Há estilos que ficam para a História e outros que ficam para uma
história. Neste último caso, receio que possa vir a englobar-se o técnico da
Briosa, Pedro Emanuel.
Aqui chegados, duas notas prévias, tentando desmontar a priori igual número de tentativas de
desvalorização de opiniões como a que vou expressar: por um lado, aceito que é
mais fácil ser “treinador de bancada” do que conduzir uma equipa. Todavia, se a
análise amadora estivesse proibida ou fosse ilegítima, os estádios estariam
(ainda mais) vazios. Acresce que a essência de qualquer democracia é,
precisamente, evitar o governo da elite que tudo julga saber e que governa
autoritariamente.
O segundo óbice que viso precludir é o mesmo que nunca aceitei na
política: geralmente, diz quem defende o status
quo que os críticos “fazem o jogo dos adversários”. Nada mais demagógico! É
bem possível que quem critique se identifique incondicionalmente com a
instituição cujo rumo questiona.
Feito o interlúdio para aplacar mentes mais pequenas (se as houver, bem
entendido) entro na ideia que ora me ocupa: creio que o consulado de Pedro
Emanuel se encontra esgotado. Digo-o não porque não se trate de um profissional
sério e competente (é-o, indubitavelmente), mas porque me parece que a equipa
tem jogado aquém das possibilidades do lote de jogadores que a compõe, porque
me parece que em várias situações de jogo tem faltado a criatividade no banco
para inverter o rumo dos acontecimentos, e porque talvez se tenha instalado um
clima de habituação que se é benigno para o espírito coimbrão que devemos
defender, parece maligno na capacidade de ganhar nova alma para escapar a
lugares na tabela de que deveríamos estar a milhas…
Não entro em linha de conta com a valia dos jogadores, pois apoio a
lógica de contenção salarial (o que não impediria, per se, a contratação de profissionais com outras características),
e visto que, se o fizesse, estaria a dizer que o treinador teria caucionado más
escolhas, o que, por ora, não interessa. Aliás, mais surpreende a performance academista se pensarmos que
temos um dos melhores guarda-redes e um dos melhores pontas-de-lança do
campeonato.
Em suma, creio que já na gloriosa época passada a prestação titubeante
foi iludida pela vitória na Taça de Portugal e pela qualificação para a Liga
Europa, como o foi no início da presente temporada pela muito digna
participação neste torneio. Todavia, espero que a teimosia da Direcção em não
“remodelar”, pelo menos, o treinador não saia cara.
Contudo, que ninguém se engane: torcerei até ao fim pela manutenção e
apoiarei sempre a Académica, mesmo que o pior suceda, para além de continuar a
dizer que tomara a Briosa que o actual Presidente a possa dirigir por muitos
mais anos.
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