terça-feira, 31 de julho de 2012
quinta-feira, 26 de julho de 2012
O estado dos Estados
Tendo como princípio que todas as
profissões são importantes, pois dependemos uns dos outros para a vivência em
sociedade, queria todavia realçar o que disse a Daniela Mercury numa entrevista
à RTP aquando da sua passagem por Portugal para promover o Rock in Rio 2012:
“em democracia, a profissão mais importante é a de político”.
Salvo medianas exceções diria que os políticos
não costumam ter, por norma, indicadores de confiança esmagadoramente
abonatórios junto das suas populações; especialmente depois da chamada
democratização e massificação da informação. A consequência óbvia é que no
geral os ciclos de governação política passaram a ser cada vez mais curtos, e
esta “eurocrise” veio confirmá-lo.
Esta crise que envolve vários
países europeus tem vindo a tornar perigoso (e muito) o estado de alguns
Estados! Mudou de forma dramática os seus semblantes em pouco mais de um ano e
tem vindo a demonstrar as fragilidades de alguns governos europeus, algo que
aliás já seria de esperar, a partir do momento em que se decidiu juntar na
mesma equipa jogadores com qualidade para a Liga dos Campeões e outros que
muito dificilmente arranjariam lugar na Liga Orangina portuguesa!
Sabia-se que os mercados eram
imperfeitos, mas mesmo assim “quisemos” uma União Monetária sem antes
salvaguardar uma União Política. O resultado está vista de todos: ficámos com
uma Europa que para além de não se entender, está dividida entre ricos e pobres,
e normalmente quem é rico, manda.
Hoje temos Estados que gastaram
mais do que tinham e acabaram por perder a sua soberania, tendo agora de se curvar
perante medidas de ajustamento previstas em documentos/memorandos, aos quais
têm de se sujeitar e explicar às suas populações, que legitimamente duvidam das
receitas impostas, porque os Estados per si não controlam todas as variáveis e
percebem que estes não são problemas resolúveis país a país, mas sim globais,
sob pena de estarmos a percorrer as peças do dominó.
Temos Estados sujeitos à
especulação dos chamados Mercados (que a esmagadora maioria ainda não percebeu
bem o que são!) e da avaliação que umas empresas americanas que entre o seu core business se dedicam a avaliar a
capacidade que os Estados têm em pagar as suas dívidas, mas que no entanto mais
não são do que uma autêntica gatunagem do “rating” e uma cambada de
incompetentes (vejam o documentário “Inside Job” e percebem o que vos digo).
Pior ainda, andam à solta e não há quem os coloque em su sítio.
Perante todo este cenário, aqui
descrito numa versão minimalista, agora pergunto-vos: qual será a profissão
mais importante em Portugal nos dias de hoje? Será que a Daniela Mercury tem
razão? Se sim, agora imaginemos o tamanho da empreitada que têm pela frente
tendo em consideração a dimensão política e financeira de um país como Portugal?
Há épocas em que precisamos de Estadistas,
e não de políticos.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
QUEM REPRESENTA QUEM ?
Porque é que nos regimes democráticos, os governos têm tanto medo de
exercer o poder executivo para o qual foram eleitos?
Esta questão suscita-me algumas observações e dúvidas e por isso recorro a alguns exemplos:
Por ironia do destino, o resultado da última greve dos profissionais de saúde, inédita porque juntou sindicatos e ordem na defesa de interesses corporativos, redondou em dois dias de excelente negócio para hospitais e clinicas privadas e é assim que que se quer defender o SNS retirando-lhe receitas.
Certeza: Estas observações e dúvidas, aplicam-se a todos os sindicatos e ordens sem excepção e para as quais a maioria do POVO Português não foi chamado a pronunciar-se.
A democracia tem destas coisas. Quando pensamos que votamos e elegemos um governo para conduzir os destinos do País, não estamos mais do que a eleger um conjunto de personalidades em que a principal função é negociar e encontrar equilibrios neste imenso turbilhão de interesses. No fim, quem paga sempre é o elo mais fraco, o POVO.
Esta questão suscita-me algumas observações e dúvidas e por isso recorro a alguns exemplos:
Segundo os sindicatos dos transportes públicos, as greves que fazem e as
reivindicações que apresentam, são sempre em defesa dos utentes e da qualidade
dos transportes públicos.
Dúvida: Estes sindicatos representam os utentes ou os interesses dos trabalhadores
dos transportes públicos?
Segundo o sindicato dos médicos, enfermeiros e auxiliares de saúde, as
greves que fazem e as reivindicações que apresentam, são sempre em defesa dos
utentes, do SNS e da qualidade dos serviços que prestam
Dúvida: Estes sindicatos representam os utentes ou os interesses dos
profissionais ligados à saúde?Por ironia do destino, o resultado da última greve dos profissionais de saúde, inédita porque juntou sindicatos e ordem na defesa de interesses corporativos, redondou em dois dias de excelente negócio para hospitais e clinicas privadas e é assim que que se quer defender o SNS retirando-lhe receitas.
Certeza: Estas observações e dúvidas, aplicam-se a todos os sindicatos e ordens sem excepção e para as quais a maioria do POVO Português não foi chamado a pronunciar-se.
A democracia tem destas coisas. Quando pensamos que votamos e elegemos um governo para conduzir os destinos do País, não estamos mais do que a eleger um conjunto de personalidades em que a principal função é negociar e encontrar equilibrios neste imenso turbilhão de interesses. No fim, quem paga sempre é o elo mais fraco, o POVO.
O preço incerto
Se a vida se resumisse a um concurso televisivo, o preço das coisas seria coisa de somenos importância. Como assim não é, vale a pena perguntarmo-nos, ainda que retoricamente, por que é que o dinheiro adquiriu um papel que o passou de meio de pagamento a centro da nossa existência. Volto a dizer que o “ter”, tristemente, manda no “ser”…
Vem isto, evidentemente, a propósito da crise que vivemos e sobre cuja dimensão gostaria de dizer que, apesar de a angústia ser a sensação dominante, estará bem longe de significar o fim do nosso modelo civilizacional ou sequer a rendição de um povo que sempre arranjou maneira de superar as piores dificuldades, tenham elas a forma de exércitos castelhanos ou napoleónicos ou mesmo a actual roupagem engravatada do FMI que, ao que sei, veio e foi com naturalidade nas anteriores passagens pelo nosso País.
Porém, algumas questões vão ficar como marcas desta “guerra”. Em primeiro lugar, creio que, dada a inversão da pirâmide etária (cada vez menos gente a trabalhar para suportar cada vez mais gente que atinge a idade da reforma), teremos todos que trabalhar até mais tarde, acompanhando aliás a maior longevidade que nos deu a extraordinária evolução da medicina. É, neste caso, a sustentabilidade da segurança social que se joga.
Onde a compreensão me começa a falhar em relação ao que tenho ouvido e lido é quando se diz que temos salários altos. Se me dizem que se limitaram a olhar os recibos de vencimento de alguns jogadores de futebol ou dos gestores de topo, mesmo aí direi que o problema reside na generalização, pois se alguns valem o dinheiro que ganham, muitos mereceriam pouco mais do que o salário mínimo. O problema é que me parece que os doutrinadores da “tesourada” no vencimento falam da população portuguesa activa em geral, o que me sugere uma pergunta com assumido e alto teor de ignorância: se a maioria das pessoas já tem que cortar em coisas essenciais e tem dificuldade para viver com conforto (só me vem à cabeça, por exemplo, o gasóleo a quase euro e meio!...), como propõem os génios da finança que as pessoas façam mais do que sobreviver, se um qualquer governo os levar a sério?!
E, depois, surge o meu eterno dilema em relação à Saúde: se todos concordamos que o nosso Sistema Nacional de Saúde é de elevada qualidade (depois de viver no estrangeiro, confirmo-o sem rodeios), por que razão não encontramos alternativas para o financiar? Bem sei que todos pagamos impostos para o suportar. Contudo, se tal se revela insuficiente, por que não pensar num pagamento adicional por utilização devidamente adequado ao nível de rendimento do utente? Creio que é preferível do que a rendição ao mercantilismo dos seguros de saúde…
domingo, 22 de julho de 2012
Será que conseguimos separar o trigo do joio?
Há uma história que ouvi há uns anos numa conferência que nunca mais esqueci e que tem a ver com este vídeo que gostaria que assistissem (demora cerca de dois minutos e meio).
Tudo parece normal. Quantas vezes nos
deparamos com os chamados “artistas de rua”, alguns com muito talento mas que
devido ao stress do dia-a-dia os ignoramos, seguindo nosso caminho.
Com este violinista aconteceu precisamente o mesmo
no metro de Washington, e nem as 6 peças de Bach que tocou durante 45 minutos
fez com que as cerca de 1100 (aprox.) pessoas que passaram pela estação fossem dissuadidas
de irem onde quer que fossem.
Esta seria uma história igual a tantas
outras, não fosse o violinista… Joshua
Bell, um dos músicos mas conhecidos e talentosos do mundo que esgota salas por
onde quer que passe e cujos bilhetes por espectáculo rondam os 100 USD.
As
interpretações podem ser várias… Como referido em epígrafe, podemos perguntar se
conseguimos separar o trigo do joio? Ou então, se temos a capacidade de
distinguir o talento em locais inesperados? Porém, para mim, a conclusão é muito simples: “um bom produto não é suficiente”.
terça-feira, 17 de julho de 2012
LIDERAR PELO EXEMPLO
Longe vão os
tempos em que embuídos de um espirito de missão, PSD e CDS acordaram numa
coligação com o grande objectivo de tirar Portugal da bancarrota. Esta grande
cruzada, implicava sérias e profundas reformas estruturais, que para uns
representariam o fim de algumas regalias injustificadas e para outros, a
oportunidade de actuar num mercado mais justo e mais transparente. Passado 1
ano, aquilo que esteve na base desta grande cruzada e que implicou grandes
sacrifícios por parte do povo Português, mostra sinais preocupantes de
desagregação, senão vejamos:
- Finalmente, o
caso Miguel Relvas, que o Primeiro-Ministro tarda em perceber que quanto mais
tarde o substituir, maiores vão ser os estragos. Sem querer cometer alguma
injustiça e corrijam-me se estiver errado, a fama vem de longe. Numa rápida
pesquisa pela internet, é fácil descobrir notícias e fotocópias de jornais com
mais de 20 anos, que atestam o quão habilidoso é este político. Desde moradas
falsas enquanto deputado para compor um pouco mais o salário, ao envolvimento na famosa questão das viagens fantasmas e agora, passados 20 anos e
com apenas 1 ano de governo, já se lhe conhecem outras façanhas pouco
recomendáveis e das quais cito apenas algumas:
- O governo é uma
equipa, que para ter sucesso, tem que comungar dos mesmos princípios, valores e objectivos. Percebemos hoje, que no
seio do governo a partilha destes valores é inexistente e a escassa presença de
governantes no último conselho Nacional do PSD é bem uma prova disso. De um
lado governantes ainda imbuídos do espírito de missão que comungam dos mesmos
valores e do outro, governantes com maior peso político e consequentemente com
vícios, hábitos e procedimentos numa lógica partidária que acreditávamos estar
em decadência.
- O chumbo do
Tribunal Constitucional é mais um motivo de desagregação. De um lado o
Primeiro-Ministro e o Ministro das Finanças, querem cumprir as metas do défice
através de medidas que ofereçam mais garantias, entenda-se distribuir o esforço
pelo público e pelo privado e do outro Paulo Portas e o CDS, dando a entender
que os privados não devem ser chamados a mais sacrifícios e que os esforço tem
que ser feito só do lado da despesa publica. Alias esta opção teve muito
recentemente um apoio de peso, o FMI.
- O fim das
empresas públicas, fundações, institutos e afins, que não cumpram determinados
critérios e rácios, no fundo que não tenham razão de existir. A oposição no
seio dos 2 partidos é enorme, porque se acabam os lugares de nomeação política
e consequentemente as oportunidades para os que não tem curriculum ou
experiência profissional, aspirarem a uma vida melhor sem que para isso lhes
seja exigido qualquer competência.
a indicação de inúmeros Jotas e PSD's
sem qualquer curriculum para lugares chave deste governo, o infeliz episódio
das secretas, em que as contradições foram o que de mais relevante ficou na
memória dos Portugueses, a questão do Jornal Público e o relatório da ERC, que
depois de muito esforço para demonstrar alguma independência não deixa de
condenar a atitude do Ministro, imiscuiu-se na escolha do gestores para o Metro
do Porto e STCP, desautorizando o Ministro Alvaro Santos Pereira que tutela
esta área e finalmente o episódio das equivalências e da licenciatura "Batman".
Miguel Relvas não
é só um mau exemplo para a sociedade, como também não deixa confortáveis muitos
dos seus colegas de governo, que não se identificam com estas práticas menos
próprias e recomendáveis. Com esta atitude muito Portuguesa ao estilo de governos
de má memória, não é parte da solução mas sim o problema, que Pedro Passos Coelho
terá que resolver rapidamente.
Se o Primeiro-Ministro é o líder que penso que é, não deixará de colocar o interesse
Nacional à frente de qualquer outro, porque numa altura em que são pedidos
tantos sacrifícios, em que o horizonte é incerto e as dúvidas são muitas, tem
que surgir alguém que lidere pelo exemplo, aglutinando o Povo Português em torno de um
objectivo comum, debaixo de princípios como o rigor e a transparência, tão
enunciados durante a campanha eleitoral.
Inconscientemente, Miguel Relvas está a resistir
tanto e a tal um ponto, que quando sair, sairá pela porta dos fundos, a tal ponto, que quando regressarmos de férias nos fique a sensação de que foi de férias e já não voltou.
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