Portugal tem excelentes escritores e José Rodrigues dos Santos (JRS) está na linha da frente. “A Mão do Diabo”, o romance ilustrado na fotografia é um belo exemplo.
Bem escrito, escorreito, é aquele tipo de leitura de que
se gostaria ainda mais, não fosse a temática em torno da Segunda Grande
Depressão, ou se preferirem, crise das dívidas soberanas.
JRS entretém e informa, apresentando-nos uma descrição
pormenorizada sobre a forma como o euro e os países chamado periféricos (ou
Club Med) aqui chegaram. Melhor ainda, é ideologicamente transversal, fugindo
ao esquerdismo irresponsável por um lado, e ao neoliberalismo radical pelo
outro.
As respostas a muitas das perguntas que hoje
fazemos sobre a crise e cenários futuros estão bem descritas nas cerca de 600
páginas do calhamaço.
Aparte as teorias económicas e respetivo enquadramento,
que são reais, o resto é ficção. Mesmo assim, sendo “ficção” (entre aspas, com
o autor o afirma), o retrato que faz dos políticos europeus é avassalador.
Para a narrativa, (repito narrativa e não autor) são todos corruptos, não tendo
descortinado uma única personagem da história ligada à política que fosse
honesta ou que mostrasse preocupação com a “massa do povo”!
Os políticos que se defendem, se assim o entenderem. Quanto à prosa, é leitura recomendada. Para não fugir à temática, sigo para Madrugada Suja.
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