sexta-feira, 29 de dezembro de 2006
quarta-feira, 27 de dezembro de 2006
Ah, ganda Pai Natal !...
Reflexão óbvia: as pessoas queixam-se da crise, mas não têm o menor bom senso no que toca ao consumo.
Reflexão menos imediata: creio que a (in)cultura mediática entorpeceu fatalmente o espírito crítico das pessoas, que já pouco raciocinam sobre o que é essencial e sobre o sentimento que pode fazer de um presente de valor simbólico uma jóia de marajá.
O consumismo infrene que é induzido pela florescente indústria publicitária está a levar-nos para além do saudável. O que está na moda hoje, já não está na próxima semana (vale dos telemóveis à roupa e das consolas de jogos aos automóveis) e comprar o "último grito" é quase uma necessidade biológica, produzindo-se uma sensação psicológica de menoridade em quem não tem o que já há na escola ou no emprego.
Daí o sucesso das siglas do momento, sejam elas Cofidis, Capital Mais ou outra, esquecendo-se o feliz comprador que, seja com estas empresas ou com um banco tradicional, tudo haverá de ser pago e com juros.
Aqui fazia falta pedagogia explícita pelos políticos. Mas saberão eles do que falamos? Será que não estão, também eles, "contagiados"?
domingo, 24 de dezembro de 2006
Socooooooooorro!!!
Daí a uma jornalista considerar a mesma uma fonte credível para fundar a informação (?!) que passa aos portugueses...
quinta-feira, 21 de dezembro de 2006
Reuniões de elite
Falo do preço que pagaremos, sem apelo nem agravo, por mantermos grande parte da classe política actual.
E nem se pense que falo por despeito ou eivado de súbito assomo de arrogância. Bem ao invés, falo procurando assestar baterias contra o comodismo de muito cidadão bem colocado na vida empresarial, profissional liberal ou académica que prefere o cifrão ou o artigo nos media a meter pés ao caminho. A lógica que subjaz a esta censura não é a de que todos temos de gostar de política, mas sim a ideia de Cícero de que o mal-estar social não desculpa o absentismo, antes clamando por envolvimento.
E é assim, largando o acessório, que explico a razão de ciência do que comecei por dizer: arrepiei-me de morte com o conselho nacional do PSD, no último fim-de-semana.
De facto, julgando eu que as intervenções de Cavaco Silva, Luís Filipe Menezes, Rui Rio e Nuno Morais Sarmento haviam “feito a festa, atirado os foguetes e apanhado as canas”, guardado estava o bocado.
Enquanto o engº Sócrates se passeia por toda e qualquer sondagem, e perante um confrangedor esforço do dr. Marques Mendes para ser escutado a propósito das razões de Estado, os mais diversos fidalgos (nem atribuo títulos, pois creio que os barões já se retiraram) do PSD entretiveram-se com uma questão crucial para o nosso futuro enquanto Estado-nação: saber se pode ou não criticar-se o líder do partido nos media e se isso é ou não fazer o “jogo da oposição” (dúvida de tal modo existencial que nem o dr. Mendes resistiu a filosofar a este pretexto)…
Se os meus amigos imaginassem os nomes consagrados da actual elite laranja que consumiram horas da sessão partidária a debater se deve ou não criticar-se o presidente, e em que sitio se deve dizer tudo e qualquer coisa, veriam que, por vezes, a realidade é pior do que o pesadelo.
segunda-feira, 18 de dezembro de 2006
sexta-feira, 15 de dezembro de 2006
Mitologia britânica
E o veredicto é...
terça-feira, 12 de dezembro de 2006
Adiós Pinochet
No meu entender, não se celebra a morte de ninguém, muito menos por razões ideológicas. Ainda assim, é lamentável que Pinochet tenha morrido sem sentencias, apesar das numerosas acusações judiciais que sobre ele pendiam.
Dezassete anos de regime dictatorial e sanguinário não deviam de ficar impunes.
domingo, 10 de dezembro de 2006
Compras de Natal
Obviamente que não pretendo insultar qualquer um dos autores ou sequer os seus apreciadores ao colocar lado a lado os fenómenos editoriais mais recentes, que são "Percepções e Realidade" do Dr. Pedro Santana Lopes e "Eu Carolina" da Srª Dª (ah, pois é...) Carolina Salgado.
sexta-feira, 8 de dezembro de 2006
Ninguém gosta de mim...
quinta-feira, 7 de dezembro de 2006
O que não vem nos lucros
terça-feira, 5 de dezembro de 2006
Sem pena nem agravo
segunda-feira, 4 de dezembro de 2006
26 anos depois
Vinte seis anos depois, duas teses contraditórias, muitas comissões de inquérito pelo meio e até um filme... as dúvidas e as suspeitas quanto ao caso "Camarate" continuam por esclarecer.
Nos últimos tempos, confissões inesperadas, a injustiça da prescrição do processo (em Setembro último) e até a possibilidade de criar um regime especial face a essa prescrição voltaram a mediatizar este caso.
Enfim, o rol de qualidades era, indiscutivelmente, vasto. Talvez por isso, e ainda que fosse respeitado pelos políticos contemporâneos, o seu percurso político terminou mais cedo do que seria de esperar. Afinal, a grandeza de Sá Carneiro ofuscava e incomodava os "demais".
domingo, 3 de dezembro de 2006
Adeus, ó pá!
Honestamente, já vi golpes mediáticos mais bem encenados, sendo que me parece burlesco que alguém consagrado precise de um tratamento fiscal especial, em altura de crise.
Imaginemos que ridículo seria se, para pagar menos impostos, José Miguel Júdice, Manuel Antunes, Simão Sabrosa ou Siza Vieira, também eles nomes grandes das suas artes, anuciassem, como fez o pintor, que iriam "exilar-se em Espanha"*...
Fazem falta os que cá estão, sempre ouvi dizer. Mas, já que vai, não podia levar de vez José Saramago (se bem me lembro o escritor prometeu o mesmo, se Cavaco Silva ganhasse, o que, da última vez que verifiquei, aconteceu mesmo...)???
* À atenção da nossa correspondente em Sevilha, Dulce Alves.
Desta vez, tem razão, Sotôr!
De facto, depois da "guerra de alecrim e manjerona" entre PSD e CDS, o facto é que a polémica subsiste, desde logo, sobre o corredor que o Ministro Carmona reservara para o TGV e no qual o Mayor Carmona Rodrigues licenciou, ainda que condicionalmente, uma urbanização.
Depois, acresce que, efectivamente, as obras mais emblemáticas continuam a ser as lançadas/adjudicadas pelo Menino Guerreiro, sendo que a jóia da coroa (a que prometia pôr Lisboa na moda para os turistas de carteira recheada) parece estar a ser arrastada para o esquecimento; falo do projecto de Frank Gehry, naturalmente...
Para ser coerente e corajoso, restam duas alternativas a Carmona: ou denuncia a gestão do mais recente autor de best-sellers, ou convence-nos da bondade do seu próprio consulado.
Que sorte a oposição ser liderada por Carrilho (a.k.a. "o Grande Ordinário", segundo o léxico do Edil)!...
sábado, 2 de dezembro de 2006
Cretinos
Trata-se, a meu ver, de um excelente e intenso filme, na linha dos bons filmes de Scorsese, com actores de alto gabarito.
O título?!... Bem isso tem mesmo a ver com a frequência da sala. Assentei arraiais nas Twin Towers, fugindo ao inferno do Colombo (o outro multiplex próximo do local onde me refúgio em Lisboa, e onde vou amiúde), cansado que estou de pipocas pelo chão e mastigadas com a mandíbula inferior a bater nos sapatos, telemóveis atendidos durante o filme e mesmo menus da MacDonald's (sim, foi durante o filme do 007!...), e até porque ía apanhar o metro de seguida, rumo ao Estádio de Alvalade.
Pois bem, apesar da aparência chique, não faltaram as pipocas pelo chão e um infante de não mas de 6 anos a ver um filme violento, de que apenas percebia os tiros e agresões (como pude ir escutando)... Mais espantará se vos disser que era uma famelga com a mania de que é "bem" (algo que os portugueses adquirem sempre que têm umas massas ou que desempenham certos cargos ou funções).
Moral da história (entronca noutros posts): de qulaquer lado da suposta pirâmide social, há muito civismo a palmilhar para que o nosso desenvolvimento económico chegue a ter importância...
quarta-feira, 29 de novembro de 2006
A f(r)esta da música
Isto já não falando no calvário que vai ser quando, ao fim dos dez anos (creio eu) contratualizados, o Estado for chamado a dizer se compra ou não a Colecção Berardo, visto que se antevêem valores exorbitantes. Se os ciclos se mantiverem, será o PSD a descalçar a bota (o que nem é tão injusto quanto isso, já que, em matéria cultural, também tem incontáveis culpas no cartório)...
segunda-feira, 27 de novembro de 2006
Café em chávena quente
2. Andamos mesmo loucos da cabeça.
3. Não nos respeitamos suficientemente.
4. A Dulce e os que com ela abraçam causas (justas) em defesa das mulheres ainda têm muito a fazer.
De qualquer modo, o café sul-americano é bom, apesar de custar o dobro, nestes locais, dada a servidão de vistas.
* Que nos emprestou a fotografia, pese embora sem saber...
sábado, 25 de novembro de 2006
Tolerância ZERO
Fazendo então a ponte da ‘tolerância’ para o que deve ser intolerável:
Hoje, 25 de Novembro, assinala-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres.
E mais uma vez senti necessidade de focar uma data; a de hoje para para relembrar que em pleno séc. XXI, por esse Mundo fora, as mulheres ainda são vítimas de discriminações de toda a ordem e de actos de violência de toda a espécie.
Lembrar que a violência sobre a mulher é um fenómeno mundial, que ocorre numa variedade de contextos - não só nos países ditos subdesenvolvidos - atravessa fronteiras, religiões, classes sociais e que não se restringe à violência doméstica. A realidade é muito mais ampla – tráfico humano, violação sexual, discriminação laboral... enfim, uma lista (lamentavelmente) infindável...
Lembrar também que os dados ‘falam’ por si. Aqui ficam alguns mais recentes:
*Nos EUA uma mulher é violada a cada 90 segundos;
*Em 28 países de África a mutilação genital ainda é praticada;
*80% dos refugiados de conflitos comunitários, étnicos ou políticos são do sexo feminino;
*A cada três dias morre uma mulher vítima de maus tratos em França (dados revelados esta semana por uma ministra francesa);
*Em Portugal, 50 casos diários de violência doméstica chegam à PSP/GNR;
Não foi por acaso que a ONU, em 1999, resolveu dedicar este dia como dia oficial do combate a uma das muitas violências que teimam em proliferar.
Um dia para lembrar, meditar e pensar de que forma nos podemos mobilizar contra uma das mais vastas e persistentes violações de Direitos Humanos.
quinta-feira, 23 de novembro de 2006
My name is Craig, Daniel Craig...
Muitas críticas depois, dois dentes partidos, dias a fio no ginásio, alguns enjoos no barco e até queimaduras solares...
...aí está Daniel Craig reencarnando o espião mais sexy do cinema.
Efeminado, demasiado louro, parecido com um operário de Leste, pouco sofisticado, pouco bonito, pouco carisma... o rol de críticas era interminável quando o sucessor de Pierce Brosnan foi anunciado.
Contudo, hoje reúne elogios por parte da crítica cinematográfica. Foi ovacionado na ante estreia no Reino Unido e, imagine-se, até teve direito a um cumprimento da Rainha Isabel II, que fez questão de lhe falar pessoalmente!
Quem já viu diz que o sexto actor a interpretar James Bond não destruiu essa imagem de marca que Ian Fleming criou. E acrescenta que veste e despe muito bem o smoking...
Coisas sobre as quais de momento não posso opinar... só mesmo depois de ver o filme...
Mas uma coisa é certa: agrade ou não aos fiéis de 007, Craig retomará o papel do agente secreto mais famoso do Mundo já em 2008.
Francamente II
domingo, 19 de novembro de 2006
Francamente!...
Dizia o relato da jornalista portuguesa que o ambiente ficou tenso assim que surgiram helicópteros com "franco-atiradores da polícia"...
Ora, passando a publicidade, o bom serviço do dicionário "Priberam" ajuda-nos, dizendo que um franco-atirador é "aquele que faz parte de um corpo irregular de tropas ou combate, por iniciativa própria, sem estar ligado ao exército legalmente constituído; guerrilheiro; membro de certas associações que têm escolas de tiro".
Quereria a jornalista dizer, por exemplo, atirador de elite ?! Nunca o saberemos, receio bem...
sexta-feira, 17 de novembro de 2006
Homens de saias
quinta-feira, 16 de novembro de 2006
Porque hoje é...
"A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos"
quarta-feira, 15 de novembro de 2006
"Percepções e Realidade"… by PSL
Eu sou da opinião de que o período de 2002 a 2006 da política portuguesa será alvo de um “Case Study” para quem se dedicar à ciência política, no futuro…
Mesmo para os menos atentos, é fácil perceber que não é normal que se agendem eleições antecipadas num país com uma maioria parlamentar e com uma grave situação económica em resolução…
Quais foram os critérios de avaliação de competência utilizado pelo presidente Sampaio ao primeiro-ministro em 2004, tendo este apenas um mandato de 4 meses??? Mandato esse confiado, por esse mesmo presidente…
Será que foram os mesmos critérios que o presidente Sampaio utilizou para avaliar, entre 1996 e 2001, os governos do engenheiro Guterres??? Parece-me que não…
NOTA: a referência anterior ao período do “case study” de 2002 a 2006, não é um erro!!! As medidas do actual Governo são idênticas a muitas das medidas anunciadas pelo Governo de PSL em 2004… O que, realmente, difere é actual Presidente da Republica…
Sobre este assunto, não tenho mais nada a acrescentar, a não ser após a leitura do livro!!!
Confesso que também estou curioso por saber quais os comentários do Professor Marcelo no próximo Domingo, relativamente a este “relato” de PSL…
terça-feira, 14 de novembro de 2006
Cala-te boca
segunda-feira, 13 de novembro de 2006
Favores em cadeia
Um ombro cheio de qualidades
Prémio "Splendor"
sexta-feira, 10 de novembro de 2006
É fruta ou chocolate!...
De facto, olhando outras nações que progridem, mesmo não detendo riquezas naturais de vulto (como sucede connosco), tenho vindo a afirmar que valores e atitudes como o mérito, a honestidade, a lealdade, o esforço, o estudo, entre outros, podiam fazer-nos, atendendo às imensas qualidades de que também somos fieis depositários, estar na liderança dos países desenvolvidos, em não muito tempo.
Em quatro andamentos (quatro singelas e reais situações que me sucederam) abordo a ideia pelo lado comercial, em torno do qual gira muito do que é a maneira de agir de um povo, nas economias de mercado.
Dispenso-me de gastar o meu latim com o lado da procura, já que, também em mais do que uma ocasião, me debrucei sobre o fenómeno do sobreendividamento e a histeria actual pelo supérfluo.
Resta-nos, assim, olhar a oferta e tentar ilustrar as razões pelas quais, mesmo nos actos comerciais mais simples, começa a ser interessante deixar o seu dinheiro e pagar os seus impostos associados ao consumo noutros países, sempre que possível. É neste âmbito que caiem as duas primeiras situações, que relato esta semana.
Assim, e pegando na deixa, começo pelos casos em que isso foi possível, recentemente. Opto por situações comuns do dia-a-dia, já que são aquelas que mais me interessaria perceber, visto que começa a avolumar-se em mim a ideia de que, sendo verdade que, em média, recebemos menos a título de remuneração e consumimos bens mais caros (o exemplo mais célebre é o dos carros, mas, neste caso, com uma explicação tributária óbvia), é duvidoso sonhar com o ideal de equalização que preside ao chavão da “coesão”, tão apreciado pelos que vêem em Bruxelas o paraíso.
Exemplificando, posso dizer-vos que, num sítio da Internet dedicado à electrónica e baseado em Espanha é possível comprar, por exemplo, um telemóvel que custe cerca de 280€, na loja do fabricante (Nokia), em Portugal, por menos de 230€ com portes e comissão do revendedor incluídos, economizando aproximadamente 18%, sem sair de casa.
Mas, mudando a agulha, também em bens culturais pode evitar os comerciantes com sede ou filiais em Portugal, com vantagens notórias. Aponto o caso de um livro que aborda a cultura ocidental dos últimos dois séculos, que pode adquirir por mais de 53€, na FNAC, em Lisboa. Com meia dúzia de toques no rato do seu computador, câmbio efectuado e impostos liquidados, a Amazon do Reino Unido envia-lhe a mesmíssima obra, no mesmíssimo idioma (inglês), por 40€, números redondos, posto o que também reteve no mealheiro cerca de 25% do que lhe pediram na capital portuguesa.
Ou seja, torna-se fácil optar pelo estrangeiro, numa altura em que a retoma precisa de nós. A verdade, porém, é que termos como “retoma”, “crude”, “OPA” e afins não satisfazem as nossas necessidades de consumo, pelo que haveria que repensar a competitividade da nossa economia, refrescando (eufemismo deliberado) a atitude de Estado, trabalhadores e empresários.
Numa altura de personalização da procura, a nossa oferta continua a tratar o assunto a granel, digo eu…
terça-feira, 7 de novembro de 2006
Os amigos de Drácula
sexta-feira, 3 de novembro de 2006
O estado do "Quarto Poder" e... o Estado e o "Quarto Poder"
Sempre que se fazem rankings mundiais sobre o que quer que seja, estamos confinados a figurar nos piores lugares.
Seja qual for o assunto, lá estamos nós, portugueses, na lista negra, habituadissímos aos lugares mais vergonhosos.
Mas diz o povo que “não há regra sem excepção”...
Na passada semana, a ONG “Repórteres sem Fronteiras” divulgou um relatório sobre a liberdade de imprensa no Mundo referente a 2006.
E eis que Portugal “arrecada” a 10ª posição entre 168 países.
Esta posição talvez não nos surpreenda assim tanto, uma vez que longe vão os tempos das comissões de censura e do lápis azul.
Porém, desenganem-se os que julgam que a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são “dados mais que adquiridos” quer em terras lusas, quer por esse Mundo fora.
Mediáticos casos como o dos cartoons dinamarqueses – país que outrora figurava no primeirissímo lugar deste ranking... - ou a mais recente morte da jornalista russa fazem-nos repensar o conceito de liberdade de expressão no mundo de hoje.
Até porque os atentados à liberdade de imprensa não se confinam somente a actos graves e mediáticos como estes...
A liberdade de imprensa e a inerente liberdade de expressão estão consagradas em quase todas as Constituições por esse Mundo fora. Trata-se de um princípio cuja importância, à partida, ninguém questiona.
E que na prática parece estar assegurado: afinal, vão surgindo novas formas de pôr em prática a nossa liberdade de expressão – como o é aqui o caso da blogosfera!
E todos os dias nascem novas publicações e revistas. (Por terras lusas, a morte do "Independente" e o nascimento do novato “Sol”, cujo grau de isenção eu não questiono, vieram relançar esta discussão da isenção jornalística...)
Contudo, a maioria de nós mal se apercebe de que diariamente este princípio se vê limitado um pouco por todo o lado, mesmo diante dos nossos olhos. A forma mais subtil de limitar a liberdade de imprensa nos nossos dias é controlar a informação, controlar criteriosamente e rigorosamente aquilo que é passível de ser notícia.
A questão hoje para o editor parece ser: «o que há de novo no mundo de hoje que mereça destaque no meu jornal, que conquiste leitores e que não se confronte com os que o sustentam economicamente?»
E assim se faz jornalismo dito “livre”...
Esta é, ainda que não queiramos assim ver, uma nova forma de censura. Não a do lápis azul, mas talvez a do “toque no ombro”, a do telefonema em tom de aviso.
Apesar de estarmos no “top ten” da liberdade de imprensa, a verdade é que nem o nosso jornalismo é impermeável às influências do poder político e económico...
Nem nós, nem a espanhola Prisa do PSOE, nem a Fox dos Conservadores... tantos (maus) exemplos de como a concentração do poder mediático em quem tem poder económico, pode deturpar o conceito de liberdade de expressão.
Ou seja, legalmente, a censura há muito que acabou.
Em Portugal, do ponto de vista formal, há liberdade de imprensa desde a Revolução dos Cravos. Contudo, volvidas mais de três décadas, não podemos falar de uma imprensa totalmente livre. Aliás, o mais provável é que nunca chegue o dia em que possamos falar dela.
Afinal, trata-se do Quarto Poder, e como Poder que é... há-de sempre ser “controlado”.
quinta-feira, 2 de novembro de 2006
Music Hall
Na 3ª feira, os GNR comemoraram 25 anos de carreira, no Coliseu de Lisboa.
Sei que sou suspeito, uma vez que se trata do meu grupo favorito, mas arrisco dizer que foi uma performance notável de um conjunto que tem no seu vocalista, mais do que um cantor, um artista.
segunda-feira, 30 de outubro de 2006
Muita garganta
terça-feira, 24 de outubro de 2006
Aún hay lodo en el muelle *
Evidentemente, digo isto sem esquecer que, embora com versões e correcções para todos os gostos e feitios, um ministro do actual Governo, Mário Lino, se declarou iberista, com a força política que as palavras ganham quando ditas por um governante.
Em boa verdade, nem para outro fenómeno queria eu alertar, quando sublinhei, no último congresso do PSD, que a Espanha está a conseguir por modo pacífico o que nunca conseguiu pela via agressiva, ao longo de uma história vicinal. Basta olhar o sector energético, a moda, e por aí em diante…
Vamos então conservar a bola a meio-campo e tentar perceber se é de atacar ou tempo de jogar à defesa…
Desde logo, arrasa quem começa por comparar os níveis de vida. Os vizinhos do lado ganham (muito) mais e gastam (muitíssimo) menos a atestar o depósito e a encher a despensa. Aliás, não há muito tempo, jantava nas cercanias do museu em que acabara de ver uma soberba exposição denominada “Rusia!” (Rússia) - falo do Guggenheim de Bilbau – e sou interpelado pela constatação de um amigo que me alertava para o quão caros achava os bocadillos, as tapas e todas aquelas comidas às prestações que fazem nuestros hermanos lamber os beiços… Como se tomado por um ataque de clarividência, cerce desmistifiquei o veredicto; bastou chamar a sua atenção para o facto de as mesas povoadas por espanhóis (todas, excepto a nossa, tanto quanto pude aperceber-me) estarem cheias de pratos e pratinhos. Resignados, concluímos que nós é que estamos (comparativamente, pelo menos) bem mais pobres…
Em segundo lugar, não falta que diga que muito do que podemos legislar ou fazer é, já hoje, ditado por Bruxelas, pelo que sermos uma província autónoma do país de Zapatero em nada apoquentaria, já que seremos, cada vez mais, uma província federada da União Europeia. A vantagem, na óptica dos cultores desta linha de raciocínio, era colhermos as prebendas de Madrid, numa espécie de epitalâmio que nos levaria a votar para o inquilino da Moncloa (sede do governo espanhol) - a residência de São Bento seria para o presidente da junta autónoma, calculo.
Por fim, os adeptos do casamento ibérico assestam baterias contra o alegado provincianismo alheio, afirmando que o discurso “patrioteiro” de muitos políticos nacionais tem a ver com o receio de perderem os lugares e sinecuras, dada a mediocridade reinante e a dimensão do “mercado político” numa escala peninsular. Este argumento, em meu entender, é o mais fraco de todos, já que, se é verdade que grande parte da geração que domina a política actual faz tudo para se agarrar o lugar, o receio tem mais a ver, salvo melhor opinião, com o facto de muitos se terem vindo a eternizar sem acautelar um lugar profissional de recuo. De facto, parece-me que a maleita magna da nossa vida pública é geracional e explica-se com as oportunidades de carreira do pós-revolução.
Entrando na contra-argumentação, faz-me confusão pensar que milhares de portugueses morreram em batalhas, navegaram para mundos desconhecidos e criaram pérolas do saber em vão. Não estou preparado para entregar de graça algo por que tantos pereceram e a que outros consagraram uma vida.
Acresce que estou em crer que nem o clássico “mercador de Veneza”, que queria cobrar a onça de carne ao devedor, trocaria a pátria por uma viagem mais barata a Lisboa ou mais sumos no armário.
Sendo algo de idiossincrático confesso que nem sei bem explicar a certeza de que não quero ser algo senão português; mas disso estou bem seguro.
Há, porém, algo em que ambos os lados da barricada estão irmanados: a necessidade de preservar com muito mais vigor a nossa identidade cultural. Até os que vêem bom vento e bom casamento a vir do quintal vizinho vão dizendo que sempre seríamos autónomos na língua e cultura. Eu, na minha insignificância, já venho dizendo que é com cultura que se defendem as fronteiras actuais, de há muito a esta parte.
Correndo o risco de desagradar a todos, sublinho que não vejo que os nossos decisores o saibam, de tão ridículos que continuam a ser os orçamentos para a cultura. Talvez seja assim que, um dia, um destes posts venha a terminar com um “hasta la vista”!...
segunda-feira, 23 de outubro de 2006
Por que é que falei bem do Ministro?!?!
domingo, 22 de outubro de 2006
O SIM e o NAO...
Quando, foi feito o referendo ao aborto, não me deixaram votar. Apesar de ser cidadã portuguesa, maior, e com gozo pleno dos meus direitos, ainda não tinha cumprido os 6 meses sabáticos pós-recenseamento.
Apesar de vir de uma ala política que critica a interrupção voluntária da gravidez, a minha opinião pessoal não é coerente com as minhas escolhas políticas...
Nem sempre a política e a nossa consciência andam lado a lado... podia ser pior... sou simplesmente uma desalinhada!
Não posso dizer que conheço a "realidade" dos abortos clandestinos em portugal como a palma da minha mão... Mas consigo imaginar, consigo pensar nisso... Não é muito dificil!
Olho à minha volta e imagino a quantidade de mulheres que já fizeram uma interrupção voluntária da gravidez, de forma ilegal, nem sempre nas melhores condições. Quantas mulheres não terão ido a Espanha?!? Quantas mulheres não o fizeram em caves e garagens?! Quantas não terão ido parar ao hospital com lesões graves depois de um aborto?!?
Os abortos fazem-se na mesma: quer sejam de forma legal ou ilegal. Então porquê fechar os olhos, fingir que isso não existe?
Existe hoje, e vai existir sempre. Claro que os movimentos "pró-vida" viram sempre com a mesma demagogia da prevenção, da educação sexual... Está visto que isso não funciona.
Não acredito que nenhuma mulher faça um aborto de forma tranquila, que não fique marcada. E esse é o maior "castigo" que se lhe pode aplicar. Não há ameaças de pena de prisão que marquem mais do que o próprio aborto em si,
Lembro-me do dia em que o referendo teve lugar... Estava um dia de sol fantástico, as praias estavam cheias... Pleno verão.
As sondagens davam uma vitória inequívoca à despenalização. E sim, sabemos que a sociedade portuguesa é receptiva à despenalização. Contudo, houve uma minoria que não se deixou ficar a "trabalhar para o bronze". Que se levantou e foi às urnas e que marcou uma posição. Cidadãos cujo voto tem igual valor àqujeles que acharam que a vitória estava garantida. Cidadãos que merecem ser respeitados. Se quem era a favor, se desleixou, tem de arcar com as consequências.
Só entendo que o aborto deveria ser despenalizado por não ser uma questão política, por ser uma questão de consciência pessoal. Era o que mais faltava que o Estado pudesse escolher por mim, por exemplo, aquilo que como!
Se quem está no poder e na Assembleia da República, e quer ver esta questão alterada, deveria ter a coragem para fazê-lo por si só, em vez de atirar o ónus dessa decisão para os portugueses.
Porque apesar de ser a favor da despenalização do aborto e por ser a favor de que as mulheres tenham condições para realizar este tipo de intervenções, mas sobretudo, por ser contra os lobbies instalados de médicos/enfermeiros/parteiras que se aproveitam do estado de necessidade e pânico de uma pessoa - que deve estar desesperada - para lhe "sacar" umas centenas de euros...
Mas não posso deixar de respeitar os portugueses, cujo voto vale tanto como o dos outros portugueses (aqueles que ficaram ao sol), e que tiveram a coragem de expressar a sua vontade.
Estou num paradigma!
sábado, 21 de outubro de 2006
Afinal tudo tem uma explicação...
«Tem a ver com a questão das transições...Quem determina o jogo é a bola. Quem tem a bola ataca e a equipa que não a tem, tem de defender. É esta transição que nos tem penalizado e nos leva a derrotas por valores anormais.», explicou Fernando Santos.
quarta-feira, 18 de outubro de 2006
Conceitos
Hoje e cada vez mais, com a homogeneidade existente no mercado, o “truque” está em encontrar conceitos que vão de encontro às necessidades daqueles com quem há o interesse de interagir. O foco no consumidor é seguramente uma necessidade e não uma decisão altruísta.
A prová-lo está a IBM, que não vende material electrónico nem software, mas sim soluções informáticas para problemas de gestão. Ou então a Danone, que vende corpos Danone e não iogurtes; a Disneyland, que oferece divertimento para famílias, não está no negócio dos parques temáticos; ou mesmo uma qualquer empresa que não quer ser conotada com a venda de parafusos, mas sim com suportes de afixação (pudera, meter-se com os chineses!).
Enfim, estamos cheios de exemplos no mercado…
Mas o conceito que aqui me apraz referir, é relativo à matemática, bicho de muitas cabeças para os jovens lusitanos.
Rompendo com os clássicos centros de explicações, surge a era dos ginásios da matemática (como ilustra a foto).
Estou mesmo a ver uma conversa de final de dia entre dois alunos de uma qualquer escola secundária:
- Oh pá, vamos ao ginásio?
- Ok. Vamos lá que preciso de exercitar um pouco as equações de 2º grau.
Ou então:
- Espera por mim que vou a casa buscar o material para irmos ao ginásio.
- Vai lá que enquanto não chegas vou fazendo uns exercícios.
Brincadeiras à parte, o conceito é interessante e de apostar, até porque parece-me bem mais motivador.
De notar é que estes ginásios são privados, o que equivale dizer: é só para quem pode.
Ah, ganda Lello!!!
terça-feira, 17 de outubro de 2006
Por isso sai... sai da minha vida!
Trata-se de um indivíduo que não aparece e, quando diz alguma coisa, exige a retirada total e imediata das forças americanas do Iraque. Concordando ou não com a tomada de posição do Bush Jr. no Iraque, a verdade é que a retirada apenas iria dar início à guerra civil... e afirmar o contrário disto é pura demagogia.
Mas mais importante que a ausência de ideias e de activismo da parte do senador Kerry é o facto do Partido Democrata ter pelo menos dois candidatos muito melhor qualificados e que têm demonstrado uma oposição séria e responsável à administração Bush: refiro-me ao Al Gore e à Hillary Rodham Clinton.
O John Kerry teve a sua oportunidade e perdeu. Se tivesse feito uma boa campanha, se tivesse feito uma oposição credível e com visibilidade, se tivesse demonstrado que afinal é um político dinâmico, capaz de inspirar milhões com as suas palavras, então eu seria o primeiro a defender que, à boa maneira americana, lhe dessem uma segunda oportunidade. Mas não foi o caso e, apesar de não ser americano, julgo que os cidadãos do mundo têm direito a ambicionar alguém melhor para liderar a maior potência global. Nem todos nasceram para ser Presidente e o Kerry, caso concorra, irá perceber isso logo nas primárias.
segunda-feira, 16 de outubro de 2006
O circo veio à cidade
Estrela decadente
And now... for something completelly different
Enquanto estava em Lisboa fazia todos os dias o mesmo percurso: casa-escritório, escritório-ordem, ordem-escritorio, escritorio-casa... Claro que como a rede de metro, em Lisboa, é fantástica, decidi torná-lo o meu transporte de eleição.
E às 8h50 da manhã, lá entrava eu em Carnide (ou Telheiras) para chegar às 9h10 ao Marquês de Pombal. Só voltava a apanhar o metro de regresso depois das 19h15...
Achava que trabalhava imenso, que ficava estourada... que trabalhava horas a mais!
Um dia parei para pensar...
Havia um senhor, que todos os dias estava na escadaria do metro, na minha saída... Figura esguia, cara magra. Não consigo precisar a sua idade, mas era velho. Todos os dias, aquele homem estava no mesmo sitio: fim das escadas, no sitio em que a estação já não é coberta, encostado à parede, junto a um corrimão. Apoiava a cabeça nessa parede... olhar parado, perdido no vazio, expressão triste, marcado por uma vida amarga, sem fitar ninguém. Não estava mal vestido, mas a roupa era sempre a mesma, toda azul marinho, sóbria, assim como a “tacinha” laranja que tinha sempre junto de si, à espera que alguém se lembrasse dele. Ficava assim todo o dia (posso dizê-lo, cheguei a ter de sair do escritório a horas desencontradas e ele estava sempre ali, nem sequer saía para o almoço!). Acho que não reparava em ninguém, não sei se alguém repararia nele. Seria quase impossível não reparar, mas às vezes as pessoas andam tão perdidas nas suas vidas... não é por mal, acontece! Desde manhãzinha (quiçá madrugada) até à noite, ele não saía dali... praticamente nem se mexia. Fizesse chuva, sol, vento, calor, frio... ele não saia dali. Naquela escadaria desabrigada não havia faltas para ir ao médico, para ir de férias, para saír mais cedo. "Trabalhava" mais do que eu, mais horas, em condições muito piores... e não tinha ar de quem se queixasse.
Talvez gostasse de conversar: havia um dia da semana (talvez sexta-feira, não consigo precisar) em que tinha uma companhia e falavam. Ela falava com ele. Gorda, cabelo desanrajado, saia ligeiramente abaixo do joelho, vermelha, sapatilhas velhas, sujas e gastas e umas meias tipo soquettes que lhe deixavam as canelas expostas. Deviam ter assuntos e vivencias em comum… a vida tinha sido dura para os dois.
Lembrei-me dele na noite anterior à véspera de Natal... pensei onde iria estar, com quem iria estar. No dia 24, antes de fazer as últimas compras passei pela escadaria, para tentar dar-lhe um Natal melhor. Não estava lá. Nunca imaginei como aquela escadaria ficaria tão vazia sem ele. Nunca imaginei sentir assim a falta dele. Fiquei uns segundos parada a pensar... onde estará? O que faço com as coisas que lhe trouxe (que estavam devidamente embrulhadas e com laços bonitos)?
Durante 2 ou 3 dias ele faltou... E aquela falta angustiou-me! Achei que me teria lembrado dele tarde de mais. Fui inundada por um sentimento de culpa arrasador, afinal de contas, fazia aquele percurso desde meados de Setembro e nunca tinha tido coragem para o abordar...
Nessa semana ele voltou. a minha consciência sentiu-se mais aliviada.
Hoje já não passo por lá, já não sei se ele ainda lá está. Vou pensando nele...
Aprendi a não me queixar tanto!
quarta-feira, 11 de outubro de 2006
Socialismo?!? O que é que é isso?!? Algum chocolate novo?
É, por isso, compreensível que cada vez que vou ao estrangeiro não me apeteça voltar...
Chego a casa, depois de ter estado um dia inteiro a trabalhar (DE BORLA!!!! - estágio profissional!) e olho para a TV. Está tudo histérico por causa do acordo do Governo com o MIT... Aparecem uns tristes (sim, com "i"...), em bicos dos pés, para terem 5 minutos de fama com uma universidade americana.
Mas será que alguém acha que somos nós que vamos lucrar com o projecto?!?
Bem, o pior cego, é aquele que não usa bengala!!!
Será que, de repente, alguém se esqueceu que os americanos nunca assumem o papel de ajuda humanitária num conflito?!? Ficam sempre com a parte tecnológica... Wonder why...
E ver o Primeiro-Ministro todo inchado...
Resta-me dizer(-te):
José Sócrates, julgo que não suportavas o medo da felicidade!
Agitar antes de abrir...
Há uma pessoa que admiro muito, de quem me lembro sempre, e por quem tenho o maior (e melhor!) dos carinhos...
Uma pessoa tão encantadora que só me vê qualidades - e, confesso, que defeitos tenho de sobra!!!
São essas pessoas que nos fazem os convites mais aliciantes, mais inesperados, mais aterrorizadores... porque têm uma expectativa muito grande sobre nós, daquelas que nos fazem cortar a respiração, que nos fazem pensar: "mas eu não sou capaz"!
Espero não te desiludir neste desafio que me lançaste, porque sabes que nunca me perdoaria se o fizesse.
(Neste momento lembro-me de uma das minhas frases preferidas...)
"Pedras no caminho?!? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Obrigada, Gonçalo!
Olá a todos!
Mister Machado deu a táctica, Capitão entrou no terreno de jogo
Não podia, no entanto, deixar de aproveitar a ocasião para mostrar aqui no “lodo” a tua “pinta” de jogador da bola, num estádio, cuja “estrutura foi muito bem montada, especificamente pensada para a prática do futebol”...
Como dizes, quem lá está sabe o que faz e parece-me que muito bem. Os resultados, certamente, surgirão com o tempo.
Trevas do vento que passa
Alguém falou em socialismo?
terça-feira, 10 de outubro de 2006
Dar a táctica
Edição revista e aumentada
- No caso norte-coreano, a realidade evolui para a condenação internacional, com os paninhos quentes chineses que previramos. Declarações anónimas proferidas em Pequim e atribuidas a um alto dignitário de Pyongyang dão conta de uma ameaça de uso de arma atómica se houver aplauso para a mão pesada proposta por Washington. Cá por mim, entendo que a elasticidade da estupidez terminará no ponto actual, já que o fito de mater o regime ditatorial (a Coreia do Norte não tem, nem podia ter, objectivos expansionistas) deixará de fazer sentido se o País for arrasado.
- Já no que aos posts sobre prostituição diz respeito, registe-se que o assunto merece a atenção do Presidente da República, no seu "Roteiro para a Inclusão". Sublinha-se a resistência ao sensacionalismo, procurando destacar os aspectos positivos na abordagem do fenómeno (seria bem mais fácil um "número de circo", na rua... Mas, enfim, o soarismo já lá vai...).
sábado, 7 de outubro de 2006
Who cares?
Cada vez mais nos deparamos com constantes apelos à consciência ambiental de cada um. Já é mais que sabido (ou deveria ser) que a protecção do ambiente está nas nossas mãos, e que todos nós devemos contribuir para um mundo melhor. Para tal não é preciso muito esforço. Basta começar com gestos simples como separar o lixo e colocá-lo em ecopontos, reutilizar os sacos das compras, poupar energia (ex: não deixar a TV em stand-by nem deixar as luzes ligadas desnecessariamente), enfim…pequenos gestos que muitas vezes só não fazemos por preguiça ou falta de atenção. De facto nem todos têm em conta estas pequenas atitudes pró-ambientais, mas creio que grande parte das pessoas reconhece a sua importância e admite que o deveria fazer, principalmente os jovens.
Qual não foi o meu espanto hoje, quando ao falar sobre o ambiente com os meus alunos de 16 anos me deparei com as mais absurdas reacções. “Eu? Reciclar? Dá muito trabalho!”; “Não há ecopontos à porta de casa, acha que vou andar com os sacos na mão até ao próximo ecoponto?”; “É «stôra», já viu o que era eu levantar-me da cama para tirar a TV do stand-by? Não faltava mais nada!” De facto fiquei estupefacta com as declarações da turma que nem depois de um empenhado discurso de sensibilização para as questões ambientais mudaram de opinião. Dizia uma aluna: “Proteger o ambiente para quê? Posso morrer amanhã, não vale a pena o trabalho.” Pergunto-me: são estes os jovens do futuro?
Apesar de existirem várias turmas como esta, decerto não representarão a maioria das turmas de adolescentes deste país. Assim espero, pois se os jovens não se preocuparem com o mundo em que vivem o que será do seu futuro?
sexta-feira, 6 de outubro de 2006
The "Collor" of money
Refrescando a memória, Collor viu o seu mandato como alvo de cassação pelas duas câmaras do Congresso, na sequência de um escândalo de corrupção que atingiu toda a sua esfera próxima, Primeira Dama e secretária incluídas. Na altura, ficou célebre o empresário PC (Paulo César) Farias que, ao que se demonstrou, financiava aquele por intermédio de depósitos em contas abertas para o efeito pela colaboradora presidencial.
O caso ganha ainda mais interesse ao recuperarmos uma das bandeiras eleitorais que levaram o político neoliberal a Brasília: a moralização da vida política (além do controlo da, então, galopante inflação).
Aliás, numa campanha magistralmente orientada para os media, ficaram célebres tiradas como o "vamos caçar marajás", que simbolizava uma guerra sem quartel aos privilégios injustificados da minoria abastada. Houve mesmo quem dissesse que a Rede Globo teve um papel de patrocínio oficioso da bem sucedida candidatura, que chegou a incluir momentos épicos como uma marcha debaixo de chuva abundante, que Collor insistiu em fazer, apesar de desaconselhado, e à qual viriam a juntar-se centenas de pessoas, à medida que a caminhada progredia.
O outro extremo do populismo de Fernando Collor é, como está bem de ver, o autismo dos conselheiros de Lula da Silva, que o afastaram dos debates televisivos, na recente primeira volta da campanha presidencial, facto que é, agora, reconhecido como eventual causa da necessidade de uma segunda volta.
Retomando o fio à meada, e provando que a memória pode ser curta (não é só por lá…), e embora modesto, eis um regresso de um ícone político brasileiro da década de noventa. E vendo bem, não é caso único, pois também Paulo Maluf (ex-mayor de São Paulo), já previamente detido e indiciado, foi eleito para a Câmara dos Deputados.
Por outro lado, o próprio Lula da Silva viu o seu staff encolher como camisola de algodão em máquina com programa de temperatura elevada, precisamente por casos sortidos de escandaleira.
Contudo, mais do que pensarmos que se trata de uma moda brasileira, devemos apenas sublinhar que, se já hoje é uma das economias potencialmente mais pujantes do mundo, o Brasil só terá a ganhar se eliminar esta chaga da sua vida pública.
Por cá* , preocupa-me que o "pacto para a justiça" não tenha abordado o tema. É certo, como li, que mais do que legislar, há que aplicar o normativo já existente (pena é que a preocupação de eficácia normativa se não estenda a outras leis feitas ou a fazer), mas também ninguém me convence de que o aspecto simbólico não é muito relevante; contam os sinais que o poder político envia, no caso, aos prevaricadores. Ter escolhido um lugar de destaque para a nossa "caça aos marajás" seria bom, sobretudo num meio político-empresarial-futebolístico em que me parece que nem toda a gente (aprecie o eufemismo, por favor) consegue explicar tudo o que tem, à luz dos rendimentos declarados.
Sem caça às bruxas, também aqui seria pedagógico dar à justiça gente que responda a algumas das perguntas que a vox populi faz, há muito tempo...
*Sem querer acusar o Presidente da República de plágio :) e sem desejar provar o que quer que seja, sublinho que este post corresponde a um artigo publicado no Diário "As Beiras" (Coimbra), a 4 de Outubro.