Tendo como princípio que todas as
profissões são importantes, pois dependemos uns dos outros para a vivência em
sociedade, queria todavia realçar o que disse a Daniela Mercury numa entrevista
à RTP aquando da sua passagem por Portugal para promover o Rock in Rio 2012:
“em democracia, a profissão mais importante é a de político”.
Salvo medianas exceções diria que os políticos
não costumam ter, por norma, indicadores de confiança esmagadoramente
abonatórios junto das suas populações; especialmente depois da chamada
democratização e massificação da informação. A consequência óbvia é que no
geral os ciclos de governação política passaram a ser cada vez mais curtos, e
esta “eurocrise” veio confirmá-lo.
Esta crise que envolve vários
países europeus tem vindo a tornar perigoso (e muito) o estado de alguns
Estados! Mudou de forma dramática os seus semblantes em pouco mais de um ano e
tem vindo a demonstrar as fragilidades de alguns governos europeus, algo que
aliás já seria de esperar, a partir do momento em que se decidiu juntar na
mesma equipa jogadores com qualidade para a Liga dos Campeões e outros que
muito dificilmente arranjariam lugar na Liga Orangina portuguesa!
Sabia-se que os mercados eram
imperfeitos, mas mesmo assim “quisemos” uma União Monetária sem antes
salvaguardar uma União Política. O resultado está vista de todos: ficámos com
uma Europa que para além de não se entender, está dividida entre ricos e pobres,
e normalmente quem é rico, manda.
Hoje temos Estados que gastaram
mais do que tinham e acabaram por perder a sua soberania, tendo agora de se curvar
perante medidas de ajustamento previstas em documentos/memorandos, aos quais
têm de se sujeitar e explicar às suas populações, que legitimamente duvidam das
receitas impostas, porque os Estados per si não controlam todas as variáveis e
percebem que estes não são problemas resolúveis país a país, mas sim globais,
sob pena de estarmos a percorrer as peças do dominó.
Temos Estados sujeitos à
especulação dos chamados Mercados (que a esmagadora maioria ainda não percebeu
bem o que são!) e da avaliação que umas empresas americanas que entre o seu core business se dedicam a avaliar a
capacidade que os Estados têm em pagar as suas dívidas, mas que no entanto mais
não são do que uma autêntica gatunagem do “rating” e uma cambada de
incompetentes (vejam o documentário “Inside Job” e percebem o que vos digo).
Pior ainda, andam à solta e não há quem os coloque em su sítio.
Perante todo este cenário, aqui
descrito numa versão minimalista, agora pergunto-vos: qual será a profissão
mais importante em Portugal nos dias de hoje? Será que a Daniela Mercury tem
razão? Se sim, agora imaginemos o tamanho da empreitada que têm pela frente
tendo em consideração a dimensão política e financeira de um país como Portugal?
Há épocas em que precisamos de Estadistas,
e não de políticos.
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