terça-feira, 26 de julho de 2022

Buraco de cor que não posso mencionar

Retomando a “conversa” de há um mês e dado o insano fanatismo a que chegou

o novo fascismo ético, nada melhor do que repetir o mesmo aviso ao “consumidor”:

“para evitar o fácil e já clássico insulto dos camaradas (…): sempre fui e serei contra

qualquer discriminação baseada na orientação sexual, cor da pele, religião ou qualquer

outra característica ou escolha usada para nos dividir artificialmente”. Aliás, a minha

vida pessoal atesta bem estes dizeres.


Dito isto, acompanho com visível angústia as novas ditaduras do “correcto” e do

“moderno” e tudo aquilo que deixou de poder dizer-se. Por exemplo, chegámos a um tal

grau de intolerância que, antes de titular as linhas de hoje com o verdadeiro buraco

negro civilizacional para o qual caminhamos cantando e rindo, ponderei bem sobre os

tons a dar ao dito fenómeno cósmico dado que alguém dirá um dia que Carl Sagan e

Arthur C. Clarke eram racistas. E para a época vindoura não sei bem se não será melhor

dizer que o equipamento da minha Briosa é “afrodescendente”… Obviamente que

brinco com coisas sérias e que satirizo o tema, pois creio ser bem diferente combater o

preconceito (algo que defendo ferozmente) de entrar em paranoias e rever a História.

E eis o ponto: tenho orgulho de que Portugal tenha usado e comercializado

escravos? Nunca. Mas era ou não algo imposto pela força dos impérios e tolerado por

muitos receptores, nessa época? Sim, era. E mais entendo que deve explicar-se nas

escolas e nas televisões para que jamais se torne aceitável.


Aquilo que não compro e não calo é aceitar que toda a nossa História se resume

à escravatura e que não trouxemos incontáveis benefícios ao Mundo com as nossas

navegações; e esse é precisamente o momento que vivemos, já que minorias ruidosas

apoiadas por alguns jornalistas ideologicamente tendenciosos e com cultura de pacotilha

acobardaram a grande maioria que tem uma visão equilibrada da nossa gloriosa

existência como pátria e como nação. Já quase só nos deixam exaltar o nosso

patriotismo quando ganha a Selecção e mesmo assim é melhor darmos graças a Deus

(ademais da preferência pessoal a menção é dedicada aos fascistas do ateísmo

obrigatório) por ter sido de Éder o golo da vitória no Europeu…


Que a palermice revisionista seja bandeira dos que, sob a capa da inclusão,

querem mandar em todos e dos jornalistas libertários da “universidade da Wikipédia”

até percebo e prometo dar-lhes guerra sem quartel. Que essas posições venham de um

deputado que tinha por intelectualmente saudável - que propõe a destruição do

magnífico Padrão dos Descobrimento - ou de uma empresa prestigiada como a HBO –

que chegou a propor a suspensão de uma obra-prima como “E tudo o vento levou” – já

me preocupa a valer.


Perseguirei todos os que apoucam os seus semelhantes por diferenças tão idiotas

como o tom de pele, pois não tem sentido, é maléfico, constitui um crime e é asqueroso.

Contudo jamais negarei a minha História, destruirei os seus símbolos ou apoiarei

ditadorzecos de opereta mascarados de anjos laicos.

Sem comentários: