Retomando a “conversa” de há um mês e dado o insano fanatismo a que chegou
o novo fascismo ético, nada melhor do que repetir o mesmo aviso ao “consumidor”:
“para evitar o fácil e já clássico insulto dos camaradas (…): sempre fui e serei contra
qualquer discriminação baseada na orientação sexual, cor da pele, religião ou qualquer
outra característica ou escolha usada para nos dividir artificialmente”. Aliás, a minha
vida pessoal atesta bem estes dizeres.
Dito isto, acompanho com visível angústia as novas ditaduras do “correcto” e do
“moderno” e tudo aquilo que deixou de poder dizer-se. Por exemplo, chegámos a um tal
grau de intolerância que, antes de titular as linhas de hoje com o verdadeiro buraco
negro civilizacional para o qual caminhamos cantando e rindo, ponderei bem sobre os
tons a dar ao dito fenómeno cósmico dado que alguém dirá um dia que Carl Sagan e
Arthur C. Clarke eram racistas. E para a época vindoura não sei bem se não será melhor
dizer que o equipamento da minha Briosa é “afrodescendente”… Obviamente que
brinco com coisas sérias e que satirizo o tema, pois creio ser bem diferente combater o
preconceito (algo que defendo ferozmente) de entrar em paranoias e rever a História.
E eis o ponto: tenho orgulho de que Portugal tenha usado e comercializado
escravos? Nunca. Mas era ou não algo imposto pela força dos impérios e tolerado por
muitos receptores, nessa época? Sim, era. E mais entendo que deve explicar-se nas
escolas e nas televisões para que jamais se torne aceitável.
Aquilo que não compro e não calo é aceitar que toda a nossa História se resume
à escravatura e que não trouxemos incontáveis benefícios ao Mundo com as nossas
navegações; e esse é precisamente o momento que vivemos, já que minorias ruidosas
apoiadas por alguns jornalistas ideologicamente tendenciosos e com cultura de pacotilha
acobardaram a grande maioria que tem uma visão equilibrada da nossa gloriosa
existência como pátria e como nação. Já quase só nos deixam exaltar o nosso
patriotismo quando ganha a Selecção e mesmo assim é melhor darmos graças a Deus
(ademais da preferência pessoal a menção é dedicada aos fascistas do ateísmo
obrigatório) por ter sido de Éder o golo da vitória no Europeu…
Que a palermice revisionista seja bandeira dos que, sob a capa da inclusão,
querem mandar em todos e dos jornalistas libertários da “universidade da Wikipédia”
até percebo e prometo dar-lhes guerra sem quartel. Que essas posições venham de um
deputado que tinha por intelectualmente saudável - que propõe a destruição do
magnífico Padrão dos Descobrimento - ou de uma empresa prestigiada como a HBO –
que chegou a propor a suspensão de uma obra-prima como “E tudo o vento levou” – já
me preocupa a valer.
Perseguirei todos os que apoucam os seus semelhantes por diferenças tão idiotas
como o tom de pele, pois não tem sentido, é maléfico, constitui um crime e é asqueroso.
Contudo jamais negarei a minha História, destruirei os seus símbolos ou apoiarei
ditadorzecos de opereta mascarados de anjos laicos.
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