Salvo o devido respeito pelas pessoas envolvidas, o recente anúncio por parte do
Primeiro-Ministro de que tenciona privatizar a TAP envolveu um momento inicial de
contenção para evitar grosserias e enxovalhos.
Então o antipatriótico negócio de Passos Coelho que, imagine-se, ousara
privatizar a companhia de bandeira agora é bom?!
Foram precisos milhares de milhões de euros para que Costa e o Ministro-que-
não-quer-perder-o-lugar Santos percebessem que a gestão pública não só pratica preços
caríssimos (exemplos disso mesmo, a Madeira e a Venezuela) como acumula prejuízos
colossais?!
Que seria se fosse um governo de base PSD a gastar rios de dinheiro para chegar
à conclusão de que a decisão do executivo anterior estava correcta? Qualquer coisa
menor do que um mar de demissões não calaria a nossa esquerda, guardiã da moral que
é ou julga ser.
Traz isto também à memória a Caixa Geral de Depósitos, ainda na senda da saga
“socialismo lava mais branco” (salvo seja, referindo-me à habilidade de comunicação):
de que me serve a mim português um banco público com comissões iguais ou mais
caras do que os outros bancos?! A menos que… Se calhar já devia ter percebido que
cada vez menos contamos. É tudo macro e o micro que seja devidamente entretido,
confundido e esmagado pela circunstância, ainda para mais quando os seus gestores se
deixam mansamente desalojar e produzem lucros interessantes para os novos inquilinos.
Com franqueza, o que mais me espanta é a apatia da maioria da população,
provavelmente sufocada pelas contas que não consegue pagar e encandeada pelas
esmolas que o Terreiro do Paço vai lançando seja sob a forma de uns pós de reforma
que iludem os cortes vindouros, seja como ruido imperceptível sobre a factura
energética que só entenderemos quando doer a valer.
Temo que já não haja vergonha… Se a houvesse, logo desde o início, Passos
Coelho (que venceu) não teria sido destronado pelo PS com apoio do BE e do PCP; o
mesmo PS que foge do Chega como o diabo da cruz, sem referir que os nossos
camaradas apoiaram e continuam a apoiar os maiores facínoras à face da Terra.
É este o despudor que leva a aceitar a continuidade de uma Ministra (de cuja
honestidade legal e financeira não duvido) cujo marido concorreu a fundos tutelados ou
administrados pelo seu ministério. Legal? Com certeza. Ético? Eu não aceitaria, mas
depois deste rol, vejo que a minha moral é medieval. Siga a festa, pois,
inequivocamente, gostamos de ser levados por sorrisos e esmolas.
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