sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Sobrinho de seu tio

Ontem, no "Frente-a-frente" da SIC-Notícias, entre Narana Coissoró e Alfredo Barroso, este último, sobrinho de seu tio (Mário Soares, entenda-se) procurou beliscar a candidatura de Cavaco Silva da forma mais lunática possível.

Como bem sublinhara o "senador" do CDS, os apoiantes de Soares haviam perdido o argumento do "vazio de ideias", agora que o ex-primeiro-ministro apresentara o programa.

Não desarmando, e provavelmente não se sentindo com bagagem para questionar as causas defendidas, Alfredo Barroso decide tentar provar a "falta de transparência" de Cavaco Silva.

Como?! Revelando a um País que, por certo, imaginaria atónito e escandalizado, que, há uns meses, quando procuravam uma sede para o tio Mário, lhes haviam dito que o edifício desejado estava reservado para o prof. Cavaco Silva!!!

Gravíssimo, de facto...

Perder o fio à meada três vezes, numa conferência de imprensa, é normal...

Não saber onde para o diploma do referendo sobre o aborto, sendo-se candidato a Presidente, é naturalíssimo...

Agora, reservar um edifício sem adiantar que se é candidato (soubesse-o ou não com toda a certeza, na altura) é que não!!!

Cavaco, a ver pela óptica do sobrinho Alfredo, é um perigo para Portugal, pois ocultou uma reserva de um prédio e, logo, que era candidato, antes da data em que o revelou.

Sinceramente...

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

Que tal esquecer-se das assinaturas?

Eis que, ontem, o dr. Soares deu ares da sua graça, mas foram, de facto só ares...
O cargo a que se propõe não é o de presidente de uma qualquer associação filatélica, salvo o devido respeito, e, por isso, nas faltas mais graves temos mesmo de marcar grandes penalidades.
Assim, como pode o candidato, depois de menosprezar a superioridade atribuída a Cavaco Silva em matéria de conhecimentos de finanças públicas, usando uma citação de Fernando Pessoa sobre Jesus Cristo ("mais do que isto, é Jesus Cristo, que não sabia nada de finanças, nem consta que tivesse biblioteca”), apresentar como bandeira a consolidação das finanças e lembrar com laivos de superioridade a sua alegada preponderância na matéria, durante os seus governos?!
Mas, a meu ver, mais grave ainda é o facto de desconhecer o estado processual do referendo ao aborto aprovado por PS e BE. A mais de ser uma questão actual e noticiada até à exaustão, é um tema magno da sociedade e para o próximo mandato presidencial.
Ora, propondo-se o dr. Soares a um 3º mandato, não vale a invocação de mero lapso para desculpar o facto de, na sessão de apresentação do programa, desconhecer que o dr. Sampaio já enviou a questão para o Tribunal Constitucional, há algum tempo.

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Irmãos daltónicos

A meu ver, temos de começar a pensar no que se procurará num Presidente, em 2006.

Assim, a dinâmica dos sistemas políticos, a menos que se olhe pelo lado mais estático de alguns constitucionalistas, obriga, em cada tempo, a ler as circunstâncias políticas.

Ora, hoje, o que temos é uma predominância socialista nos mais diversos orgãos do Estado, o que leva a que, mesmo quando o Governo tenha fair-play suficiente para desejar um olhar crítico e construtivo (reconheço essa qualidade a alguns dos nossos governantes), não encontre eco em titulares de instituições que, mesmo inconscientemente, se lembrarão de quem os nomeou e, em muitos casos, de quem poderá reconduzi-los. É o perigo da mesma cor...

Acresce que, mesmo que todos conservassem o cúmulo da sua lucidez, não cola a ideia de que Jesus Cristo nada sabia de finanças, com a qual o dr. Soares procurou um momento de graça e de show off literário; que me perdoem a heresia, mas, hoje em dia, até ELE teria um MBA.

Graças à parte, a ideia é a de que, num mundo globalizado (goste-se ou não da ideia, é um facto), o enquadramento de um País já não pode fazer-se com tertúlias num canal de televisão por cabo (como fazia o dr. Soares) ou com tiradas poéticas e proféticas, dentro ou fora do “quadrado” (alusão a conto do poeta-candidato), e com recordações, de certo meritórias, de lutas anti-fascistas. Os conhecimentos do prof. Cavaco Silva são preciosos para que, entendendo o que o País necessita e o peixe que vão tentar vender-lhe, possa dizer ao Primeiro-Ministro o que pode passar ou chumbar em Belém, e até apoiar publicamente o Governo quando, como creio haver já exemplos dados por José Sócrates e seus pares, o mereça, dada a dificuldade e inevitabilidade de muitas reformas.

Assim tivesse o dr. Soares entendido a presidência, e mais se teria feito, entre 1985 e 1995.

Irmãos Dalton

Estamos fritos!
Os portugueses habituaram-se a ver no “senhor Presidente” o último baluarte de respeitabilidade da classe política, algo para que concorrem amplamente a sua eleição por sufrágio directo, universal e secreto, a natureza unipessoal do cargo e as suas “funções de Estado”.

Todavia, em cinco candidatos com base de apoio partidária (a conversa da emergência a partir da sociedade civil é muito bonita, mas já em 2001 não havia quem riscasse sem estar apoiado pela partidocracia) é preocupante e lamentável ver quatro quintos da banda a tocar um requiem, desde logo pelos motivos do parágrafo anterior; ou seja, é de temer quando quatro candidatos a Chefe de Estado – Soares, Alegre, Jerónimo e Louçã – proferiram já declarações em que reconhecem como bom motivo programático impedir a eleição de Cavaco Silva.

Para se perceber também o lado burlesco, era como se um candidato à presidência do Benfica dissesse que o objectivo primeiro da época era evitar que o Sporting ganhasse, como se um candidato a Secretário-Geral da ONU se propusesse encarnar os princípios da organização, começando por dizer que queria derrotar o concorrente de outro país, ou como se entrássemos no autocarro para deixar de fora o tipo que vem a seguir na fila…

Se fosse Cavaco a proferir uma pérola destas, a cruxificação na praça pública, precedida de esquartejamento mediático, seria a mais leve pena a esperar.
Importava que os candidatos garbosamente auto-designados de esquerda (o velho maniqueísmo de volta) começassem a pré-campanha positiva, sob pena de tornarem Cavaco numa espécie de candidato solitário, mais rápido a ser eleito do que a sua própria sombra.

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

We are the champions

Dias da Cunha (Presidente demissionário do Sporting) apoia Mário Soares.

Eduardo Prado Coelho (ex-mentor de Carrilho) apoia Alegre.

É só vencedores...

Templo da Diana

Não haverá hipótese de Diana Pereira (a supermodel coimbrã) enveredar por uma carreira política e regressar ao burgo?
Não o digo pelos sobejamente conhecidos detalhes artísticos da sua anatomia, mas sim pela agradável surpresa que tive ao ler a sua entrevista à revista “Sábado”.
Pés assentes na terra, rejeição de drogas (comuns no mundo da moda) e de adereços afins, visão altruísta das relações sociais e naturalidade (em contraste com o estilo ensaiado de muito partisan) fazem falta e fariam da "minha" Cidade o verdadeiro “templo da Diana”.
Esperemos que, também na política de Coimbra, a moda seja "passageira" (para parafrasear Rui Reininho).

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Espelho meu

Creio que o problema de algum descrédito que os cidadãos atribuem à candidatura do dr. Mário Soares nem tem bem a ver com factos objectivos.
Eu nunca o apreciei, mas os que nutrem simpatia por ele têm de viver com a comparação do que já foi e do que (não) poderá vir a ser.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Autárquicas VII

Se Pinto da Costa for o F.C.Porto, então o FCP também perdeu eleições, tal o volume de bílis anti-Rio que lançou o "Papa" das Antas.
A verdade é que separar política e futebol é imperioso (eu gosto de ambos), e a malta lá vai percebendo isso...

Autárquicas VI

Sendo que até simpatizo com os populares, é incontornável o desvanecimento do CDS como partido autárquico. De nada servirá invocar os mandatos obtidos em coligação, pois a marca CDS-PP "vende" inequivocamente menos no mercado eleitoral, quando vista isoladamente.

A ideia de desvanecimento do CDS (um partido de direita moderada e democrática) em nada me alegra, até pelo que abre de espaço a extremismo, numa altura em que as tensões sociais recrudescem, no mundo ocidental.

Autárquicas V

Conclui-se que o Bloco de Esquerda é Louçã e Louçã é o Bloco de Esquerda. Se assim não fosse não era a ele que um partido colectivista recorreria em todo e qualquer desafio nacional (foi assim nas legislativas, será assim nas presidenciais). E, se assim não fosse, não teria o BE ficado tão abaixo das suas expectativas, quando teve que diversificar rostos, como aconteceu nas autárquicas.
Façam o exercício de imaginar na liderança Luís Fazenda, Fernando Rosas, João Teixeira Lopes ou Ana Drago e perceberão que, com o cansaço que Louçã inevitavelmente gerará, o BE não irá além de um partido de protesto radical, em sufrágios nacionais (oxalá o PS nunca precise deles para nada, ou estaremos, aí sim, bem arranjados).

Autárquicas IV

Carmona Rodrigues é, como já afirmara, um gentleman. A forma como não deixou de lembrar o seu antecessor e como creditou a vitória também a Marques Mendes denota o justo equilíbrio que consegue entre a afabilidade e a competência.
Parabéns também ao António Proa que, em devido tempo, bem disse que deveria permanecer no elenco.

Autárquicas III

E por falar no dr. Mário Soares, a violação da lei eleitoral que perpetrou ao apelar no voto no filho, em pleno dia de votação, coloca-nos perante um dilema: ou infringiu claramente a lei - e, aí, não sei como pode querer ser o Mais Alto Magistrado da Nação - ou não se apercebeu da falta grave - e, nesse caso, também não sei como pode querer ser o Mais Alto... (já sabem o resto)!
No entanto, não se enganem: o PS tem apurado instinto de sobrevivência e já percebeu que só com Sócrates tem possibilidade de continuar na corrida. Por isso, a militância votará Mário Soares aos 81 como aos 150 anos.

Autárquicas II

José Sócrates esteve digno. Felicitou o principal vencedor, depois de uma campanha na qual se não furtou a aparecer ao lado de muitos dos seus. E se 9 de Outubro marca o pior resultado autárquico, desde 1985, não pode esquecer-se que 20 de Fevereiro sublinha o maior sucesso em legislativas. Ainda faltam 4 anos, olhem o que vos digo...

E mais: se dizem que certas vitórias derivam da personalização da política, realçando a figura a de vencedores e/ou perdedores (vejam-se, por exemplo, os casos de Felgueiras, Oeiras, Gondomar ou Lisboa), então não pode dizer-se que, em grande parte, se trata de uma punição ao Governo. A leitura equilibrada, a meu ver, é a que tem um pouco de cada uma destas "teorias".

A única "má-boa" notícia para Sócrates foi a derrota de Carrilho. Se aquele que chegou a ser rotulado de "grande ordinário" tem ganho, teriamos um mandato de prepotência intelectual e de sede de protagonismo, usando a edilidade como trampolim, bem ao jeito do exemplo parisiense em que parece inspirar-se.

Creio que foi Jorge Coelho quem disse que o PS deveria escolher melhor os seus candidatos, e disse bem. As escolhas para Lisboa, Porto, Sintra e Coimbra (apenas para amostra) não eram a meu ver, os mais adequadas para cativar o eleitorado, por razões várias.

Por exemplo, no caso de Sintra, nem é que se diga de João Soares o que se diz de Carrilho, mas o facto é que, nos moldes actuais. Bem sei que em política não há "para sempre" (se assim fosse, há muito que eu estaria mumificado), mas João Soares precisa bem de repensar a sua imagem, já que a sequência Lisboa-PS-Sintra (3 grandes derrotas em 4 anos) pode passar de currículo a rótulo. Definitivamente, no casting actual, não devia tentar seguir o ofício de seu pai...

Autárquicas I

Arrumadas as eleições autárquicas, segue-se para a vitória de Cavaco Silva, em 2006.
Porém, antes disso, e deixando a análise clássica para os experts, ficam alguns apontamentos sobre a noite de 9 de Outubro de 2005:

O grande vencedor é, evidentemente, o PSD e o seu Presidente, Marques Mendes. Apostou pessoalmente em Carmona (arredando Santana Lopes que, ao que afirmou ao Diário Económico, nem queria ser candidato), Isabel Damasceno e Élio Maia (Aveiro), e ganhou. Enfrentou Valentim Loureiro e Isaltino Morais e, mercê da dimensão da vitória global, não perdeu com o sucesso destes (embora continue a chamar a atenção para o facto de se mostrar que a "credibilização" de que fala não é, contas feitas, o afastamento de dois ou três militantes).
Marques Mendes tem o PSD "na mão", e mais terá ainda com o previsível sucesso de Cavaco Silva. Se quiser mesmo a eleição directa do presidente do PSD, o pós-presidenciais é a altura adequada para um "passeio imperial".
Apostas feitas, desconfio que, ao contrário de palpites que escutei, que será mesmo ele o challanger de Sócrates, em 2009.

PIDE Resort

E por falar na Áustria, até eles lidam bem com a barbárie nazi, a avaliar pela pedagógica exposição do Museu Militar, em Viena.
Se a nossa PIDE não foi sequer um décimo da Gestapo, por que não havemos de assumir toda a nossa História e preservar a sede da polícia da II República para que jamais se esqueça?!
Não concordo com a ideia de um condomínio de luxo, sublinho.

Omnipotência

Bem sei que não é um crime de lesa Pátria, mas, anos depois de ter ouvido falar de Bratislava como capital da Eslovénia, a Visão de hoje, a propósito de reservas de combustíveis fósseis, fala na Austrália e exibe a bandeira austríaca.
Que um cidadão comum se engane... Mas os omnipotentes média...


segunda-feira, 3 de outubro de 2005

All you need is love

Soares diz que votaria Alegre na 2ª volta das presidenciais (porque sempre votou à esquerda).
Alegre diz que o faria por Soares.
Ou seja...