Ainda
(voluntaria e profissionalmente) comedido, importuno o leitor com um pedido
datado: a 4 de Outubro, vote!
Creio que poucas
vezes a escolha de um caminho (creio que ainda falta a proposta de uma um
destino, na política portuguesa) foi tão crucial, mormente a partir dos anos
80.
De facto, com a
democracia e outras bases do Portugal contemporâneo consolidadas -
designadamente, o “cartão de sócio” da União Europeia (cada dia mais um clube
de negócios, e menos uma “casa” de debate) – não é comum poder decidir entre
duas propostas eleitorais tão claramente distintas. Note-se, ademais, que falo
em duas opções porque, em virtude do que já vai escrito e salvo o devido
respeito, também em rara ocasiões valeu tão pouco a pena queimar cartuchos com
os festivais de Outono da nossa política (Joanas, Marinhos e companhia), ou
sequer com as orquestras do “vira o disco e toca o mesmo” (o nosso respeitável
PCP e o seu atrelado esverdeado).
Assim, de um
lado, a coligação de PSD e CDS-PP que propõe a manutenção de políticas disciplinadoras
e causadoras de alguma contracção no modus
vivendi colectivo, com ligeiro perfume a lembrar calvinismo,
recuando o Estado e ganhando protagonismo o aspecto individual. Do outro lado,
contudo, os resultados positivos e certificados: aumento das exportações,
crescimento do PIB, diminuição do desemprego, saída de um programa de
assistência draconiano (e em certos aspectos ridículo e acintoso, como a
questão dos feriados). Importa perceber a partir de que ponto o aumento de
riqueza pode reverter para os cidadãos e para quantos cidadãos, tido por
adquirido que se assegurará um patamar mínimo de dignidade social abaixo do
qual ninguém deve cair.
Do outro lado um
PS, aparentemente sem poder coligativo (a avaliar pela mise-en-scène da extrema-esquerda; a do costume…) que propõe um
caminho quase sem pedras, mas, alegadamente, com uma via que não ruirá:
recuperação mais veloz de alguns dos privilégios perdidos, manutenção do lado
assistencial da República sem cortes e com sustentabilidade, um sector público
muito presente e com papel dinâmico. Se as ideias parecem agradáveis, o senão
da bela surge com o panorama globalizado do mundo actual que parece contrariar
as soluções mais garantísticas.
Seria importante
ver ainda os pergaminhos de uns e de outros, mas eis precisamente o terreno
minado que a diplomacia desaconselha…
A minha escolha
não será para muitos a quarta parte do Segredo de Fátima; contudo, não deixo de
repetir uma ideia que ouso converter em apelo: vote. São alguns momentos que
vão decidir o modo como vai viver vários anos da sua vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário