Procurando fugir
à repetição do que outros fizeram com uma qualidade que não poderia alcançar,
sobre as eleições autárquicas procurarei, desde logo, transmitir sensações que
me foram percorrendo ao longo de uma jornada feita de RTP Internacional e
outras fontes na Internet.
Desde logo, sobretudo do lado do PSD pareceu-me, embora digno
individualmente, colectivamente “de faca e alguidar” o afã de muitos derrotados
em assumirem a título pessoal as respectivas desfeitas… Não só era evidente o
castigo ao Governo (o Primeiro-Ministro reconheceu-o, com a sua honestidade
habitual) – assim tornando, no mínimo, os oradores em maus analistas políticos
– como o rasgar de vestes faria sentido em muitas outras coisas erradas que há
na política hodierna, categoria em que uma derrota democrática, seguramente,
não cabe.
Aliás, creio que algumas vitórias independentes também têm a ver com essa
decadência ética da vida pública, sobre a qual venho falando. Creio, porém, que
o fenómeno de rejeição partidária não explicará tudo sobre o crescimento de
listas independentes; entendo que “a coisa” se não faria sem que houvesse uma
clara apreciação das propostas e dos candidatos em casos como Matosinhos,
Portalegre ou Porto. Já no caso de Oeiras, como o vencedor com a humildade que
devem ter os que ganham reconheceu, terá havido um interessante fenómeno de
vitória por procuração, o que também diz bastante sobre a apreciação da obra
feita e sobre a lealdade do eleitorado aos que sente como seus.
Dentro da latitude de opinião que posso ter, diria sobre a vertente partidária
e em primeiro lugar, que houve, mormente no PSD, cuja realidade ainda vou
conhecendo, e sobretudo ao nível local, uma caça aos que pensavam por si
próprios e que não dependiam de qualquer aparelho para ter uma carreira
profissional. Consequentemente, pese embora se tenham partidos mais tranquilos,
o debate de ideias está empobrecido, como o está a auscultação fidedigna do que
pensam as nossas gentes.
Depois, creio que a tal culpa voltará a ser coisa em estado gasoso que se
esfumará em pouco tempo. Sem ponta de comoção assisti a muitos discursos de
derrota que sei que vão pertencendo a muitos que lá continuarão a carregar com
essa cruz que é estar no Parlamento ou outros lugares políticos, continuando a
impedir o rejuvenescimento de protagonistas.
No distrito de Coimbra, a evidência falará por mim, excepto, creio, numa verdade
que tenho como tal, mas a que muitos se encarregarão de fazer vista grossa:
creio que, daqui a quatro anos, o candidato à capital de distrito já está no
terreno de jogo e que é chegada a sua hora (com o meu aplauso frenético); assim
o próprio tenha método, paciência e ambição, já que a devoção a Coimbra ninguém
pode negar-lhe.
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