Depois de
Charles ter teorizado as suas origens, outro Darwin, o Núñez, coloca as
espécies no centro das nossas atenções, neste caso, como na generalidade do
planeta (da guerra ao clima), no sentido da degradação ou da involução da
espécie humana.
Nada se leia aqui contra o moço que,
pelo que vi e dizem, tem realmente jeito para o pontapé-na-bola.
E,
ainda antes da ordem do dia, “mea culpa”,
com certeza. Sou dos que “consome” avidamente partidas de futebol, sendo que,
até Fevereiro último (altura em que regressei ao País), como não existia a
pouca vergonha lusa de distribuir os jogos por três empresas de televisão sem
oferecer um pacote de desporto que as reúna (depois digam que somos mais
desenvolvidos do que Brasil, Venezuela e África do Sul…), via quase tudo o que
podia. Dito de outra maneira, com excepção destes meses desde que regressei,
alimentei a cornucópia de dinheiro em que se converteu o futebol actual.
Esse é o drama que vive, por
exemplo, a Briosa: falta dinheiro e influência no Centro de Portugal. Essa
também a razão pela qual, cada vez mais, será difícil uma vitória portuguesa na
Liga dos Campeões; mesmo com o fracasso (temporário, adivinho) da criação da
super liga europeia (num dos últimos assomos de romantismo tolerados aos
adeptos), a tendência é multiplicar o número de jogos, aumentando as receitas e
diminuindo a importância de um dia feliz dos adversários de menor dimensão
(mais frequente na Taça dos Campeões, quando eram rondas eliminatórias), bem
como restringir os ditos adversários a empresas da mesma dimensão (sim,
empresas; não foi lapso).
Dinheiro é tudo o que está em jogo
para as fábricas de futebol e seus patrocinadores, conduzindo o desporto à
exacerbação mediática e os dirigentes a declarações ridículas e poses
histriónicas, entrando ainda pela casa adentro comentadores televisivos espumando
e ostentando uma fúria quase símia que se torna tanto mais impressionante
quando, conhecendo eu um ou dois, são profissionais com responsabilidades
elevadas na “vida real” e passam a imagem de cidadãos cordatos.
Tudo me soa a escalada e os mais
recentes episódios de confrontos entre adeptos – seja ou não causa directa
determinada partida de futebol – são o corolário lógico da orgia de dinheiro,
obscuridade e desmando, continuando a manchar o desporto e a esperança de
termos uma sociedade decente.
Darwin – voltando ao princípio – é
um jovem que segue um sonho e tem talento inequívoco, nada havendo a
apontar-lhe. O que sim me despertou a atenção foi a coincidência dos nomes e o
retrocesso que representa, num mundo repleto de carências e problemas de
sustentabilidade, falarmos de 75 a 100 milhões de euros pelo contrato de uma só
pessoa. O futebol já não é o desporto do povo; horas e dias das partidas, preços
das assinaturas televisivas, dos bilhetes e das camisolas, e as decisões
fulcrais são factores para CEOs, agentes e outra gente que não almoça ao nosso
lado.
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