação pessoal com o Primeiro-Ministro. Aqui chegados, detenho-me por algumas linhas para analisar uma das mais monumentais asneiras cometidas pelo PSD, nos últimos tempos e que surpreende em Agostinho Branquinho e Ribau Esteves (já no Vice-Presidente que embarcou na prosa não surpreende o mote, achando mesmo prestigiante saber que a falta de apreço é recíproca, como ainda recentemente, num jantar público e em modo vernáculo, fez questão de atestar); entendo que jamais deve fazer-se política invocando assuntos íntimos (sejam insinuações sobre "colo" ou estas), ainda para mais quando se trata de uma profissional com currículo. Jamais me ocorreria que um militante do PS questionasse algum(a) profissional de comunicação social por qualquer relação pessoal que tivesse com um destacado dirigente do PSD, por muito que aqui fosse jornalismo político e além (Fernanda Câncio), aparentemente, não. Posso estar a ser ingénuo?!... Talvez, mas insisto que havia mil e um temas que os portugueses apreciariam ver na agenda do PSD, antes deste...

Dirão alguns, por outro lado, que o dr. Menezes se rodeou mal. E fui eu que fiz a equipa?! Em um ou dois casos até posso achar que faltou arrojo, mas o mais apropriado é dizermos que, a seguir ao esmagamento de Marques Mendes, havia condições para tudo e mais umas botas.
E também digo - como disse no passado - que o ressurgimento de Pedro Santana Lopes, por muito que estivessem os dois carregadinhos de boas intenções, seria sempre foco de dispersão de atenções (este já foi o que Menezes queria ser, a mais de o primeiro deter a inestimável tribuna parlamentar) e assunto de partilha de espaço, já que o ex-Premier fizera as listas e tem a sua pleiâde de seguidores (uns melhores, outros piores e outros fraquinhos, como em todos os plantéis). Se pensarmos bem, entre voltas a Portugal e giros políticos, muita confusão se instalou e muitos desmentidos se produziram.
No meio de tudo isto, avanço três ideias "Kodak" (ou seja, para mais tarde recordar...):
  1. É difícil que os cálculos falhem, mas pode sair o tiro pela culatra, se a ideia era antecipar para ganhar de caras.
  2. Não acho que a medida vá acalmar o partido. A contestação, mais ou menos assumida, vai continuar e a sanha saneadora "à Mendes" sempre enlameou mais do que limpou.
  3. Menezes recandidatar-se-á.

A cura do PSD


Em Setembro passado Luís Filipe Menezes ousou pegar num PSD moribundo, fez o pertinente diagnóstico, passou uma receita médica bem legível e sujeitou-a ao escrutínio dos sociais-democratas. Volvidos seis meses de tratamento e não se verificando claros sinais de melhoras, Menezes reconhece que “o partido está muito doente”. Não precisava de nos revelar o exame porque é perceptível que a reabilitação não correu como seria de esperar. Durante este meio ano, se houve alturas em que se adivinhava um sinal de recuperação, logo ocorria uma súbita e incompreensível recaída.

Menezes, como é sabido, é médico de reconhecido profissionalismo. Porém, esta enfermidade que vem arruinando o PSD não é passível de cura quando não há anticorpos que exterminem os progressivos agentes invasores. É certo que o vírus só se propaga se encontrar terreno favorável a isso. Mas havendo partes do corpo que rejeitam automaticamente os fármacos administrados sem lhes dar hipótese de qualquer actuação..., torna-se desgastante prosseguir o tratamento e utópico manter a esperança na convalescença.

Menezes não está no partido apenas para lhe administrar sucessivos cuidados paliativos, mitigando-lhe o sofrimento. Menezes acredita na cura – ainda que paulatina - do PSD. Não obstante - prudente que é - resolveu não fazer uso abusivo de antibióticos e decidiu que cabe agora auscultar de novo o doente, apurando a sua receptibilidade a novos agentes terapêuticos.

Se me permitem, o meu relatório médico recomenda que Menezes insista no tratamento, pese embora as contra-indicações e os eventuais efeitos secundários. Sim, o partido está débil. Mas é uma questão de reforçar o sistema imunitário, reforçar as defesas. Cabe uma primeira fase de vacinação para afastar os previsíveis micro-organismos - já a 24 de Maio - e depois é ir administrando as restantes doses com a devida precaução, aguardando por positivas reacções pós-vacinais.

O curioso é que no PSD há quem aja qual criancinha. Os que fazem birra por tudo e por nada, que falam muito - e à toa – e que chegada a hora de levar a ‘pica’ recuam, fugindo à seringa, subitamente medrosos. A esses cabe adverti-los – para já - de que esta síndrome da maledicência, do conluio, da cobiça e da ambição pode ser fatal. Não particularmente para o líder ora cessante, mas para o partido, para os seus militantes e, irreversivelmente, para o país. É que não é só o PSD que está enfermo. O país também. E não restam dúvidas que da eficácia do tratamento de um, depende a sobrevivência do outro.

A demissão


Luís Filipe Menezes demite-se, depois de seis meses de liderança e sete de pancada: dos notáveis, que enfrentou em nome de um projecto de devolução do poder às bases; de uma comunicação social impiedosa, que, explorando a falta de coesão interna do partido e da própria direcção nacional, muito contribuiu para o desgaste da sua liderança. Nas últimas semanas, figuras desta direcção, proferiram afirmações incompreensíveis, às vezes inaceitáveis. Fácil de entender a dificuldade em fazer uma oposição credível ao governo socialista. Seria coerente com a sua narrativa que Menezes se voltasse a apresentar a votos, nestas directas. Mas com este estado da arte e perante os adversários que se aproximam, o seu regresso, que alguns desejarão, não passará de uma miragem.


quinta-feira, 17 de abril de 2008

Boa opção

Sabe a pouco

Só eu sei porque fiquei em casa...



Como que a antever tal desgraça - quando ainda nem tinha recuperado desta – ontem optei por um serão bastante mais tranquilo e menos propício a ataques cardíacos. Bem diz a minha mãe que meninas como eu não são talhadas para o futebol. Ou, pelo menos, para o esquizofrénico futebol praticado pelos encarnados...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Entretanto...


... por aqui as coisas pouco mudaram. Se Mugabe já era um tirano, agora revela-se tirano a dobrar. Continua a socorrer-se de todas as manobras para adiar os resultados das eleições e orquestra uma qualquer estratégia para subverter a vontade do povo. Pelo país, alimenta-se uma espiral de violência e antevê-se o pior dos cenários, a par da convocação de uma greve geral pelos partidários da Oposição.
Reacções? Entre os líderes africanos, uns (Tanzânia e Zâmbia) já manifestaram preocupação, outros não estão para aí virados ( Angola e Namíbia). Quanto à Europa, somente os habitués - Reino Unido - se pronunciaram: Gordon Brown e o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros. O pedante Mugabe desvalorizou, dizendo que «Brown is a little tiny dot on this world». Um pequeno ponto, ou não, o certo é que no seio de uma comunidade internacional cega, surda e muda, o PM inglês marca de novo pontos - sendo que é dos poucos a apontar corajosamente o dedo ao execrável comportamento de Mugabe.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Ainda o 'Coelhone'

O tema já não traz novidades. Durante a semana que passou jornais e revistas abordaram a ida de Jorge Coelho para a construtora Mota-Engil. O Ministro das Obras Públicas do Eng.º Guterres, que apesar da formação académica em gestão empresarial não teve um percurso nessa área, foi recrutado por aquele gigante do betão, que assume a construção de muitas das obras públicas em Portugal. Ao longo da semana imagens como as que Visão publicou, nos tempos idos do PREC e da barba à Che, bem como histórias sobre a sua vida, foram aparecendo.

Homem do aparelho, como dele se diz, foi a partir de 1995 que assumiu a pasta das Obras Públicas, no governo presidido por Guterres. Em 2001 abandonaria o cargo, na sequência da queda da ponte de Entre-os-Rios. Como Ministro interveio em negociações entre o Estado e a Mota-Engil.

Argumentam alguns que passaram sete anos passados sobre a tutela do Ministério, como se fosse uma espécie de período de nojo cumprido. O que faria algum sentido se o problema estivesse no passado. Não é o caso, assim como não é apenas, como nos fazia crer Francisco Louçã, na condição anfíbia dos nossos políticos, a pulular entre o público e o privado, já que estes não podem viver da política toda a vida. O problema está no futuro – esse que José Sócrates anuncia, em pré-campanha, recheado de estradas, pontes e barragens – sem dúvida, algo com muito mais saída, junto do eleitorado, do que a aposta na economia do conhecimento, ou a reforma da Administração Pública, até aqui instrumentos para construir um país mais moderno.

Na Quadratura do Círculo de 9 de Abril, que contou, pela última vez, com a presença de Jorge Coelho, Pacheco Pereira, não deixou (e bem) de comentar a saída de Coelho. No dia seguinte, a imprensa, no geral, descrevia, mediaticamente, o momento como tempestuoso. Coelho permaneceu mudo e calado. Mas fez mal – deixa-nos sem esperança que as coisas possam ser diferentes, que haja algum sentido ético e limites para as suas influências, que não haja uma monopolização da construção pública, que não favorecerá a corrupção, que não contribua para a supressão do interesse público e que não perverta ainda mais a nossa jovem democracia. Como escrevia hoje no JN Mário Crespo, «perde-se o pudor, fica-se com o poder».

sábado, 12 de abril de 2008

Maré Negra

Se não visse a Briosa a esmagar o Benfica, na Luz, não sei como explicaria os 3 a 0. Tendo sentido a felicidade de estar lá, apenas vos digo que foi justo e lindo!...
Lendo a "bíblia" da águia, ainda podemos ir mais longe no sublinhado do cariz histórico desta vitória:
  1. Há 54 anos que a Académica não vencia o Benfica, em Lisboa.
  2. Foi a segunda vez que tal aconteceu. Na primeira ainda nem havia Estádio da Luz.
  3. Ao longo da sua história, em casa, apenas em oito ocasiões o Benfica perdera por três ou mais golos.

Em jeito de homenagem, ficam os nomes dos marcadores:Miguel Pedro, Berger e Luís Aguiar.

Todos estiveram muito bem, mas guardo um abraço para o imenso Pedro Roma.

Lê-se

«Muitos dos nossos políticos debatem, indignam-se, criticam, contestam, propõem, mas perante tão grande ruído acabam por se desacreditar a si próprios. Por outras palavras, fica-se com a sensação de que ninguém tem uma ideia convincente, uma verdadeira solução política (...). De resto, esta alternância entre o exibicionismo narcísico dos dotes oratórios e a obsessão histérica pelo palco mediático, leva-nos a suspeitar que, por motivos insondáveis, o «político fazedor» foi obscurecido pelo «político palrador».
Pedro Afonso, in Público

Descubra as diferenças (V)

Consta que desta feita Hugo Chávez terá decretado o fim da exibição d'Os Simpsons numa televisão privada (sublinhe-se), invocando que aquela mítica série infringe deveres de responsabilidade social (até lá este conceito está na moda...).
Aliás, o governo de Chávez foi mais longe e garantiu que aquela hilariante família que nos acompanha desde pequenos influencia negativamente a criançada - mãe, está desfeito o mistério de teres uma filha cuja infância foi atípica! ...
Acatada a ordem, procedeu-se à substituição da série, pelo que agora naquele espaço televisivo pode ver-se Baywatch (Marés Vivas).
Percebe-se: uma família norte-americana estereotipada, humor inteligente e a ironia certeira dos Simpsons incomodam muita gente. Já o mesmo não se pode dizer da edificante Baywatch: miúdas giras em bikini, affairs de Verão e turistas deglutidos por tubarões.
Eis a mais recente benção matutina dos venezuelanos. Avé Chávez!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Campanha II

Aproveitando a infinita benevolência do plantel da Lodo, S.A.D. e o bom balneário que temos, continuo em campanha, republicando um artigo, dado a conhecer na 4ª feira, em Coimbra.


Sendo parte interessada, não deixo de, assumindo-o, voltar a pedir a vossa atenção para as eleições que, na próxima segunda-feira, dia 14, determinarão quem dirigirá a Académica (Organismo Autónomo de Futebol) nos próximos três anos.


Faço-o, desde logo, porque entendo que, numa agremiação desportiva como a nossa, alguns pontos não podem sequer merecer mácula; falo do cumprimento pontual das obrigações para com o Fisco e a Segurança Social. José Eduardo Simões tem cumprido – assim mostram os dados (não auditados) relativos ao primeiro semestre do exercício (época desportiva) em curso.

Depois, é crucial que os atletas e demais colaboradores sejam remunerados com equilíbrio, mas a tempo e horas. Aquilo que devia ser a regra, sabemo-lo, é cada vez mais raro em muitas empresas e mais ainda em clubes de futebol portugueses. Ao que pude apurar, quase sem excepção (sempre plausível e de somenos importência), José Eduardo Simões tem cumprido.

Em terceiro lugar, entendo que uma instituição centenária como a AAC e os seus “spin offs” (ou seja, as organizações que decorrem da casa-mãe) têm que estimar a sua caminhada pelo tempo, preservando os locais da sua memória e, se possível, aumentando o património a legar às gerações vindouras. Conservando a Sede dos Arcos do Jardim e investindo numa funcional e excelente Academia de formação e treino, José Eduardo Simões tem cumprido.

E, por falar em Academia Briosa XXI, quantos clubes podem gabar-se de ter uma infra-estrutura desta qualidade e utilidade, designadamente para que, a prazo, a Académica possa voltar a apoiar-se mais na prata da casa? A isto acresce o facto de, remando contra a maré (diria mesmo, contra o tsunami) do profissionalismo exacerbado, o actual elenco incentivar o estudo e pagar as propinas dos atletas que queiram aprofundar o seu desenvolvimento pessoal e a sua mais-valia cívica. Para os muitos que acreditam que a formação é essencial e que o dinheiro não deve ser o único valor que as pessoas desejam, José Eduardo Simões tem cumprido.

Mas como, acautelado o futuro e acarinhado o passado, importa gerir o presente, regista-se o combate ao passivo e a concomitante parcimónia na aquisição de passes de atletas. Por certo, é mais fácil entrar para a História e para o coração dos adeptos usando de espalhafato e contratando tudo o que mexe, na certeza de que outros pagarão “a conta”. Contudo, eu entendo que, mesmo passando por sobressaltos (como o actual percurso) e até arriscando (espero que nunca se dê o caso) um dissabor, só uma Académica gerida com rigor, sobriedade e contenção pode lançar as bases de uma permanência imorredoira no primeiro escalão do nosso “pontapé na bola”. E aqui, de igual forma, José Eduardo Simões tem cumprido.

É por tudo isto que, a mais de garantir o futuro da Académica, estará em jogo uma questão de gratidão quando, entre as 10 e as 22 horas de segunda-feira, equacionar votar em José Eduardo Simões…

A transição

O processo eleitoral que (ainda) decorre no Zimbabwe assumiu, a partir daqui, contornos preocupantes. Em Dezembro, os holofotes da Cimeira UE/África, cuja vinda de Robert Mugabe foi vagamente turística, mal focaram o desrespeito gritante pelos direitos humanos que se vive naquele país.

A situação que tem marcado estas eleições – de manifesta falta de transparência e de opressão militar antes de uma possível segunda volta das eleições – faz repensar, depois de supostamente reforçadas as relações entre os países, o conteúdo daquele que foi um evento marcante da presidência europeia de José Sócrates. Além das ligeiras considerações tecidas por Durão Barroso, que sublinhou a vontade popular na mudança, o que constatamos é a indiferença e a apatia que a UE assinala perante este momento que, se espera, de transição.

Não é esta falta de coragem na recondução democrática de um país como o Zimbabwe que identificamos com a Europa no exercício do seu soft power, enquanto potência humanitária e, sobretudo, estrutura de influência moral que é ou deverá ser. Penso, porém, que casos como este não colocam em causa a manutenção de relações com África, apesar das teses canhotas de uma Europa saudosa do colonialismo em tempos de Globalização. São inegáveis as oportunidades que aquele continente representa e a Europa deverá potenciá-las sem esquecer o que celebrou, por exemplo, aquando do Acordo de Cottonou. Espero, por isso, que a UE se continue a bater pelo desenvolvimento dos países do sul, não descartando responsabilidades para com um continente parceiro.

Destinos de sonho para os licenciados portugueses


Hum?

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Do lápis azul ao rato azul

Li hoje uma notícia que dava o nosso país como um dos que mais importância atribui às novas tecnologias de informação e comunicação. O indicador em causa mede o grau de preparação, participação e de desenvolvimento de um país no aproveitamento que faz dos benefícios daquelas tecnologias. Ao constatar que nos encontramos bem posicionados neste ranking, ocorreram-me dois episódios recentes que se prendem com a principal expressão de tais tecnologias - a Internet. Dois casos que claramente contrariam a tendência (positiva) apurada pelo supracitado estudo e que relançam a questão das novas tecnologias e dos direitos a elas associados, mormente, direito de informação, liberdade de expressão, livre desenvolvimento, etc. Espera-se que sejam isoladas excepções à regra...

Numa autarquia, e sem qualquer prévio esclarecimento, foi interditado o uso da Internet a todos os funcionários, presumindo-se que haja excepção quanto à presidência e vereação... Pois bem, corre o ano de 2008 e ainda há quem teime em viver no século passado. São notórias as vantagens - quer para as empresas quer para os trabalhadores – que há na utilização da Internet. Proibir e bloquear o acesso àquela ferramenta de trabalho é impedir os trabalhadores de ter acesso a informação. É torná-los menos qualificados e menos preparados. Pelo que uma medida destas é do mais contraproducente e ilógico que há.

É inegável que a Internet potencia o desenvolvimento da capacidade de investigação, autonomia e iniciativa do trabalhador, aspectos que podem ser capitalizados em prol da entidade empregadora. Aliás, se devidamente utilizada, reduz custos, acelera a produção, introduz novas formas de organização, facilita e intensifica a comunicação institucional e potencia o desenvolvimento social. É claro que há sempre quem a use de forma desmesurada e afecte a sua produtividade com isso – mas aqui não tem que "pagar o justo pelo pecador" - ou pior, quem a use no local de trabalho para fins censuráveis. Daí que se compreenda o bloqueio a determinados sites (pornografia, violência, jogo, pirataria e outros conteúdos abusivos). No entanto, não foi isso que sucedeu. O bloqueio à Internet e correio electrónico foi total, com excepção de 30 minutos por dia (curiosamente, à hora de almoço..).

O outro episódio de que tive conhecimento passou-se numa Universidade que se arrogou ao direito de exercer censura. Em causa, um mero blog cujo autor é assistente daquele estabelecimento de ensino. Consta que o director não aprecia a opinião expressa por aquele docente, e vai daí, declarou desprestigiantes os conteúdos do blog e impeliu o seu autor a terminar com a coisa. Duas notas importantes: o blog versava sobre temas sociais tão vastos como política, desporto e religião; o seu autor é assistente contratado a prazo, que é o mesmo que dizer, sem base material para fazer valer os seus direitos ante os seus superiores...

sexta-feira, 4 de abril de 2008

quarta-feira, 2 de abril de 2008

(Ainda) a RTP e o PSD


Quando em Janeiro passado Luís Filipe Menezes alertou para a falta de equidade na RTP, muitos vociferaram. Recordo-me particularmente do maldizente Pacheco Pereira, que à data denominou de antidemocráticas aquelas palavras de Menezes.

Pois bem, antidemocrática é a estação pública que nos serve. Hoje mesmo veio a ERC reconhecer que o PSD é sub-representado na estação pública, tendo em conta os valores de referência definidos por aquela entidade com base na expressão eleitoral de cada partido. Destarte, não foram de todo descabidas as declarações do líder do PSD.

É certo que Menezes não foi eleito para dirigir a linha editorial de um canal televisivo, mas não creio que a liderança de um partido impeça o seu timoneiro de se pronunciar sobre a falta de pluralismo político-partidário que prolifera na grelha de um inverosímil serviço público.

Claro que não tardaram a vir à tona aqueles que se escudam no argumento de que o período analisado coincidiu com a presidência portuguesa da UE; bem como os que garantem a pés juntos que a mesma governamentalização da informação daquele canal ocorreu em tempos idos, quando o PS foi Oposição.

Ora, se bem me lembro, da última vez que o PS foi Oposição e o PSD foi Governo o líder da nação era Santana Lopes - político permeável aos media, é certo - cujo fugaz Governo foi mediatizado até ao tutano. O que eu não me lembro mesmo é de então os media terem usado da mesmíssima brandura e respeito com que há três anos vêm bafejando Sócrates e os seus discípulos...

terça-feira, 1 de abril de 2008

Descubra as diferenças (IV)

Estação Baixa-Chiado ( Metropolitano de Lisboa, 2007)


Estação Lavapiés ( Metro de Madrid, Dez. 2007)

Já fomos rotulados de povo menos cívico do Ocidente e com frequência reconhecemos que civismo é coisa que nos escasseia. A par disso, teimamos em invejar o país vizinho e em atribuir um rol infindável de qualidades ao seu povo.
Não seremos nós, portugueses, um bocadinho sadomasoquistas..?!
De nada serve votarmo-nos insistentemente à autopunição, pese embora seja inegável que ainda temos muito a aprender em matéria de cidadania.
Atente-se ao exemplo acima. É prova clara de que temos vindo a registar significativas mudanças. Um exemplo que dá lugar a interpretações bem diferentes daquelas que habitualmente se tecem sobre o nosso povo e que nos deixa concluir que, afinal, no que toca a civismo parece que estamos um bocadinho assim à frente dos espanhóis...

Bye Bye Mugabe?


Os números mais recentes das eleições do Zimbabwe dão à Oposição (Morgan Tsvangirai, do Movimento para a Mudança Democrática) vantagem sobre partido de Robert Mugabe.
Espero bem que isto não seja fruto do dia das mentiras...
A ser verdade, será o fim de quase três décadas de regime do senhor Mugabe, que com 84 anos considera que merece um sexto mandato à frente dos destinos de um país que já foi dos mais prósperos do continente africano (inclusive atractivo destino turístico) e que hoje é dos mais pobres do mundo.
Um país que está de rastos após 28 anos de poder autoritário: 80% desemprego, a inflação mais elevada do Mundo - 165 mil por cento (um pão custa um milhão de dólares zimbabwanos) - fome que grassa (facto que repugna, dado que outrora foi denominado o "celeiro" de África por ser grande exportador de produtos alimentares...), um terço da população portadora do HIV/Sida e tantos outros números que falam por si.