- O governo é uma
equipa, que para ter sucesso, tem que comungar dos mesmos princípios, valores e objectivos. Percebemos hoje, que no
seio do governo a partilha destes valores é inexistente e a escassa presença de
governantes no último conselho Nacional do PSD é bem uma prova disso. De um
lado governantes ainda imbuídos do espírito de missão que comungam dos mesmos
valores e do outro, governantes com maior peso político e consequentemente com
vícios, hábitos e procedimentos numa lógica partidária que acreditávamos estar
em decadência.
- O chumbo do
Tribunal Constitucional é mais um motivo de desagregação. De um lado o
Primeiro-Ministro e o Ministro das Finanças, querem cumprir as metas do défice
através de medidas que ofereçam mais garantias, entenda-se distribuir o esforço
pelo público e pelo privado e do outro Paulo Portas e o CDS, dando a entender
que os privados não devem ser chamados a mais sacrifícios e que os esforço tem
que ser feito só do lado da despesa publica. Alias esta opção teve muito
recentemente um apoio de peso, o FMI.
- O fim das
empresas públicas, fundações, institutos e afins, que não cumpram determinados
critérios e rácios, no fundo que não tenham razão de existir. A oposição no
seio dos 2 partidos é enorme, porque se acabam os lugares de nomeação política
e consequentemente as oportunidades para os que não tem curriculum ou
experiência profissional, aspirarem a uma vida melhor sem que para isso lhes
seja exigido qualquer competência.
a indicação de inúmeros Jotas e PSD's
sem qualquer curriculum para lugares chave deste governo, o infeliz episódio
das secretas, em que as contradições foram o que de mais relevante ficou na
memória dos Portugueses, a questão do Jornal Público e o relatório da ERC, que
depois de muito esforço para demonstrar alguma independência não deixa de
condenar a atitude do Ministro, imiscuiu-se na escolha do gestores para o Metro
do Porto e STCP, desautorizando o Ministro Alvaro Santos Pereira que tutela
esta área e finalmente o episódio das equivalências e da licenciatura "Batman".
Miguel Relvas não
é só um mau exemplo para a sociedade, como também não deixa confortáveis muitos
dos seus colegas de governo, que não se identificam com estas práticas menos
próprias e recomendáveis. Com esta atitude muito Portuguesa ao estilo de governos
de má memória, não é parte da solução mas sim o problema, que Pedro Passos Coelho
terá que resolver rapidamente.
Se o Primeiro-Ministro é o líder que penso que é, não deixará de colocar o interesse
Nacional à frente de qualquer outro, porque numa altura em que são pedidos
tantos sacrifícios, em que o horizonte é incerto e as dúvidas são muitas, tem
que surgir alguém que lidere pelo exemplo, aglutinando o Povo Português em torno de um
objectivo comum, debaixo de princípios como o rigor e a transparência, tão
enunciados durante a campanha eleitoral.
Inconscientemente, Miguel Relvas está a resistir
tanto e a tal um ponto, que quando sair, sairá pela porta dos fundos, a tal ponto, que quando regressarmos de férias nos fique a sensação de que foi de férias e já não voltou.
4 comentários:
Boa análise.
Os casos que aqui enuncia exemplificam bem algumas das razões para o atual desgaste. Abr
O problema do 1º ministro em manter o ministro Relva é que aquele lhe deverá favores.
Não há almoços à borla e o 1º sabe-o.
Em minha opinião os dois já estão a mais. Não por causa das medidas que tomou, mas por aquilo que defendeu na campanha eleitora/versus a sua prática diária. Como diz e muito bem, que ele defendia "[...] princípios como o rigor e a transparência, tão enunciados durante a campanha eleitoral".
Pretendia valorizar a palavra, princípio que depois não aplicou. Parece-me um "coelho" com pele de lobo.
Revelou ser um politico, vindo da escola politica da JSD, igual a tantos outros que criticou duramente. Afinal só queria assaltar o poder.
Estamos fartos destes politicos.
@ Margarida
Será que estamos mesmo fartos destes políticos? É que o país continua a elege-los...e ao tempo que os anda a eleger já os devia conhecer ao longe.
A Historia ensina-nos que houve momentos onde certos homens foram capazes de « aglutinar » (para utilizar o seu termo ) um povo à volta do leader para salvar o pais.
Mas quando se trata duma situação que põe em perigo não só os interesses económicos vitais daqueles que possuem tudo, mas também o mínimo daqueles que não possuem nada, nem mesmo o trabalho, a coesão não tem sentido para eles!
Escreveu: “Se o Primeiro-Ministro é o líder que penso que é, não deixará de colocar o interesse Nacional à frente de qualquer outro, porque numa altura em que são pedidos tantos sacrifícios, em que o horizonte é incerto e as dúvidas são muitas, tem que surgir alguém que lidere pelo exemplo, aglutinando o Povo Português em torno de um objectivo comum, debaixo de princípios como o rigor e a transparência, tão enunciados durante a campanha eleitoral.”
“colocar o interesse Nacional à frente de qualquer outro”, exige o sacrifício de todos e não só daqueles que possuem menos.
Repare-se o “sacrifício” pedido às grandes fortunas, que se encontram, por vezes, já, nos paraísos fiscais.
“o horizonte é incerto” é o mínimo que se pode dizer, no momento em que as nações vacilam sob o peso da má governança daqueles que “deviam dar o exemplo”! No momento em que a própria Alemanha perde um degrau de confiança nas agências de notação, (claro, é normal, o resto da Europa está em crise, e esta é o seu maior cliente), e em que a moeda , o Euro, treme de todo o seu peso, força é de constatar que os leaders se enganaram e nos enganaram estrondosamente.
Quanto ao rigor e à transparência, os políticos actuais são incapazes de obedecer a estas duas regras fundamentais, porque estão ao serviço de outros que detêm o verdadeiro poder
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